Reportagem de Carolina Brígido em O Globo de hoje mostra que o
Arquivo Nacional liberou o acesso ao público a cerca de cinco mil
fotografias tiradas por agentes da ditadura militar. O acervo era do
extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) e estava na Agência
Brasileira de Informação (Abin) até 2005, quando foi transferido para o
Arquivo Nacional.
As imagens só foram divulgadas agora devido à edição da Lei de Acesso
à Informação. No acervo, há seis fotos, algumas inéditas, da militante
Maria Lúcia Petit da Silva morta, envolta em um paraquedas na mata. Ela
atuava na Guerrilha do Araguaia.
Há ainda outras imagens da guerrilha, como a de Osvaldo Orlando da
Costa, o Osvaldão, quando foi preso pelos militares. Ele foi um dos
primeiros a chegar ao local, com o intuito de organizar o movimento no
Araguaia. Os agentes da ditadura também fotografaram acampamentos
militares e tinham um mapa detalhado da região.
A reportagem de Carolina Brígido revela que há fotos de centenas de
presos acusados de subversão ao sistema. Muitos deles foram obrigados a
posar para as lentes da ditadura em roupas íntimas ou até mesmo
totalmente nus. Desses presos, 67 foram fotografados em fevereiro de
1971, momentos antes de serem transferidos para outros países, na
condição de exilados. Eles foram trocados pela liberdade do embaixador
suíço Giovanni Enrico Bucher, que havia sido sequestrado pela Vanguarda
Popular Revolucionária (VPR) em dezembro do ano anterior.
No grupo que seria libertado estavam o frei Tito de Alencar e Nancy
Mangabeira Unger, irmã do ex-ministro do governo Lula. O frade
dominicano foi encontrado morto no exílio na França em 1974, aos 28
anos. Nancy recebeu indenização do governo federal recentemente pelas
torturas e perseguições sofridas.
A repórter de O Globo diz que chamam atenção no meio das fotos as
imagens de três mulheres acompanhadas de crianças. Segundo o Arquivo
Nacional, os filhos foram entregues às mães no momento da partida. Uma
das mulheres posa com três filhas — que, segundo a legenda da foto dada
pela ditadura militar, tinham 8, 4 e 3 anos. Há também outras imagens
com duas mulheres acompanhadas de dois bebês com idades não informadas.
No Arquivo Nacional, também há nove fotos do jornalista Vladimir
Herzog morto. Ele foi fotografado nu, de frente e de costas, antes e
depois da necrópsia. O pescoço apresenta uma nódoa escura. O jornalista
foi achado morto em 1975, pendurado pelo pescoço, em uma cela do
DOI-Codi em São Paulo, após uma sessão de tortura. A ditadura alegou
suicídio, versão rejeitada por familiares e amigos.
O Arquivo Nacional também pôs à disposição para consulta pública
imagens da campanha pela “anistia ampla, geral e irrestrita”, em 1979. À
distância, em evento no Rio de Janeiro, foram fotografados o cantor
Milton Nascimento, os atores Sérgio Britto, Osmar Prado e Carlos Vereza,
e as atrizes Renata Sorrah, Lucélia Santos e Bete Mendes. Existem,
ainda, fotos de eventos religiosos com o bispo dom Helder Câmara.
Vladimir Herzog, morto na cadeia (Reprodução de foto da Agência Globo)
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nenhuma novidade nessas fotos. Tudo isso era mais do que sabido, conforme já destacamos aqui no Blog. Os documentos realmente importantes, que talvez pudessem desvendar o que houve com determinados presos políticos, foram todos destruídos, inviabilizando a Comissão da Verdade.
O grande benefício trazido pela criação desta Comissão da Verdade é reviver os horrores praticados pela ditadura e também pelos militantes da luta armada, como a morte de civis inocentes em atentados e a execução sumária de guerrilheiros suspeitos (?) de colaborarem com os militares.
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nenhuma novidade nessas fotos. Tudo isso era mais do que sabido, conforme já destacamos aqui no Blog. Os documentos realmente importantes, que talvez pudessem desvendar o que houve com determinados presos políticos, foram todos destruídos, inviabilizando a Comissão da Verdade.
O grande benefício trazido pela criação desta Comissão da Verdade é reviver os horrores praticados pela ditadura e também pelos militantes da luta armada, como a morte de civis inocentes em atentados e a execução sumária de guerrilheiros suspeitos (?) de colaborarem com os militares.
É sempre importante reviver esses horrores, para que não se repitam mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por sua opinião