Na Justiça, Raí afirma que Zeca Camargo "sequer faz parte do seu círculo de amizade"
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Vinícius Segalla
Do UOL, em São Paulo
A Justiça de São Paulo proferiu decisão na última quarta-feira
determinando que o portal de internet R7 retire do ar, dentro de 48
horas, notícias que
mencionem um suposto relacionamento afetivo do ex-jogador de futebol
Raí com o apresentador da TV Globo Zeca Camargo. A ordem judicial trata
especificamente de textos sobre o assunto publicados pela jornalista
Fabíola Reipert em seu blog, hospedado no portal.
Além disso, o R7 não deve mais produzir
nenhuma nota jornalística a respeito deste assunto. A multa diária para o
eventual descumprimento da decisão é de R$ 2 mil. O prazo passa a contar a partir do momento que o veículo for notificado oficialmente acerca da determinação judicial.
Procurado pelo UOL Esporte na noite da última quinta-feira,
o departamento de comunicação do R7 informou que não comentaria o
assunto, pois ainda não havia sido notificado oficialmente pela Justiça.
Fabíola Reipert também informou que ainda não havia sido notificada, e
orientou a reportagem a procurar o departamento de comunicação do R7.
No último dia 31, Raí entrou com uma ação na Justiça contra a jornalista Fabíola Reipert,
blogueira do portal R7, e contra o próprio veículo, pela publicação de
notícias que insinuaram que o atleta teria um envolvimento afetivo com o
apresentador da TV Globo Zeca Camargo. O ex-jogador pede uma retratação
pública, uma indenização de R$ 10 mil e a retirada do ar das notícias
já existentes.
Na mesma ação, o ex-jogador fazia um pedido de "tutela antecipada"
sobre a retirada das notícias do ar, ou seja, requereu que a Justiça
considerasse este pedido antes do término do julgamento, em caráter
emergencial, já que a manutenção das referidas notícias no ar estariam
prejudicando a sua imagem. A decisão judicial proferida na última
quarta-feira atendeu a este pedido e ordenou a retirada do ar das
notícias dentro de 48 horas.
A ação judicial como um todo, porém, seguirá seu trâmite normal, e
tanto o portal R7 quanto a jornalista Fabíola Reipert ainda terão tempo
para apresentarem suas defesas antes que uma decisão final seja tomada.
Entenda o caso
O ex-jogador Raí deu entrada, na última terça-feira, com uma ação na
Justiça contra a jornalista Fabíola Reipert, blogueira do portal R7, e
contra o próprio veículo, pela publicação de notícias que insinuaram que
o atleta teria um envolvimento afetivo com o apresentador da TV Globo
Zeca Camargo.
No último dia 16, a blogueira publicou que a "emissora (Globo) proibiu
os programas da casa de associar os nomes de Zeca Camargo e Raí",
completando com as perguntas: "O que será que eles têm para esconder,
hein? E o que têm em comum?". Fabíola Reipert estava repercutindo
notícia anterior publicada por ela mesma, que dava conta de que "um belo
ex-jogador de futebol teria deixado a mulher em troca de um novo amor.
Ele foi morar com um apresentador da Globo, que ainda não saiu
publicamente do armário".
As publicações geraram ampla repercussão na internet e nas redes
sociais, que passaram a reproduzir o boato de suposto relacionamento
homossexual entre os dois.
Na última terça-feira, o sócio de Raí em uma empresa de gestão de
imagem, Paulo Velasco, informou que o ex-jogador decidira "tomar as
medidas judiciais cabíveis contra os autores do boato".
"Informamos que foi proposta ação judicial referente ao falso boato
publicado na internet em relação ao Raí. Esperamos com isso, além da
retratação e indenização por parte dos responsáveis, colaborar para a
construção de um jornalismo sério e verdadeiro", afirmou Velasco, que
também responde pela assessoria de imprensa de Raí.
De acordo com ele, não existe nenhum fundamento nas informações
divulgadas sobre o suposto relacionamento entre Raí e Zeca Camargo.
"Trata-se de uma notícia falsa, desrespeitosa e sem pé nem cabeça",
disse Velasco.
Rafinha Bastos também era processado
Fabíola Reipert e portal R7 não foram os únicos contra quem Raí tentou
mover a ação judicial. Em sua petição inicial, o atleta também pedia a
condenação da Rede TV! e do humorista Rafinha Bastos, que, em programa
de TV, fez piada sobre o assunto. O site Orkut e a TV Bandeirantes
também contavam na ação, além do jornal O Dia, dom Rio de Janeiro.
