De: Jorge Werthein
Os
aspectos positivos e negativos do Programa Um Computador por Aluno
(Prouca), do governo federal, foram discutidos ontem (24) na
mesa-redonda 'Tablets, notebooks e computadores na escola: políticas
públicas em debate', realizada durante a 64ª Reunião Anual da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorre
em São Luís até sexta-feira (27).
Entre os aspectos positivos, foram ressaltados o aumento
da motivação de alunos e professores e o envolvimento de toda a
escola e da comunidade da qual ela faz parte com o programa. Quanto
aos negativos, destacou-se a falta de sintonia do Prouca com a
realidade das redes estaduais e municipais de educação,
desconsiderando as diferenças regionais.
O Programa Um Computador por Aluno tem como objetivo ser
um projeto educacional utilizando tecnologia e inclusão digital.
Para isso, num primeiro momento, foram distribuídos 150 mil laptops
educacionais, para estudantes e professores de 300 escolas públicas
(urbanas, rurais, estaduais, municipais), das 27 unidades da
federação. Além disso, o Prouca forneceu a infraestrutura
necessária para acesso à internet e a capacitação de gestores e
professores no uso da tecnologia.
Coordenada pelo físico e mestre em Educação, Nelson
de Luca Pretto, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a
mesa-redonda teve como debatedores Roseli de Deus Lopes, da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), e Paulo Gileno
Cysneiros, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ambos
especialistas no assunto e com experiência no Prouca. Embora os dois
tenham abordado os aspectos positivos e negativos do Programa, Roseli
deu mais destaque aos primeiros, enquanto Cysneiros preferiu
ressaltar os segundos.
Para Roseli, o Prouca possibilita a reorganização de
tempo e espaço de alunos e professores, tornando as aulas mais
produtivas, e aumenta a colaboração entre docentes, entre
estudantes, e entre estudantes e docentes. Mas ela também vê
problemas, como descontinuidades e a interrupção ou não
formalização de responsabilidades em projetos do Programa. "A
falta de manutenção e atualização dos computadores e softwares
também prejudica o Prouca", disse. "Há ainda uma
excessiva rotatividade de professores nas redes de ensino e
interrupção das atividades de formação continuada dos docentes."
Cysneiros, por sua vez, vê problemas tanto nos
equipamentos fornecidos pelo Programa como nos professores e gestores
encarregados de colocá-lo em prática. "As telas dos laptops
são de baixa qualidade e seu funcionamento é lento, a duração das
baterias é limitada, há travamento de programas e assistência
técnica é precária", criticou. "Quanto aos professores e
gestores, a maioria é iniciante em informática, desconhece os
software no laptop, não têm conexão com a internet em casa e não
dispõem de tempo para estudo na escola e nem interesse para a
formação a distância."
(Evanildo da Silveira para o Jornal da Ciência)
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