Hoje, Mário Lago estaria completando 100 anos. Grande ator, compositor e com uma voz marcante, Mário Lago foi uma expressão do longo tempo em que viveu. Sua música mais conhecida é Amélia, composta em parceria com Ataulfo Alves. É impossível ouvi-la sem concluir que era uma música machista. A "mulher de verdade" de Mario Lago é o retrato da submissão feminina. Uma brigada nos padrões da "Revolução Cultural" maoísta poderia simplesmente proibir a execução da música e anotar nos livros escolares e obras referentes a Mário Lago o quanto ele representou para o atraso na emancipação feminina.
Outro modo de ver, pode encarar a obra de Mário Lago em seu conjunto e a música "Amélia" em sua especificidade. A "Amélia" de Mário Lago existiu e ainda existe. O fato de o artista falar sobre ela não significa que concorde com seu comportamento, também não significa que discorde. Certamente as "Amélias" existiam em número muito maior à época em que a música foi composta (1941) do que agora. Mário Lago, pela sua trajetória, dificilmente possa ser considerado um reacionário machista.
"Amélia" é uma música primorosa, uma grande obra que sempre será lembrada, assim como a figura de Mário Lago. Aproveitei o ensejo, para tratar d eum tema que me parece relevante. Nos dias de hoje, muitas vezes as análises dos "politicamente corretos" ou alguma variante desse modo de ver os fenômenos sociais, se prende ao presente imediato, descontextualiza o objeto de sua análise e acaba caindo em preconceitos e intolerâncias que, a princípio, desejaria combater. Melhor fez a Pitty, compôs uma música chamada "Desconstruindo Amélia", que não é brilhante, mas é uma boa resposta.
Parabéns Mário Lago, que era ateu, mas que, se deus existir, deve estar no inferno, cantando samba.
Parabéns Mário Lago, que era ateu, mas que, se deus existir, deve estar no inferno, cantando samba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por sua opinião