sexta-feira, 3 de abril de 2009
CENTENÁRIO
Albert Camus disse que, apesar dela e apesar dele, ele era de esquerda. Eu digo, além disso, que sou colorado, apesar do Inter e apesar de mim. Neste blog evito falar em futebol. Prefiro dedicar o espaço a temas que possam ser tratados com a razão e com argumentos e o futebol, decidamente, não é um território próprio para a razão e os argumentos.
O centenário do Inter, porém, merece um espaço nesse meu singelo blog.
Sou colorado por opção, não de família e acho que isso conta a meu favor. Antes de ouvir falar do Rolo Compressor, acompanhei o colorado dos anos 70, tricampeão brasileiro invicto. O Inter de Figueroa, Falcão, Carpegianni, Valdomiro, ícones do coloradismo até hoje. O grande time de 76 que trinta anos depois, seria justiçado conquistando o título da FIFA como melhor do mundo. A justiça tarda mas não falha. Ironicamente, o gol do título não foi de um iluminado Figueroa, como em 75, mas de um obscuro Gabiru.
Depois de vibrar de orgulho, amargamos duas décadas de mediocridade. Vimos nosso rival se projetar e ficamos escolados na secação. Sempre havia argumentos: ganhamos mais grenais, ganhamos mais gauchões, ganhamos mais brasileiros, fomos medalha de prata nas Olimpíadas... Por fim, o argumento fatal: nunca fomos para a segundona.
Mas sempre ficava aquele amargo...e o título sulamericano? e o mundial? Pois o amargo se desfez com as vitórias sobre duas potências do futebol. Agora, o colorado não devia mais nada a ninguém. Nada pode ser maior, não há título que esse time não tenha conquistado. E o que é melhor, todo colorado se considera campeão, coisas que só o futebol pode nos trazer.
Antes de me tornar um cético, já tive religião. Antes de me tornar petista, já fui do PC do B. A gente muda, as coisas mudam, mas time a gente não troca. Foi duro ser colorado durante um tempo. Não se ganhava nada além de gauchão e ainda sofríamos com as vitórias do rival, mas a gente resisitiu. É duro ser de esquerda. Ver as loucuras feitas em nome de um ideal; suportar o crescimento do individualismo e da barbárie no mundo; acompanhar o contágio de tudo o que acreditamos na busca da vitória a qualquer preço. Porém, temos suportado.
Provavelmente eu vá morrer cético; quanto a morrer petista... depende. Com certeza morrerei na esquerda... e colorado
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