por Pablo R. Bazarello em 27 de jul de 2012 às 21:24
Um dos filmes mais esperados em anos finalmente chega aos cinemas. A conclusão da épica trilogia, baseada no personagem dos quadrinhos criado na década de 30 por Bob Kane, orquestrada pelo cineasta sensação Christopher Nolan. A primeira vez que o personagem atingiu a tela grande com um tratamento sério e adulto (violento e sombrio), foi no final da década de 80, pelas mãos do então novato diretor Tim Burton.
Após dirigir mais um episódio, Burton foi afastado da série pelos
executivos do estúdio, dando origem para a era desastrosa dos filmes
criados por Joel Schumacher (cujo “Batman & Robin” é considerado uma
das piores obras cinematográficas de todos os tempos), que quase
acabaram com a carreira do herói nos cinemas (pelo menos a retardou por
anos).
Em 2005, Nolan recomeçava a história nas telonas, e era prezado como a versão correta, e melhor investida no universo do personagem no cinema até então. A seguir com “O Cavaleiro das Trevas”, Nolan se superava e entregava uma obra-prima estimada por todos os amantes do cinema. Críticos na época faziam propaganda para que o segundo filme da série de Nolan fosse inclusive indicado ao prêmio máximo do cinema, o Oscar de melhor filme. Dizem que foi a não indicação de “O Cavaleiro das Trevas” que fez a Academia reavaliar e reestruturar a quantidade dos filmes indicados, aumentando para dez ao invés de apenas cinco.
Uma coisa é certa, “O Cavaleiro das Trevas” entra na lista de dez
entre dez críticos como uma das melhores obras cinematográficas da
última década, e é considerado o melhor filme baseado numa história em
quadrinhos. Tudo isso apenas para mostrar o poder que o segundo filme na
trilogia de Nolan possui, resumindo, a expectativa para o anunciado
terceiro e último, o fechamento de uma saga cinematográfica adorada, não
poderia ser mais alta.
Para começar devo dizer que será a minoria que irá considerar o novo “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” superior a seu antecessor. Mas isso não quer dizer nada. Afinal quantos filmes são superiores a ele. Isso não diminui em nada a qualidade do novo filme, que se não é superior ao menos chega bem perto, e isso é mais do que um elogio. Nos EUA, foram poucos os críticos que não se encantaram com a obra, e para todos eles o motivo foi a comparação com os filmes anteriores do diretor Nolan, “A Origem” e o citado "Batman" anterior.
Com quase três horas de projeção “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” se
move num ritmo eficiente, e se não acelera o tempo todo, faz suas
pausas necessárias para o desenvolvimento de um universo único e
peculiar. Também foi dito que Gotham City ainda se encontra numa eterna
metamorfose, após um design único em “Batman Begins”, se mudou para
Chicago em 2008, chegando até Manhattan, Los Angeles e Pittsburg nesse
terceiro filme. Nolan conta novamente com seu time na parte técnica, e
nesse aspecto o novo filme é impecável. A fotografia de Wally Pfister é
belíssima, e a música de Hans Zimmer continua empolgante.
Na trama, após oito anos de reclusão devido aos eventos narrados no filme de 2008, Bruce Wayne precisa voltar à ativa quando um novo terrorista chega a sua amada cidade. Trata-se de Bane, um musculoso anarquista que incita o caos, pegando a cidade como refém com o propósito de dividir a riqueza dos poderosos com o povo, algo como um Robin Hood moderno. Quem também entra na jogada é a ladra Selina Kyle, uma mulher inteligente e esperta, adaptável no submundo, ela é o páreo perfeito e a contraparte feminina para o protagonista. Aqui o nome Mulher-Gato nunca é mencionado.
Temos ainda a volta de Michael Caine como o mordomo Alfred (com menos
tempo em cena do que nos filmes anteriores, mas que entrega uma das
melhores e mais emotivas cenas ao lado do protagonista), Morgan Freeman
como Fox, e Gary Oldman como o honesto Gordon, que passa 1/3 do filme
entrevado numa cama de hospital. Christian Bale vive o protagonista
Wayne e seu alter-ego pela terceira vez. Muito se elogia os vilões da
série, mas Bale criou um Batman especial, que nos faz imaginar a tarefa
difícil que terá quem for segui-lo no papel.
O ótimo Tom Hardy (“A Origem”, “Guerreiro” e “Guerra é Guerra”) é o vilão Bane, tendo que interpretar com uma máscara que tampa grande parte de seu rosto o tempo todo. Hardy se sai extremamente bem, e cria um vilão memorável e ameaçador, como disse o crítico da Rolling Stone, Peter Travers: “o sujeito soa como Sean Connery atrás de um ar condicionado”.
A gatuna Kyle é vivida de forma sensual e eficiente pela talentosa
Anne Hathaway; a atriz e o diretor Nolan criam uma personagem, que
poderia recair na caricatura, crível e que funciona bem dentro do
contexto da história. Sem estragar demais temos as adições de Joseph
Gordon-Levitt (“A Origem”, “50%” e “500 Dias Com Ela”) e Marion
Cotillard (“A Origem”, “Contágio” e “Meia Noite em Paris”) com seus
personagens que são mais do que aparentam e estão intimamente ligados ao
passado e futuro da nova franquia.
Um diferencial que pode ser considerado superior a obra de 2008, é o uso de algumas reviravoltas intrigantes e inesperadas no roteiro escrito pelo diretor Nolan, e seu irmão Jonathan, que assim como o protagonista e sua arte da ilusão nos dá uma coisa para depois nos mostrar outra. Mesmo a obra sendo adorada, dificilmente irá existir uma moção para a indicação do novo filme ao Oscar como ocorreu com o segundo.
Seja como for, “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” te deixa grudado com
os olhos na tela aguardando o próximo passo, sabemos que é o fim, e
esperamos pelo pior. A conclusão te permite levar dela o que quiser, a
ambiguidade do desfecho criado por Nolan permite que o público mais
pessimista e o mais otimista se sintam satisfeitos. Acima de tudo, o
novo projeto de Christopher Nolan é um blockbuster corajoso, cuja série
redefiniu para sempre a maneira como os filmes de super-heróis serão e
podem ser vistos.
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