De: Época
Papa defendeu ainda uma "construtiva" colaboração entre o Estado e a Igreja para enfrentar os tempos de crise que atingem parte do planeta neste momento
O papa Bento XVI disse neste sábado (2) que o Estado deve estar a
serviço da pessoa e zelar pelo direito da família, "baseada no casamento
entre um homem e uma mulher".
O pontífice fez essas declarações durante o encontro que teve com
autoridades, empresários, trabalhadores, artistas e educadores da região
italiana da Lombardia na sede do arcebispado de Milão, onde se aloja
durante sua estada na cidade para presidir o 7º Encontro Mundial das
Famílias.
O bispo de Roma destacou que o Estado tem de reconhecer a identidade
própria da família, "baseada no casamento entre um homem e uma mulher,
aberta à vida", e o direito primário dos pais à livre escolha da
educação e formação de seus filhos, "segundo o projeto educacional que
considerem válido e pertinente".
"Não se faz justiça à família se o Estado não sustentar a liberdade de
educação para o bem comum de toda a sociedade", ressaltou o papa.
Durante o evento, transmitido ao vivo pelo Centro Televisivo Vaticano
CTV, o papa afirmou que, embora a concepção do estado confessional
esteja superada, suas leis devem encontrar justificativa e força na lei
natural, "que é o fundamento de uma ordem adequada à dignidade do ser
humano".
"O Estado está a serviço e à tutela da pessoa, de seu bem-estar em seus
múltiplos aspectos, começando com o direito à vida, que jamais pode ser
suprimido deliberadamente", manifestou.
Bento XVI defendeu uma "construtiva" colaboração entre o Estado e a
Igreja, sem que haja confusões sobre o papel de cada um, para enfrentar
os tempos de crise que atingem parte do planeta neste momento. Nesse
sentido, ele ressaltou a laicidade do Estado e disse que esse aspecto
deve garantir a liberdade "para que todos possam propor sua visão da
vida comum respeitando os demais e no contexto das leis que prezam pelo
bem comum".
O pontífice também fez uma grande apologia à liberdade: "não é um
privilégio para alguns, mas um direito para todos, um valioso direito
que o poder civil deve garantir".
Ao falar sobre o papel dos líderes mundiais, o papa enfatizou que a
principal qualidade de quem governa é a justiça, "virtude pública por
excelência, porque impacta no bem de toda a comunidade".
Antes de se reunir com os representantes da sociedade milanesa, o papa
manteve um encontro com o cardeal Carlo Maria Martini, de 85 anos. Ainda
neste sábado, Bento XVI se deslocará ao parque de Bresso, em Milão,
onde se reunirá com as milhares de famílias de todo o mundo - de mais de
100 nações - que participam do evento em uma vigília chamada "Festa do
Testemunho"
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