De: Obvious
O homem está próximo de realizar uma das prováveis maiores descobertas do século. O lago Vostok representa possibilidades de resposta sobre questões essencias do nosso planeta - e até mesmo de outros.
O homem está próximo de realizar uma das prováveis maiores descobertas do século. O lago Vostok representa possibilidades de resposta sobre questões essencias do nosso planeta - e até mesmo de outros.
Faz parte da natureza humana a curiosidade, esta fascinante força motriz para a descoberta e, consequentemente, para o conhecimento. Habitamos um mundo que contém demasiadas espécies de vida, com as quais coexistimos sempre. E é de nosso feitio explorar, analisar e muitas vezes usurpar aquilo que queremos compreender. Com o lago Vostok a curiosidade não é diferente, mas o homem age com muita cautela na exploração deste lugar que pode conter informações preciosas e, até agora, únicas.
Em 1957, os russos estabeleceram uma remota base na Antártida, a estação Vostok, lugar este que teve a mais baixa temperatura da história do planeta registada pelo homem: - 89º C. Manter esta estação por questões logísticas, como suprimento dos integrantes, foi algo difícil e, se não fosse por causa do lago, o nome Vostok se perderia facilmente na história. O que aconteceu, entretanto, foi que nos anos 70 os britânicos sobrevoaram esta área utilizando um radar aéreo e, ao passarem pela estação Vostok, foi recebido um sinal compatível a um sobrevoou marítimo. Mais 20 anos foram necessários para que as suspeitas fossem confirmadas e assim um satélite apontou a existência de água 4 km abaixo da superfície. Um lago de 250km de comprimento e 50 km de largura (na sua parte mais larga).
A existência de água no lugar mais frio da planeta aparentemente não faz sentido, mas existe uma explicação geológica para isso: abaixo da crosta terrestre existe o que os geólogos chamam de manto, rochas de vasta profundidade e consistência viscosa, com temperaturas que variam de 600º C até 3.500º C (as lavas oriundas de atividades vulcânicas se formam nesta camada). Desta forma seria possível que, em épocas remotas, cataclismos criassem uma estrutura propícia para a formação de um lago abaixo do gelo. Acima do lago existe ainda uma espessa camada de gelo que serve como um isolante térmico, garantindo seu estado líquido.
O fascínio científico pelo lago Vostok deve-se à sua imaculada propriedade física. Acredita-se que sua água deva possuir mais de 500 milhões de anos e desta forma organismos primitivos como bactérias poderiam ter atravessado eras, protegidos completamente de qualquer tipo de exposição ambiental.
Uma importante questão levantada em torno das especulações sobre a vida no lago Vostok foi a da necessidade da luz para a existência de vida, uma premissa que já foi devidamente quebrada. Nas profundezas dos oceanos e de cavernas, onde a luz solar não consegue chegar, existem diferentes espécies de animais bastante ativos e com um organismo diferenciado. Normalmente de coloração transparente e cegos, estes peixes e insetos evoluíram eficientemente para sua sobrevivência, o que contribui para a hipótese de existência de vida no lago Vostok.
Outro indício ainda mais contundente foi a descoberta em 2005 de que o lago possui movimentação, correnteza. O posicionamento da lua e do sol alteram a sua superfície, fazendo com que ele expanda até 2 cm e, desta forma, compreendendo que movimento é energia, a tese da possibilidade de vida é mantida.
Essa possibilidade chamou atenção também da NASA, por um motivo bastante intrigante. Em nosso sistema solar, outros planetas também possuem luas e, no caso de Júpiter, existe uma lua em especial, chamada Europa, que contém uma superfície similar à da região da Antártida onde está o lago Vostok. Desta forma, a comprovação de vida nas profundezas da região gélida séria um importante indício da possibilidade de vida extraterrestre.
Em 2001, o laboratório Jet Propulsion começou a criar uma espécie de broca altamente sofisticada chamada “Cryobot”, que seria a chave para alcançar esta água intocada pelo homem e por todo ecossistema, e assim obter uma amostra segura sem contaminação. Pretende também lançar ao lago o “Hydrobot”, uma máquina que servirá como câmara submarina e mostrará o que contêm as misteriosas águas do lago Vostok, estando fadada a permanecer aí para sempre.
Entretanto, esta expedição tem um caráter extremamente minucioso, uma vez que o contato indevido da broca ou demais equipamentos com a água contaminaria toda a amostra, logo o resultado seria inválido e o estado primordial das águas estaria perdido para todo o sempre. É que a água estará intacta apenas uma vez (a tão famosa virgindade dando o seu ar da graça). A solução para o problema será a troca do aparelho usado nos últimos metros de perfuração, recorrendo a uma tecnologia de auto-esterilização.
Cryobot
No início de 2010, o líder da expedição russa, Valery Lukin, revelou que faltariam apenas 100 metros para alcançar a água, e o laboratório físico nuclear de São Petersburgo está criando os últimos equipamentos necessários para o ato final. Espera-se chegar à água na corrente expedição, de 2011-2012, quando todo o equipamento necessário estiver pronto para utilização. A perfuração continuará a uma velocidade de 4 metros por dia.
Questões universais como de onde viemos, para onde vamos, se existe vida em outro lugar, são comummente ouvidas a gente hipócrita fazendo voz esdrúxula para imitar um suposto filósofo, cientista. É uma reação medíocre (na média) desprezar aquilo que não compreendemos; no entanto, tem gente que leva isso a sério. Em breve estes cientistas poderão medir quão impactantes serão as provas obtidas no lago Vostok e assim dar continuidade a sua saga na busca de respostas. Boa sorte para eles, e que utilizem as informações com sabedoria, para o bem.
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