sábado, 23 de março de 2013

Eugenia: uma busca de burilamento humano como se faz na Arte?

Eugenia: uma busca de burilamento humano como se faz na Arte?

Eugenia é um termo criado por Francis Galton que significa 'bem nascido'. Para ele é o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as gerações futuras física ou mentalmente. A busca pela perfeição sempre foi inerente à raça humana em todas as suas criações, entretanto quando essa busca reflete-se no próprio homem pode desencadear uma série de equívocos. O documentário 'Homo Sapiens 1900' traz algumas dessas incoerências do pensamento científico de um dos séculos em que a humanidade mais avançou em conhecimento.
 
"A imagem do homem revela o que o distingue dos outros seres: sua habilidade em observar a si próprio. É a sina do homem que ele não só se contente com o que vê, mas que se aborreça com suas imperfeições físicas e mentais." - Homo Sapiens 1900
4.jpg
'Homo Sapiens 1900' é um documentário do diretor sueco Peter Cohen, lançado em 1998, feito com arquivos de fotos e trechos de filmes para narrar a tentativa de 'higiene racial' que atravessou a Europa na passagem do século XIX para o XX. Sabidamente, o século XIX foi um século de grandes modificações para toda a humanidade, movimentos de independência, a invenção da lâmpada incandescente por Thomas Edison, a primeira iluminação urbana em Paris, a Revolução Liberal na França, a publicação de Darwin de a 'Origem das espécies' que revolucionou o mundo científico à época, a publicação do manifesto comunista de Marx etc. Uma sensação de evolução era palpável por todos.
2.jpg
O racismo científico foi uma tentativa dos cientistas da época de explicar as diferenças básicas entre os seres humanos. Em 'Homo Sapiens 1900' fica claro, os mais diversos cientistas que, em lugares diferentes da Europa, trouxeram caráter de ciência ao pensamento comum, à época, de que havia uma diferença biológica para a inferioridade entre as raças humanas. Na Suécia, por exemplo, fora criado um Instituto de Biologia, que fez reviver as pesquisas das origens raciais suscitadas inicialmente pelos Alemães, além de seus ideais científicos, havia o orgulho de manter limpo seu sangue nórdico, dados antropológicos e características étnicas eram avaliadas pelo Instituto, afim de estabelecer padrões para o posterior aperfeiçoamento da raça. Não obstante, a 'higiene racial' foi integrada ao movimento na política social sueca, indivíduos com características inferiores deveriam ser proibidos de se reproduzir e a seleção de crianças também foi adotada.
6.png
5.jpg
No documentário, é nítida a grandiosidade que o ideário de higiene racial havia ganhado por toda a Europa e, além dela, ganhava força no mundo. Um dos exemplos mais gritantes dessa busca por um aprimoramento da raça humana, é quando nos é apresentado o Dr. Haiselden que se recusava a operar bebês recém-nascidos com deficiências ou doentes baseado na premissa: “às vezes, salvar uma vida é um crime maior que tirá-la.” Acreditava-se, numa busca quase insana, em um surgimento de uma raça ariana, que, mais tarde, iria influenciar Hitler.
1.png
A lei de esterilização foi também um dos métodos adotados por diversos países. Na América do Norte, Charles Davenport, biólogo e zoólogo, defensor do pensamento eugenico pregava que era preciso eliminar traços hereditários inferiores, foi, então, estabelecida uma lei de esterilização compulsória que obrigava indivíduos com características inferiores de inteligência, comportamento, entre outros, para o padrão da época, a fazerem a esterilização.
6.jpg
Tal busca por aperfeiçoamento da raça humana, eliminando seres menos dotados de capacidades físicas ou intelectuais justificava também a escravidão dos negros e dos índios. No Brasil, por exemplo, posteriormente, falava-se em embranquecimento como forma de salvação da civilização que nascia. É claro que, à época, não se pensava, pelo menos naquele momento, na incoerência que era o desejo de controlar uma raça humana tornando-a perfeita.
7.png
No período Clássico da Arte Grega, por exemplo, buscava-se à perfeição e a inteligência, o artista grego criava uma Arte de elaboração intelectual em que predominava o ritmo, a busca incansável pela simetria, pelo racionalismo e o amor à beleza. O período Clássico influenciou tantas outras correntes artísticas ao longo dos séculos, e, notadamente, influenciou também movimentos como o racismo científico. Predomina na mente humana o ideal inalcançável de simetria, neste caso manifestado expressamente no desejo de controlar a raça para aperfeiçoá-la.
3.jpg
A eugenia representa, sem dúvida, uma tentativa da própria raça humana de eliminar as imperfeições, expressando perfeição e excelência, burilar a si mesma. Com os avanços científicos contínuos a eugenia perdeu sua força na comunidade científica, mas deixou no mundo as mazelas de uma busca desordenada pela perfeição que, como sabemos, representou um dos maiores genocídios da história da humanidade com o Nazismo de Hitler.
8.png

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por sua opinião