Órgão era uma das principais centrais da repressão militar e foi palco de torturas e mortes
Edison Veiga - O Estado de S. Paulo
SÃO
PAULO - O Arquivo Público do Estado de São Paulo deixará disponível
online, a partir da semana que vem, 274.105 fichas e 12.874 prontuários
produzidos pelo Departamento de Ordem Política e Social, o Dops-SP
(1923- 1983). O material, que equivale a cerca de 10% de todo o acervo,
poderá ser acessado no site www.arquivoestado.sp.gov.br.
Arquivo/AE
Antigo prédio do Dops em São Paulo
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O Dops paulista
foi uma das principais centrais da repressão da ditadura militar
(1964-1985), de onde o governo controlava e reprimia movimentos
políticos contrários ao regime. O local foi palco de torturas e mortes.
“É apenas o
começo. Continuamos o trabalho de digitalização e, nos próximos anos,
iremos disponibilizar todo o material”, afirma o coordenador Carlos
Bacellar. A divulgação oficial acontecerá em evento na segunda-feira no
Arquivo Público do Estado de São Paulo, com a presença do governador
Geraldo Alckmin (PSDB), palestra e mesa-redonda com especialistas.
O material
publicado online facilita o acesso do cidadão à documentação do Estado –
das fichas publicadas, boa parte é nominal, ou seja, fichas pessoais –,
e ao mesmo tempo abre uma fonte de pesquisa a estudiosos, jornalistas e
público em geral. Até agora, era preciso ir pessoalmente ao Arquivo do
Estado, no centro paulistano, para consultar esses documentos. Entre os
milhares de fichados, há muitas personalidades.
Acesse os livros com os registros de entrada e saída do departamento.
Volume 2 - 1º de fevereiro a 21 de março de 1972- http://migre.me/dTDiv
Volume 3 - 26 de outubro de 1973 a 22 de fevereiro de 1974 - http://migre.me/dTDj9
Volume 4 - 28 de fevereiro a 19 de junho de 1974 - http://migre.me/dTDjQ
Volume 5 - 25 de abril a 14 de junho de 1976 - http://migre.me/dTDkh
A digitalização e
publicação do acervo do Dops foi uma decisão administrativa do Arquivo
do Estado dentro do espírito da Lei Federal nº 12.527 – a Lei de Acesso à
Informação –, e do Decreto Estadual nº 58.052, que a regulamenta.
Guardiã do acervo do Dops – acessível fisicamente desde 1994 –, a
instituição acredita que a internet é uma ferramenta para democratizar
as informações. “O pesquisador não precisa se preocupar com horários de
funcionamento ou mesmo se deslocar”, comenta o coordenador. “Facilita
muito o processo.”
A Lei de Acesso à
Informação removeu alguns dos principais obstáculos à consulta livre do
Fundo Deops pela Internet. Logo no início do seu capítulo IV, que trata
das restrições do acesso, ela estabelece que “as informações ou
documentos que versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos
humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades
públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso”.
Sem obstáculos
legais, a digitalização e publicação deste material foi possível graças a
verbas provenientes de editais da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo), do Projeto Marcas da Memória da Comissão de
Anistia do Ministério da Justiça, e da Casa Civil da Presidência da
República (projeto Memórias Reveladas).
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