Ministra cobra divulgação de mortos pela PM
ALANA RIZZO / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
A ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos,
Maria do Rosário, cobrou ontem dos governadores a divulgação de
informações sobre homicídios praticados por policiais. Na semana
passada, nove pessoas morreram em uma ação das Rondas Ostensivas Tobias
de Aguiar (Rota), em Várzea Paulista, realizada contra um "tribunal do
crime" de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Rosário ressaltou que há polícias que usam o termo "mortes em
confronto" para acobertar homicídios e extermínios. O Estado revelou,
também na semana passada, que o batalhão da Polícia Militar paulista
registrou o maior número de letalidade nos sete primeiros meses deste
ano desde 2006. Entre janeiro e julho, a Rota matou 60 pessoas - no
mesmo período daquele ano, foram 67. Questionado sobre a violência da
Rota, o governador Geraldo Alckmin afirmou que "quem não reagiu está
vivo".
Ontem, durante uma reunião especial do Conselho de Direitos Humanos,
em Goiânia, que investiga a atuação de grupos de extermínio em Goiás, a
ministra evitou polemizar o episódio de São Paulo. "Não estou mandando
recado para ninguém. Os autos de resistência são um problema em São
Paulo, em Goiás e no Brasil todo. Precisamos enfrentar o problema,
porque é uma prática recorrente", disse Rosário ao Estado.
O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CEDDPH),
presidido pela ministra, no entanto, divulgou uma nota manifestando
"perplexidade" diante das declarações do governador de São Paulo. De
acordo com o conselho, entre janeiro de 2010 e junho deste ano, foram
contabilizadas 2.882 mortes identificadas como "auto de resistência"
apenas em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio e Santa Catarina. Contra
essa realidade, a ministra disse que sua secretaria e o Ministério da
Justiça estudam mecanismos para superar os autos de resistência e
garantir a investigação das mortes.
Transparência. "Os governos estaduais devem divulgar os homicídios
praticados sob o manto do auto de resistência, tanto no caso em que
policiais são mortos quanto nos casos em que pessoas são atingidas por
policiais." Segundo Rosário, é preciso enfrentar a impunidade na
polícia. "Onde se instalam grupos de extermínio, onde o auto de
resistência é usado para acobertar homicídios frios e extermínios por
parte de agentes que deveriam preservar a vida, morre a polícia digna. E
aí quem venceu é o crime," destacou.
Rosário defendeu o monitoramento das viaturas por GPS, a criação de
uma polícia técnica independente do Comando-Geral e o fortalecimento das
Ouvidorias. "A população brasileira não aceita mais métodos da ditadura
militar, desaparecimento forçado, sequestro, ocultação de cadáver,
assassinato, execução sumária", disse Rosário
A ministra afirmou que vai encaminhar recomendações ao governo de
Goiás e criticou a ausência do governador Marconi Perillo (PSDB) na
reunião.
Concordo com a Ministra, entretanto,a meu ver, somente cobrar explicações não basta, faz-se necessário iniciar urgentemente um movimento nacional por mudanças na estrutura das polícias, principalmente a militar. É inaceitável que cidadãos civis sejam policiados por militares.
ResponderExcluir