A decisão judicial proferida na última quarta, porém, considerou que
apenas Fabíola Reipert, o portal R7 e o jornal O Dia deveriam ser
mantidos na ação, entendendo que "os réus Rede TV!, Raphael Bastos (sic) e Rede Bandeirantes divulgaram a informação com caráter de humor". Leia abaixo a íntegra da decisão judicial:
"Despacho Proferido Trata-se de ação de obrigação de fazer e
indenização por danos morais, com pedido de tutela antecipada, ajuizada
por RAÍ SOUZA VIEIRA DE OLIVEIRA contra ENTRETENIMENTO.R7 (RECORD),
FABÍOLA REIPERT, REDE TV, RAPHAEL BASTOS, REDE BANDEIRANTES DE
TELECOMUNICAÇÃO, ORKUT E JORNAL “O DIA”.
Alega o autor, em síntese, que, a partir do final do ano de 2011,
os réus passaram a divulgar notícias de que ele teria deixado a esposa,
doente, para morar com o jornalista Zeca Camargo, com quem estaria tendo
um relacionamento afetivo.
Sustenta que tais fatos são inverídicos, pelas seguintes razões: a)
a informação não retrata sua orientação sexual; b) o jornalista Zeca
Camargo sequer faz parte do seu círculo de amizade; c) não é casado nem
houve qualquer problema de saúde em sua família ou com pessoa de seu
relacionamento.
Pretende o autor, nesta ação, fazer cessar a veiculação das
informações inverídicas, além de indenização por danos morais. Pois bem.
De início, de rigor a limitação do litisconsórcio passivo, pois o
número de réus, no caso, comprometerá a rápida solução do litígio.
Com efeito, ao que se depreende da leitura da inicial, os réus REDE
TV, RAPHAEL BASTOS e REDE BANDEIRANTES divulgaram a informação com
caráter de humor. Já os réus ENTRETENIMENTO.R7 (RECORD), FABÍOLA REIPERT
e JORNAL “O DIA” teriam criado a notícia, conduta esta bem mais grave
do ponto de vista da responsabilidade civil. Por fim, o próprio autor
afirma que o Orkut, como os outros sites, apenas republicou as
informações, alimentando a notícia criada por terceiros.
Neste contexto, com fundamento no art. 46, parágrafo único, do
Código de Processo Civil, excluo do polo passivo da ação os réus REDE
TV, RAPHAEL BASTOS, REDE BANDEIRANTES e ORKUT, em face dos quais o autor
deverá ajuizar ação ou ações próprias.
Reafirmo que sua manutenção na lide prejudicará o próprio autor,
pois os fundamentos da responsabilização dos réus pela conduta ilícita
são diferentes e tal discussão certamente implicará em demora na entrega
da prestação jurisdicional.
Com relação aos réus que ficam no polo passivo, ENTRETENIMENTO.R7
(RECORD), FABÍOLA REIPERT e JORNAL “O DIA”, passo a apreciar o pedido de
antecipação da tutela. Os documentos que instruem a petição inicial
demonstram a relevância da demanda, decorrente da necessidade do autor
em fazer cessar a divulgação das informações que afirma serem falsas e
impedir o uso indevido de sua imagem.
De outra banda, há fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação, pois a propagação das notícias poderá comprometer a
celebração e a execução de contratos que têm por objeto a imagem pública
do autor, os quais constituem uma de suas fontes de renda.
Anoto que, a par da documentação carreada com a inicial, uma
simples pesquisa sobre o assunto no google, efetuada por esta magistrada
na data de hoje, revela a enorme proporção que o assunto ganhou. Tal
circunstância reforça a necessidade de limitação do litisconsórcio
passivo, pois do contrário poderão figurar no polo passivo todos os
sites que divulgaram a informação.
Por tais sucessos, concedo a tutela específica da obrigação,
determinando aos réus que se abstenham de veicular as notícias
mencionadas na inicial a respeito de um relacionamento afetivo do autor
com o jornalista Zeca Camargo, retirando do ar as já veiculadas, no
prazo de 48hs, tudo sob pena de multa diária de R$ 2.000,00. Oficie-se.
O pedido referente à retratação fica indeferido, por ora, pois não
poderá ser averiguado por meio de simples cognição sumária, antes do
exercício do contraditório. Observo que a presente determinação não
atenta contra a liberdade de informação, diante da afirmada ausência de
veracidade das afirmações.
Além disso, segundo o art. 20 do Código Civil, salvo se autorizadas
ou necessárias à manutenção da ordem pública, a exposição ou a
utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu
requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a
honra, a boa fama ou a respeitabilidade.
No caso dos autos, é evidente que as informações divulgadas, ainda
que fossem verdadeiras, não são de interesse público, relacionando-se,
sim, à vida privada do autor, tutelada pelo art. 5°, X, da CF e pelo
art. 21 do Código Civil. Citem-se. Int. Ofício à disposição do autor."
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