O encontro entre skinheads de extrema direita que
voltavam de um protesto de médicos e militantes de esquerda que
participavam do encontro do Foro de São Paulo terminou em pancadaria,
quatro pessoas levadas para a delegacia e a destruição de um bar,
quarta-feira à noite, no centro da cidade.
Segundo o boletim registrado no 78º distrito
policial, a polícia encontrou um canivete com um dos skinheads e um
explosivo no chão. Ainda de acordo com o boletim, um militante de
esquerda afirmou ter sido agredido e foi levado ao Instituto Médico
Legal para fazer exame de corpo de delito. Os skinheads negam a
agressão.
A confusão começou por volta das 22h de
quarta-feira. Um grupo de aproximadamente 25 skinheads passava pela rua
Martins Fontes depois de apoiar um protesto organizado por médicos
contra o governo federal enquanto integrantes do Foro de São Paulo
jantavam e tomavam cerveja em um bar ao lado do hotel onde acontece o
encontro dos partidos de esquerda.
O boletim não identifica quem começou a briga, mas
testemunhas que trabalham no local e não quiseram ter seus nomes
identificados disseram que os skinheads começaram a confusão. Eles
teriam provocado e xingado os militantes de esquerda que teriam
respondido com gritos de “fascistas”. Segundo relatos, um skinhead jogou
uma lata de cerveja e um esquerdista revidou atirando um copo.
“Eles chamaram uma menina do nosso grupo de puta e um dos
nossos respondeu de uma forma mais exaltada. Depois disso começou a
confusão. Chegaram a jogar uma cadeira em uma mulher de mais de 50 anos
que participava do Foro de São Paulo”, disse Renan Moreira, 26 anos,
militante de esquerda. “Todos tinham as cabeças raspadas e lutavam artes
marciais. Ninguém se machucou seriamente, mas fiquei com vários
hematomas”, completou.
A partir de então a confusão foi generalizada. Cadeiras e
garrafas voaram, a porta de vidro do bar foi quebrada. Quatro pessoas
foram levadas para o 78 DP, os direitistas Marco Antonio Boncompanho
Lieb, 30 anos, e R.M.M., 17 anos, que portava o canivete, e os
esquerdistas Ismael de Almeida Cardoso, 27 anos, e Renan Thiago Alencar
Moreira, 26 anos.
Lieb foi procurado, mas não atendeu os telefonemas. Em
sua página no Fabebook, ele se diz fã do deputado Jair Bolsonaro, grupos
anticomunistas e do movimento integralista, corrente ideológica
ultranacionalista brasileira que possui vínculos com o nazismo e o
fascismo.
O menor R. admitiu ser skinhead, mas negou ligações com o
nazismo. “Somos nacionalistas e integralistas. Não temos nada a ver com
os fascistas”, disse R., que faz parte do grupo Comando, da Zona Sul.
Ele afirmou portar o canivete para se defender de possíveis agressões de
grupos skinheads intitulados antifascistas como RASH (Red Anarquist
Skin Heads).
Os skinheads carregavam uma faixa defendendo a volta dos
militares ao poder com as siglas do Movimento de Combate à Corrupção
(MCC), Organização de Combate à Corrupção (OCC), Associação Nacional dos
Militares do Brasil (ANMB), grupos de direita que participaram dos
protestos de junho.
Desde a semana passada, integrantes destes grupos
convocam no Facebook militantes de direita a participarem de “ações”
contra o Foro de São Paulo.
Ninguém foi indiciado e a Polícia Civil não instaurou inquérito.
É prevista a participação do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e dos presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e Bolívia,
Evo Morales, no encontro do Foro que vai até domingo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por sua opinião