quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Os Falsificadores de Hitler

publicado em recortes por
Uma reunião no dia 18 de setembro de 1939, no altivo prédio do Ministério das Finanças do Terceiro Reich, tinha uma única pauta: o maior plano de falsificação de dinheiro de todos os tempos.
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© "Os Falsários".
Como tudo o que envolve o sinistro governo de Hitler, o plano era completamente megalómano. Os alemães pretendiam falsificar milhões de cédulas de libras esterlinas e depois colocá-las em circulação no mercado Inglês e demais colônias britânicas, a fim de causar um colapso no mercado financeiro ou no mínimo uma séria desvalorização de tal moeda. O plano ainda previa a atuação do famoso Ministério da Propaganda na acusação contra o Banco da Inglaterra, a quem seria atribuída a culpa pela distribuição das falsificações, alegando que essa atitude tinha como propósito esconder sua própria falência.

Mas por que atacar a libra esterlina? Primeiramente, pelo óbvio motivo de que se tratava da moeda de um inimigo do regime alemão. Porém, inimigos eram o que não faltava à nação de Hitler; o que melhor explica a escolha é algo anterior ao conflito. No período que se seguiu à Primeira Guerra Mundial, as moedas de todo o mundo sofreram por falta de confiança. Os países mais astutos, Alemanha incluída, percebendo a fragilidade do sistema monetário mundial, desvalorizavam a própria moeda para favorecer os produtos locais e elevaram tarifas alfandegárias, ou seja, o que se criou a nível mundial foi um sistema de comércio completamente desleal em que cada um visava o protecionismo e lucro a qualquer custo. Contudo, os ingleses foram na contramão desse processo: o que eles queriam era uma moeda confiável, por isso voltaram ao padrão-ouro, ou seja, a moeda era mais cara mas, em teoria, era a única confiável o suficiente para ser trocada por ouro. Tendo esse cenário como pano de fundo, a libra esterlina se firmou como moeda forte e tornou-se o alvo mais visado por falsificadores de todas as espécies.
Esses falsários atuavam no mundo todo; normalmente, eram artistas desiludidos com o incerto mundo das artes e que para não morrerem na miséria utilizavam seus dons artísticos para fins menos gloriosos. Como a Alemanha era uma das principais representantes da Comissão Internacional de Polícia Criminal, formada após a Primeira Guerra Mundial para rastrear atividades de falsários e contrabandistas nas fronteiras europeias (mais tarde daria origem à Interpol), a tarefa de encontrar e “recrutar” estes criminosos era simples.
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© "Os Falsários".
O mais famoso deles foi Salomon Smolianoff, um judeu russo que estudou pintura, mas a quem as guerras não pouparam. Primeiro, foi a Revolução Russa que obrigou sua família a fugir do país e, anos mais tarde, no início da Segunda Guerra, tendo sido descoberto nos seus golpes, foi levado para o campo de concentração de Mauthausen. Lá, ele se revelou um excelente retratista e chamou a atenção do oficial nazista Bernhard Krüger, que o transferiu para o campo de concentração de Sachsenhausen, onde estava para iniciar uma das operações mais ousadas da história deste conflito: a Operação Bernhard.
Tal ação contou com 142 falsificadores arrebanhados de vários campos de concentração que formaram uma equipe sediada em Sachsenhausen. Obrigados a se tornar “Kapos”, designação para aqueles que colaboravam com a SS dentro dos campos, eles produziram aproximadamente 132 milhões de libras em notas falsas. Além de algumas centenas de dólares.
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© "Os Falsários".
A operação só não obteve sucesso por falta de tempo. Antes de recrutar o famoso falsário, os alemães já haviam executado uma primeira tentativa do plano, mas não lograram sucesso. A libra esterlina não era uma moeda fácil de falsificar - feita de uma mistura de linho com urtiga, num papel que possuía um padrão muito específico, o que demandou grande tempo em pesquisas e tentativas falhadas. Além disso, neste primeiro intento, a equipe não era tão qualificada para tal trabalho e com isso demoraram demais para chegar a um resultado satisfatório em relação à marca d’água e selos presentes nas notas.
Quando finalmente as notas ficaram tão boas a ponto de serem confundidas com as verdadeiras, era tarde demais. No dia 6 de maio de 1945, os falsificadores de Hitler foram libertados pelo exército americano. A incrível história destes homens foi contada em livros, e teve seu enredo nas telas do cinema em 2007, no filme Os Falsários, de Stefan Ruzowitzky (em Portugal, Os Falsificadores).
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© "Os Falsários".
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© "Os Falsários".

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