Tombada em 1987, aos 27 anos, como Patrimônio da Humanidade, Brasília entrou para a história como primeira cidade moderna a ostentar o título. Mas só agora, quase um quarto de século depois, começa a discutir a definição de um plano diretor para a preservação de seu conjunto urbanístico. Enquanto isso, multiplicam-se as agressões ao projeto original de Lucio Costa: as passagens livres sob os pilotis dos prédios residenciais das superquadras são fechadas por grades e cercas vivas, áreas verdes viram estacionamento ou são ocupadas por ambulantes, comércios invadem espaço público com puxadinhos, construções irregulares surgem impunes na orla do Lago Paronoá, terrenos têm destinação e gabaritos mudados de modo descontrolado, e por aí vai.
Em 2001, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) enviou missão à capital brasileira para checar os cuidados com a preservação. A cidade escapou de ser incluída na lista de patrimônio em risco, mas os especialistas observaram as intervenções indesejadas e fizeram uma série de recomendações. Dez anos depois, a aprovação do plano diretor, então apontado como "prioridade absoluta", não se concretizou. Muito menos a melhoria do transporte público, indicada para reduzir o número de veículos em circulação na área tombada. Tampouco cuidou-se de criar um cinturão de proteção em que fosse proibida a construção de arranha-céus, para manter a amplitude do horizonte.
Resultado: Brasília está prestes a, no mínimo, levar um puxão de orelhas da Unesco. Reunido em Paris, o Conselho do Patrimônio Mundial avaliou a situação e aprovou o envio de nova missão (falta marcar a data) ao Distrito Federal. A vistoria será acompanhada pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), cuja presidente no Brasil, Rosina Parchen, adverte: desta vez, não está descartada a possibilidade de a cidade ser inserida no rol daquelas com patrimônio em risco, "já que está na iminência de perder as suas características originais". Ela lamenta a degradação e o fato de as recomendações de 2001 terem sido "todas ignoradas". Ou seja, a reação precisa vir rápido - para conter o desvirtuamento dos conceitos do projeto urbanístico de Lucio Costa, mas, sobretudo, para garantir qualidade de vida ao brasiliense.
Não adianta olhar apenas a área tombada. O Plano Piloto sofre as mazelas do inchaço do DF e do Entorno. A situação fundiária indefinida dá vez a ocupações desordenadas e à devastação do meio ambiente. Perto de 60% da cobertura vegetal foi destruída, os recursos hídricos e energéticos estão no limite e multiplica-se o número de áreas de risco, sujeitas a inundações e desabamentos. Em suma, Brasília envelhece precocemente, embora cumpra sua missão de centro do poder nacional. Reverter o quadro de deterioração é uma urgência da qual nem os governos local e federal nem o brasiliense podem se furtar de participar.
De Blog do Jorge Werthein
Em 2001, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) enviou missão à capital brasileira para checar os cuidados com a preservação. A cidade escapou de ser incluída na lista de patrimônio em risco, mas os especialistas observaram as intervenções indesejadas e fizeram uma série de recomendações. Dez anos depois, a aprovação do plano diretor, então apontado como "prioridade absoluta", não se concretizou. Muito menos a melhoria do transporte público, indicada para reduzir o número de veículos em circulação na área tombada. Tampouco cuidou-se de criar um cinturão de proteção em que fosse proibida a construção de arranha-céus, para manter a amplitude do horizonte.
Resultado: Brasília está prestes a, no mínimo, levar um puxão de orelhas da Unesco. Reunido em Paris, o Conselho do Patrimônio Mundial avaliou a situação e aprovou o envio de nova missão (falta marcar a data) ao Distrito Federal. A vistoria será acompanhada pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), cuja presidente no Brasil, Rosina Parchen, adverte: desta vez, não está descartada a possibilidade de a cidade ser inserida no rol daquelas com patrimônio em risco, "já que está na iminência de perder as suas características originais". Ela lamenta a degradação e o fato de as recomendações de 2001 terem sido "todas ignoradas". Ou seja, a reação precisa vir rápido - para conter o desvirtuamento dos conceitos do projeto urbanístico de Lucio Costa, mas, sobretudo, para garantir qualidade de vida ao brasiliense.
Não adianta olhar apenas a área tombada. O Plano Piloto sofre as mazelas do inchaço do DF e do Entorno. A situação fundiária indefinida dá vez a ocupações desordenadas e à devastação do meio ambiente. Perto de 60% da cobertura vegetal foi destruída, os recursos hídricos e energéticos estão no limite e multiplica-se o número de áreas de risco, sujeitas a inundações e desabamentos. Em suma, Brasília envelhece precocemente, embora cumpra sua missão de centro do poder nacional. Reverter o quadro de deterioração é uma urgência da qual nem os governos local e federal nem o brasiliense podem se furtar de participar.
De Blog do Jorge Werthein
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