Por Paulo Muzell
Há dois anos, em novembro de 2010, a Câmara de Porto Alegre aprovou
um projeto que nós classificamos em texto veiculado neste mesmo RS
Urgente de um “generoso presente natalino”. Utilizando-se do surrado
pretexto de criar “estímulos” para a Copa de 2014, o Projeto de Lei
Complementar nº 10/2010 concedeu aumentos de índices construtivos de
40%, 60% e até 100% para os proprietários de hotéis, apart-hotéis,
centros comerciais, centros de convenção, shoppings, universidades,
escolas, clubes, centros esportivos e até igrejas que entrassem com seus
pedidos de ampliação na Prefeitura até 31 de dezembro de 2011.
Na prática, esta escandalosa “super emenda” revogou o que restava dos
frangalhos do plano diretor da cidade. Independente da falta de
seletividade do projeto, que trata de forma igual situações diferentes, à
medida que ignora as especificidades de cada empreendimento – se
localizado em zona rarefeita onde poderia se justificar o aumento de
área construída ou se em zona já altamente congestionada, com elevada
densidade demográfica, o projeto cede índices construtivos para o
empreendedor de graça. Transferência direta de patrimônio e de recursos
públicos para o setor privado, de “inhapa”, sem qualquer contrapartida.
Generosidade tamanha é difícil de compreender, só pode ser explicada
como coisa de “pai pra filho”.
Não satisfeito com o absurdo, o vereador Luiz Braz (PSDB) elaborou
emenda, também aprovada, que prorrogou o prazo do benefício por mais um
ano, até 31 de dezembro de 2012.
Pois neste final de legislatura o vereador Reginaldo Pujol (DEM) não
se esqueceu do “velhinho de vermelho”. Elaborou o projeto de Lei
Complementar n° 04/2012, pediu regime de urgência (artigo 81) e aprovou
na sessão deste dia 14, véspera do feriado da proclamação da República, a
prorrogação do prazo para apresentação dos projetos de ampliação até 31
de dezembro de 2013.
Votaram contra o projeto apenas cinco vereadores: Sofia Cavedon (PT),
Carlos Todeschini (PT), Beto Moesch (PP), Pedro Ruas (PSOL) e Fernanda
Melchiona (PSOL). O vereador João Dib (PP), líder do governo,
provavelmente constrangido, se absteve, acompanhado por DJ Cassiá (PTB) e
pelo Dr. Goulart (PTB). Ausentes do plenário não votaram: Maria Celeste
(PT), Mauro Pinheiro (PT) e Engenheiro Comassetto (PT). Adeli Sell (PT)
confirmou sua condição de integrante da “bancada do concreto” votando a
favor do projeto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por sua opinião