Para Vilella, esse homem foi assassinado por gente ética e honesta |
No dia em que o jornal Zero Hora publica documentos que comprovam o assassinato de Rubens Paiva em dependências militares, Guilherme Vilella publica, no mesmo jornal, um artigo intitulado "O silêncio dos soldados". No artigo, o atualmente vereador do PP em Porto Alegre afirma que "É indispensável lembrar que o militar brasileiro, ao revés_no poderou fora dele _,sempre tem conduta exemplar". Para ele, na atualidade "a sociedade brasileira assiste, emudecida, à
corrupção, aos escândalos, às distorções de conduta, aos subornos, à
falsidade e à falta de compostura política _ e tudo que faz sentir os
primeiros 'perfumes' da gradativa putrefação de uma sociedade doente". Na conclusão do artigo, um tom de ameça: "Sua formação, da
escola à caserna, está norteada para a devoção à pátria; para a
integridade e para a honestidade pessoais; para a ética; para a
hierarquia; para a ordem; e por valores éticos orientadores do seu
comportamento moral, pelo resto da vida _ motivo pelo qual, hoje, não
tendo sido convocado (sublinhado por mim), pode ser entendido o seu silêncio." Cabe perguntar: o vereador está sugerindo que os militares sejam chamados para "por a casa em ordem"?
O processo de escandalização da política (para o quê nossos políticos ajudam muito) permite que, por caminhos tortos, monte-se um discurso moralizante e golpista. O vereador Vilella (prefeito de Porto Alegre duas vezes indicado pela ditadura militar) tece elogios irrestritos ao comportamento e à moral "do militar" brasileiro no mesmo dia em que se desmascara uma das maiores mentiras da Ditadura: a pretensa fuga e desaparecimento de Rubens Paiva. O ex-deputado federal pelo PTB nunca realizou uma ação armada, mas era oposição ao Regime Militar. Por isso foi preso, morto e torturado em dependências do exército antes de ser "desaparecido".
O ex-prefeito biônico contrapõe aos escândalos e à corrupção a suposta superioridade dos militares a quem tanto deve gratidão. A direita brasileira continua a mesma: adula e incita os militares para tutelarem a política.
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