Há algum tempo solicitei aos defensores de Cuba que se manifestassem sobre as reformas que estão acontencendo na ilha (leia aqui). Acho que eles não leem meu blgo, ou não tinham resposta. Depois, publiquei um artigo de Atílio Borón, defendendo as mudanças, como um caminho necessário, fato vislumbrado por Fidel e Raul Castro. O artigo era interessante, mas seguia a velha linha de "qual é a orientação do Comitê Central?".
Hoje, li um artigo do historiador Mário Maestri sobre o tema. Maestri é um daqueles que a imprensa burguesa gosta de chamar de otodoxo. Maestri desanca as reformas cubanas. Indica o historiador que "A restauração capitalista em Cuba marcha veloz a um desmonte semelhante ao observado na antiga União Soviética e no leste europeu." Os argumentos são consistentes, mostram passo a passo as dificuldades do modelo cubano e sua desconstituição até chegar à demissão de 500 mil trabalhadores, "qualquer coisa como desempregar 10 milhões de trabalhadores no Brasil!". O artigo não aponta alternativas, nem eu as exijo do professor Maestri. O que fica, é a perplexidade diante do desmoronamento progressivo de um sistema que, bem ou mal, é o que se tem (tinha?) de socialismo na América Latina.
Sou um anticapitalista, o que me faz, de certo modo, um socialista. Porém, é difícil defender um projeto cuja prática tem sido desconstruída ao longo da história. A crítica ao capitalismo ainda é a maior força dos socialistas, pois a construção do socialismo não encontra nenhum paradigma concreto que possa entusiasmar seus militantes. O fato é que o capitalismo é auto-sustentável. Diante de um desequilíbrio, promove uma guerra, demissões em massa, enfim, destrói as forças produtivas e busca se reequilibrar. É cruel, é desumano, é egoísta, é terrível, mas é desse modo que ele tem sobrevivido.
Já o socialismo tal como o conhecemos, ao entrar em crises mais profundas destrói a si próprio. Essa destruição, através da aplicação de receitas contrárias a seus conceitos básicos deixa os socialistas perplexos. Daí a busca de fugas argumentativas e alternativas de militância como o slogan de "Um outor mundo é possível" (sá não sabemos bem qual é ele) e a atuação nas causas ambientais e diversos outros movimentos com potencial contestatório.
O socialismo é um ideal bastante pretensioso. Nenhuma formação econômico-social da história da humanidade se constitui de modo planejado anteriormente. Uma formação foi nascendo de outra, a partir da tentativa e erro e de lógicas econômicas e de sobrevivência social que podemos chamar de espontâneas. O socialismo não. Os socialistas, desde o início, pensaram no que iriam criar para superar a anarquia e a desumanidade do capitalismo. A dificuldade da empreitada fica demonstrada pelas encruzilhadas do projeto socialista no mundo de hoje.
Apesar de tudo, se me perguntarem em uma pesquisa se eu sou um socialista, eu direi que sim, para simplificar a resposta e somar mais pontos para o nosso lado. Porém, vamos e venhamos, a situação não tá boa pro nosso lado.
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