quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Feriadão de juízes com patrocínio público e privado

Cerca de 320 juízes e seus (suas) acompanhantes contaram com o apoio de empresas estatais para fazer turismo esportivo na aprazível praia de  Porto de Galinhas (PE). O Banco do Brasil e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), vinculada ao Ministério das Minas e Energia, bancaram parte dos "Jogos Nacionais da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra)", uma maratona de provas em resorts à beira-mar, com modalidades que vão do tiro esportivo ao pingue-pongue e ao dominó.  
As informações tiveram destaque na edição de ontem (2) do jornal O Globo, em matéria assinada pelo jornalista Fábio Fabrini.
Os jogos começaram no sábado (29) e terminaram ontem (2). A Anamatra admite ter recebido R$ 180 mil em diversos patrocínios, sendo R$ 50 mil do BB e R$ 35 mil da Chesf.
A Secretaria de Turismo de Pernambuco também contribuiu com despesas de uma orquestra de frevo.
Completam a lista de patrocinadores empresas como Oi e Ambev. O dinheiro público empregado no evento tem dois propósitos principais, como ressalta o saite dos jogos: propiciar “a interação, o convívio, a troca de experiências e o estreitamento dos laços entre todos os que fazem a Justiça do Trabalho”, além de promover a saúde da magistratura.
É que uma pesquisa da associação apontou altos índices de depressão, obesidade, hipertensão e sedentarismo entre os juízes, decorrentes, segundo a entidade, “da alta carga de trabalho, da pressão por crescente produtividade e da falta de estrutura no ambiente de trabalho”.
Desde sábado (29) aproveitando o feriadão, os juízes disputaram onze modalidades, com direito a medalhas para os campeões. A primeira festa de premiação, comandada por um humorista, foi à beira da piscina do Summerville Resort, um dos quatro que hospedam os atletas, cuja diária mais barata sai a R$ 820. Uma das novidades deste ano foi o dominó, que ficou entre as modalidades mais concorridas.
O presidente da Anamatra, Renato Sant’Anna, afirmou, em referência ao reajuste de salário negado pelo governo ao Judiciário, que as “olimpíadas” são uma chance de unir a categoria num “momento difícil” para a magistratura.

Contrapontos

* Procurada pelo jornal O Globo, a Anamatra alegou que os participantes pagaram taxa de inscrição (R$ 200), além de suas despesas de deslocamento para Porto de Galinhas, hospedagem e alimentação, sem colaboração dos patrocinadores.

“As empresas e entidades que apoiaram o evento contribuíram para reduzir os custos com infraestrutura dos jogos, manutenção dos espaços, sinalização e arbitragem das partidas”, explicou a Anamatra, em nota.

* O Banco do Brasil argumentou que o público-alvo do evento atende a seus interesses mercadológicos, pois os juízes são clientes com bom poder aquisitivo. “Além disso, o banco tem folhas de pagamento, entre outros negócios, com diversos Tribunais Regionais de Trabalho, incluindo o de Pernambuco, que geram rentabilidade muitas vezes superior ao patrocínio a este evento” - explicou o BB.

* A Secretaria de Turismo de Pernambuco informou que, procurada pela Anamatra, "julgou pertinente oferecer a banda de frevo para divulgar a cultura local, já que há no evento juízes de todo o Brasil e eles são turistas em potencial".

* A Chesf não se pronunciou.

Leia a matéria na íntegra, na origem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por sua opinião