terça-feira, 28 de junho de 2011

Tarso e a Previdência Pública


É preciso pensar no Brasil

Excelente o texto do Governador Tarso Genro sobre as mudanças propostas para a previdência pública no RS (leia aqui).
Na conclusão, o governador afirma "A agenda do atual governo remete principalmente para o destino dos direitos conquistados pelos servidores - mantê-los com sustentabilidade - e para uma 'utopia concreta', como diria Ernst Bloch. A utopia de viabilizar os direitos de todos 'aqui e agora': para as próximas décadas. Sem assistir passivamente, como fizeram os socialistas gregos e portugueses, à decadência do Estado capturado por corporativismos subsidiados por toda a sociedade, pelos servidores de salários mais modestos, ou capturado pela tutela do capital financeiro, que transforma o Estado endividado - no momento em que a crise estoura - num ajoelhado devoto das receitas de cortar políticas sociais, salários, aposentadorias e investimentos. "
É esperado da oposiçãoque oponha às propostas do governo. Os fundos fictícios criados por Britto e Yeda não se destinavam à sustentar à previdência. Eram uma invenção para, no futuro, viabilizar o processo de privatização da previdência, através da constituição da previdência complementar. O problema está em as direções sindicais - corporativas, é bom que se diga - taxarem de neoliberal uma proposta que busca garantir a sustentabilidade do regime público de previdência.
Essa incapacidade em diferenciar o que é visão neoliberal de uma visão do papel e das condições do Estado em um mundo em transformação, deixou a esquerda europeia (mesmo que seja uma esquerda meia-boca) amarrada e incapaz de apresentar-se como alternativa consistente, como escreveu Tarso Genro. É bom que se diga que na Europa existem partidos de esquerda radicalizados. Alguns com visões muito semelhantes aos que taxam de neoliberal qualquer proposta diferente do catecismo de uma visão ultrapassada no tempo. Não é essa esquerda que está se aproveitando da crise gerenciada pela social-democracia europeia, mas a direita.
O Brasil vem construindo a ascenção de uma nova classe média. As classes C e B aumentam, baseados no emprego formal. O corporativismo do servidor público expressa-se quando as demandas da categoria sufocam as demandas da sociedade. Não é à toa que a sociedade em geral costuma ser crítica aos servidores e ao que considera privilégios (carga horária e estabilidade, por exemplo). Essa nova classe média, mas não só ela, vai se tornar cada vez mais exigente em relação aos serviços públicos. Enquanto isso, os servidores permanecem olhando para trás. Baseiam-se em discursos doutrinários e encaram o governante como um patrão (caso da presidenta do Cpers). Agindos assim, vão de encontro à sociedade e cavam um fosso cada vez maior entre esta e o servidor público.
Se a esquerda não fizer as reformas do Estado a partir dos seus pressupostos, a direita os fará, ou as mudanças acontecerão de modo incontrolável e contra a maioria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por sua opinião