Relatório aponta que 60% do carvão
vegetal utilizado vem de matas nativas e não de reflorestamento.
Exploração de trabalhadores marca produção nacional
Por Repórter Brasil
A produção de ferro-gusa e aço no Brasil tem em sua base problemas
graves que precisam de soluções urgentes e mudanças drásticas. É o que
aponta o estudo "Combate à devastação ambiental e ao trabalho escravo na
produção do ferro e do aço", feito pelas organizações Repórter Brasil
e Papel Social, a pedido de WWF-Brasil, Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social, Rede Nossa São Paulo e Fundación Avina. O
documento, resultado de mais de dois anos de pesquisas, foi apresentado
terça-feira, dia 12, durante a Conferência Ethos Internacional, em São Paulo (SP). Clique aqui ou na imagem abaixo para obter uma versão digital em PDF.
Com
exemplos detalhados e bem documentados, o estudo apresenta problemas
recorrentes no setor com especial atenção para o desmatamento e os
impactos provocados na Amazônia, Pantanal e Cerrado, bem como para os
casos de flagrantes de escravidão, que afetam principalmente
trabalhadores pobres sem alternativas de emprego e renda.
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Pesquisas
de campo realizadas em Brasília (DF), Montes Claros (MG), Rio Pardo de
Minas (MG), Várzea da Palma (MG), Sete Lagoas (MG), Belo Horizonte
(MG), Conceição do Pará (MG), Campo Grande (MS), Aquidauna (MS),
Marabá (PA), São Luís (MA), e Imperatriz (MA) permitiram não só traçar
e demonstrar a ligação direta entre algumas das principais fabricantes
de ferro e aço do país com a produção de carvão clandestino, como
também detalhar mecanismos comumente utilizados para driblar a
fiscalização.
Um exemplo é a lavagem de carvão, quando unidades
produtoras ilegais regularizam o produto com documentos falsos ou
apresentando a produção como se fosse de uma unidade regularizada. O
estudo também trata de reflorestamento de fachada, uso de terras
públicas, contrabando de carvão do Paraguai e de como o desmatamento e a
exploração do homem têm recebido apoio e investimentos públicos.
Foram
identificados grupos que usaram carvão vegetal de fontes que flagradas
produzindo de forma ilegal. Entre eles, Libra Ligas, Rotavi, Sinobrás,
Sidepar, Cosipar, Gusa Nordeste, Brasil Verde, Simasul, Vetorial, Grupo
Itaminas, entre outros. Essas empresas, enquanto processavam esse
carvão, estiveram conectadas comercialmente a grandes companhias como
ArcelorMittal, Cosipa, Gerdau, Mahle, Fiat, Ford, General Motors e
Volkswagen.
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