Texto que circula pelas redes sociais afirma que o professor é o único profissional no Japão que não precisa se curvar para o imperador. Será verdade isso?
O assunto não é novo. Apareceu na web em 2010, mas voltou a ser compartilhado no Facebook em outubro de 2013, em decorrência da comemoração do Dia do Professor (dia 15 desse mês).
De acordo com o texto, esse profissional do ensino seria o único que não precisa se curvar perante o soberano do Japão, pois “em uma terra onde não há professores, não pode haver imperadores!”.
Será que isso é verdade?
Texto afirma que o
professor não precisa se curvar diante do imperador no Japão! Será verdade?
Verdadeiro ou falso?
O texto é bem
bacana, mas é falso! O professor, assim como qualquer outro
profissional lá no Japão, se sente na obrigação de reverenciar
(como um sinal de respeito) seu imperador.
No blog Meu
Olhar Pelo Caminho, a psicóloga brasileira Fabiana (que mora há anos
em Nagoya – Japão) conta que essa história não passa de um dos
muitos boatos da web.
Fabiana conta em seu
blog que conversou com algumas japonesas (em 2012) e “elas disseram que
realmente o respeito do imperador com o professor é muito grande, porém, todas
as pessoas se curvam para o imperador, independente da profissão. O imperador é
o soberano, não teria como alguém chegar perto dele sem se curvar,
principalmente o professor (os outros morreriam de vergonha)”.
A psicóloga também
explica que, por respeito do imperador com o professor, pode ser que ele também
faça uma leve reverência, “o que seria uma grande honra”, diz ela.
O assunto também é
desmistificado por uma série de sites e blogs especializados na cultura
japonesa. O blog Japão25 reforça
que essa história de professores não se curvarem para imperadores é farsa!
Segundo o artigo do
Japão25, o professor é, sim, um cargo de muito respeito no Japão e
os japoneses dão bastante valor à educação, mas a veneração que eles têm pelo
imperador é tanta que fica evidente que ninguém que more lá possa se dar ao
luxo (ou ao desrespeito) de não cumprimentar o soberano , por mais importante
que seja o professor – diz o artigo -, pois – na cultura daquele povo – nada é
mais importante que o imperador.
Obrigação em público
O povo não é obrigado
a se curvar diante do imperador (quando esse está há metros de distância, em um discurso, por
exemplo). E são poucas as chances de um professor ficar próximo do soberano
(possivelmente, se for condecorado com alguma medalha ou for receber algum
prêmio do governo). Se isso ocorrer, a reverência é espontânea e mostra, como
já dissemos mais acima, um sinal de respeito.
O blog Tofugu esclarece (em
inglês) que há mais de um tipo de Ojigi (forma de cumprimento) entre o povo
japonês. Cada um para um tipo de reverência:
Formas de
cumprimentos! (reprodução)
Podemos dividi-la em 3
maneiras:
§ Eshaku: Forma bastante utilizada para
demonstrar cordialidade. A inclinação é feita em 15º.
§ Keirei: Forma padrão utilizada para
saudar amigos e familiares. A inclinação é feita em 45º.
§ Saikeirei: Forma utilizada para demonstrar
respeito perante pessoas socialmente superiores, tipo o Imperador. A inclinação
é feita à 75º
Caso você fique em dúvida sobre qual cumprimento usar em determinada
situação, o Tofugu sugere o arco de 30°. Esse não falha e serve pra tudo!
Conclusão
No Japão, os
professores também se curvam perante o imperador e não veem
nada de errado nisso!
Publicado em e-farsas
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