sábado, 30 de outubro de 2010

Propostas aparecem em debate da Globo


Propostas aparecem em debate da Globo
Rio de Janeiro - O sistema escolhido pela TV Globo para o último encontro entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), nesta sexta-feira (29), no qual os dois candidatos responderam diretamente a perguntas de eleitores indecisos, propiciou o debate mais brando entre a petista e o tucano neste segundo turno. Presentes ao Centro de Produção da TV Globo no Rio de Janeiro (Projac), oitenta eleitores indecisos elaboraram cinco perguntas cada, em um total de 400 perguntas sobre temas diversos. Ao longo do debate, Serra e Dilma responderam a seis perguntas cada um.
A falta de embate direto permitiu que os candidatos apresentassem suas propostas com mais tempo. Serra procurou alfinetar o governo sempre que pôde, enquanto Dilma se preocupou em apresentar as realizações do governo Lula e assumiu alguns compromissos, como, por exemplo, a realização de uma reforma tributária para permitir que as pequenas empresas contratem mais trabalhadores.

“O Brasil tem que desonerar as folhas de pagamento porque precisamos gerar postos de trabalho. Geramos 15 milhões de empregos nos últimos anos, mas precisamos de ainda mais. Por isso, assumo o compromisso de fazer uma reforma tributária para que a gente reduza a folha de salário. Proponho que o enquadramento das empresas no supersimples seja ampliado, para que ela reduza o pagamento de tributos e possa aumentar o número de trabalhadores contratados”, disse a candidata do PT.
Outro compromisso assumido por Dilma foi ampliar o número de agricultores familiares atendidos pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do governo federal: “No atual governo, aumentamos o crédito para o agricultor familiar de R$ 4 para R$ 16 bilhões. São créditos com juros subsidiados porque tem sentido social. Nós criamos também o seguro agrícola para o pequeno agricultor, o que tem ajudado a acabar com a pobreza no campo. O PAA contempla atualmente 700 mil famílias de pequenos agricultores e eu vou ampliar para mais 500 mil famílias”, disse.
Ao responder a uma pergunta sobre corrupção, Serra afirmou que esta “chegou em níveis insuportáveis” no Brasil e que “recentemente ocorreram escândalos de grande porte e não vimos ninguém preso”. O tucano prometeu “reforçar o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público” e elogiou a imprensa brasileira: “É a imprensa que descobre grande parte das irregularidades que acontecem. Por isso, a imprensa não pode ser coibida, perseguida ou pressionada”, disse.
O candidato do PSDB afirmou ainda que o governo “não pode passar a mão na cabeça” dos corruptos: “Todo mundo pode pecar, mas uma boa escolha minimiza bastante os problemas. O combate à corrupção não pode comportar política eleitoral. Temos casos até hoje insepultos, como o dossiê dos aloprados, onde ninguém foi condenado”.
Dilma retrucou: “Nos últimos anos, quando nós reforçamos e profissionalizamos a Polícia Federal, começamos a ver casos de corrupção apurados e, pela primeira vez, foram atingidas pessoas de gradação mais elevada. Isso resultou num combate a corrupção bastante forte. Malfeito sempre vai ocorrer, é importante investigar e punir. A PF é um dos maiores instrumentos de combate à corrupção do governo federal”, disse, citando por sua vez a máfia das sanguessugas.
A questão ambiental também foi tocada pelos candidatos. Serra afirmou que “no caso da Amazônia, temos que oferecer alternativas econômicas para a população”. Dilma reafirmou o compromisso do governo, assumido em Copenhague, com a redução das emissões de gases de efeito estufa de 36% a 39% até 2020: “Isso significa a redução de 80% do desmatamento na Amazônia e 40% no Cerrado. De 27 mil quilômetros quadrados de desmatamento, nós reduzimos para 7,4 mil quilômetros quadrados. Pretendo me aproximar cada vez mais da tolerância zero para o desmatamento e continuar a criar áreas de conservação”, disse.
Quando indagado sobre os programas de transferência de renda, Serra respondeu: “Creio que a gente deve sim ter auxílio para os mais pobres, mas tem que ter alternativa. Vou fortalecer o Bolsa-Família, mas o que quero é criar incentivos, como ensino profissionalizante. Vamos formar um milhão de alunos por ano no ensino técnico. Quero o Bolsa-Família entrosado com o Programa de Saúde da Família. Precisamos dar incentivos para que as famílias procurem crescer na vida”, disse.
Em sua réplica, Dilma voltou a prometer erradicar a miséria no Brasil: “A questão social será a questão central do meu futuro governo. Para além dos números, do concreto e do cimento, o que importa é a vida das pessoas. No início do atual governo, sabíamos que incluir os 190 milhões de brasileiros era a questão mais forte para o Brasil melhorar. Tiramos 15 milhões de pessoas da pobreza. Restam 20 milhões, que vou incluir também”.
Em sua fala final, Dilma afirmou ter enfrentado “uma campanha dura” nos últimos meses: “Eu em alguns momentos fiquei muito triste devido a um conjunto de calúnias divulgadas contra mim na internet. Não guardo mágoas e agradeço a todos que me ajudaram”, disse a candidata do PT, que se comprometeu “a criar um país cheio de oportunidades para todos”.
Serra afirmou acreditar que “o debate vai contribuir muito para que as pessoas decidam” seu voto e aproveitou para pregar a alternância no poder: “A alternância do poder pode revigorar o Brasil. Vai ser bom colocar uma nova equipe, com um novo ânimo”, disse.

Bastidores

Após o encerramento do debate, duas cenas chamaram a atenção no Twitter. A primeira, de petistas reclamando do enquadramento final do candidato Serra, em plano fechado, enquanto que em sua fala de despedida, Dilma apareceu em plano aberto, com o tucano ao fundo. A segunda, foi a análise do sociólogo Emir Sader, que estava na plateia e comentou na rede social: "No final um montão dos indecisos foi pedir autógrafo pra Dilma. E o Ali Kamel, desesperado: 'Tirem a sua candidata, não da para dar 80 autografos'."
De: Rede Brasil Atual

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