sexta-feira, 10 de junho de 2011

Briga com EMI tira discos clássicos da festa de 80 anos de João Gilberto

Claudio Leal, Terra.com

Uma refrega judicial torna incompleta a festa dos 80 anos do maior artista popular brasileiro, João Gilberto. Os álbuns "Chega de Saudade" (1959), "O Amor, o Sorriso e a Flor" (1960) e "João Gilberto" (1961), marcos da Bossa Nova, seguem fora do mercado fonográfico e sem a certeza de que serão relançados com a aprovação técnica do músico.
Em 1992, a gravadora britânica EMI, detentora do catálogo da Odeon, reuniu os três bolachões e o EP "Orfeu da Conceição" num único CD, "O Mito", à revelia de João Gilberto, que se indignou com o fim da "sequência harmônica" das faixas. Ele questiona os defeitos da remasterização e os estragos na mudança para o formato digital, com a deformação das gravações originais.
O músico abriu um processo contra a EMI, em 1997, e até 2011 não entrou em acordo com a multinacional. João Gilberto busca a "abstenção definitiva" da EMI e da Gramophone de produzir e comercializar sua obra no Brasil e no exterior, a retirada de "O Mito" do mercado, a indenização por danos morais e o pagamento de royalties.
Os arranhões à obra do artista se desdobram na esfera comercial. Outro calo de João também está na Inglaterra. Sem autorização, a gravadora inglesa Cherry Red Records passou a reproduzir os álbuns "Chega de Saudade" (1959) e "O Amor, o Sorriso e a Flor" (1960).
Disponíveis no site da gravadora e na loja virtual Amazon, os discos mimetizam o projeto gráfico original e preenchem uma parte da lacuna fonográfica. A britânica Cherry Red argumenta que está amparada pelos fundamentos jurídicos europeus, pois as leis de direitos autorais na Europa permitem que o repertório caia no domínio público depois de 50 anos.
semestre de 2011, para celebrar os 80 anos do músico, Terra Magazine publicou uma série de reportagens sobre a preservação da obra de João Gilberto e as querelas judiciais com as gravadoras. 

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