Xangô simboliza a justiça |
Casa da Força sustentada por Xangô. Esse é o significado de Ilê Axé Opô Afonjá. Reconhecendo e valorizando as ações que há mais de cem anos o Terreiro mantém em favor da preservação do culto aos orixás, o Ministério da Cultura por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan entrega na próxima sexta-feira, dia 11, às 14h30, a reforma da Casa de Oxalá e da Casa de Iemanjá, do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, na cidade de Salvador. O terreiro, tombado pelo Iphan em julho de 2000, recebeu investimentos de R$ 560 mil. O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida acompanha a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, na cerimônia, que conta ainda com a presença do governador do estado da Bahia, Jaques Wagner, e do superintendente do Iphan-BA, Carlos Amorim.
Luiz Fernando de Almeida ressalta que o trabalho realizado no Terreiro reafirma a postura do Iphan na mudança de conceito sobre o que é patrimônio cultural, lembrando que “todas as manifestações que contribuíram para a formação do país e da sociedade brasileira ao longo dos séculos são parte integrante do nosso patrimônio.
O Axé Opô Afonja é um dos terreiros mais importantes da Bahia. É dirigido por Mãe Stella de Oxossi, atualmente, a mais antiga e venerável mãe de santo em exercício. No Axé são preservadas tradições fundamentais para a religião de matriz afro-brasileira, sendo o sítio tombado um dos símbolos da resistência cultural dos descendentes dos africanos escravizados e também da sua contribuição à formação cultural do Brasil. Além disso, o Terreiro do Axé Opô Afonjá é um documento precioso da história da luta do povo negro para construir espaços de sociabilidade e de interação em meio às duras condições sociais legadas por séculos de escravidão,” afirma o presidente do Iphan.
Com as obras, as Casas de Oxalá e de Iemanjá do Terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá receberam nova estrutura de sustentação do telhado; reforma e recomposição de paredes e alvenarias; nivelamento e execução de novos pisos; readequação dos espaços internos; instalação de gás; revisão geral e execução de novas instalações elétricas e hidro-sanitárias; e pintura geral. Atualmente estão sendo feitas intervenções no Terreiro de Gantois, com reforma, ampliação e construção das novas acomodações para a Ialorixá, com o custo de R$ 242 mil.
O Terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá
O Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador, tombado pelo Iphan em 1986, é o mais antigo de que se tem notícia no Brasil e, segundo vários autores, serviu de modelo para todos os outros, de todas as nações. Um grupo dissidente do Terreiro da Casa Branca, comandado por Eugênia Anna dos Santos, a Mãe Aninha, fundou, em 1910, numa roça no bairro de São Gonçalo do Retiro, o Terreiro Kêtu do Axé Opô Afonjá. As edificações do Axé Opô Afonjá estão nas áreas mais planas, com destaque para os edifícios do barracão, do templo principal - contendo os santuários de Oxalá e de Iemanjá -, da Casa de Xangô e da Escola Eugênia Anna dos Santos. O restante ocupado pela área de vegetação densa que, nos dias de hoje, é o único espaço verde das redondezas.
O Axé Opô Afonjá mantém as características básicas do modelo típico do terreiro jejê-nagô. Esses mesmos elementos são encontrados nos terreiros da Casa Branca e do Gantois, apenas com uma diferença: no Axé Opô Afonjá o barracão é uma construção independente, ao passo que nos dois outros terreiros ele está incorporado ao templo principal. Desde 1976, Maria Stella de Azevedo dos Santos, a Mãe Stella de Oxossi, é a Ialorixá do Terreiro que, para ela, é hoje uma imensa casa de santo, considerado uma “pequena África” idealizada por Mãe Aninha.
Dos sete Terreiros de candomblé tombados pelo Iphan, seis estão na Bahia: Casa Branca, Ilê Axé Opô Afonjá, Gantois, Alaketu e Bate-folha, em Salvador, e Roça do Ventura, na cidade de Cachoeira, que recebeu a proteção federal em janeiro. No Maranhão, o Terreiro Casa das Minas Jejê foi tombado em 2005. Em outubro de 2009, após 25 anos da pioneira proteção do Terreiro da Casa Branca, a superintendência do Iphan-BA realizou o Seminário Internacional Políticas de Acautelamento do Iphan para Templos de Culto Afro-Brasileiros, discutindo políticas para os terreiros tombados. O superintendente do Iphan, Carlos Amorim ressalta que “a inauguração das Casas de Oxalá e de Iemanjá, do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, um ano após o Seminário é o início de uma série de intervenções importantes. A próxima é a entrega da restauração de parte do Terreio Ilê Iyá Omin Axé Iyá Massê, Terreiro do Gantois”. O superintendente lembra ainda que o Acordo de Preservação do Patrimônio Cultural – APPC, do PAC das Cidades Históricas, assinado em 2010 entre Iphan, Governo da Bahia e prefeitura de Salvador, inclui ações integradas de preservação e promoção do Patrimônio Cultural entre 2010 e 2013, prevendo intervenções nos Terreiros protegidos.
De: IPHAN
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