Por motivos genéticos e intuitivos, sou favorável a protestos. Em qualquer situação é preciso respeitar as pessoas que se movimentam para contestar a ordem. É a contestação da ordem que faz o mundo andar. Desde a criação do vale-transporte, as mobilizações contra os preços das passagens de ônibus perderam força. Afinal, para uma grande parte da população trabalhadora, o gasto com o transporte passou a ser uma parte fixa da sua remuneração; o restante cabaoe empregador.
O fato é que o transporte público em Porto Alegre está ficando cada vez pior. Ao que parece, apesar do incômodo, muitos usuários acabaram assimilando as longas filas e as viagens apertadas como coisas normais de quem pega ônibus. Assim, o potencial de protesto arrefece e a maioria dos usuários vota no candidato que têm mantido essa situação degradante.
Militantes da bandeira preta
Não é à toa que os estudantes saíram às ruas. Eles são menos dependentes de um patrão que cobra pontualidade e são jovens, momento da vida em que as inconformidades com a vida se manifestam mais vigorosamente. Sou a favor dos protestos, mas não sou condescendente com os "militantes da bandeira presta". Pelas imagens que vi, os protestos eram incisivos, mas a ação completamente descolada da realidade de atacar o prédio da Prefeitura (que não tinha nada a ver com a situação) partiu dos militantes que se identificam com a bandeira preta. Minoritários ao extremo, essas pessoas vivem "surfando" na onda das mobilizações de massa. Intolerantes, arrogantes e autoritários, contestam qualquer autoridade e não se submetem à direção de entidades, no caso, o DCE da UFRGS. Sou solidário às manifestações contra o aumento das passagens. Elas têm sido as maiores mobilizações dos últimos tempos em Porto Alegre. Contesto a repressão, mas não me peçam para avalizar os "militantes da bandeira preta". Aliás, eles também estão pouco se lixando comigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por sua opinião