Em Portugal, numa eleição em que houve recorde de abstenção - 41,% quase 4 milhões de eleitores deixaram de votar - os portugueses, motivados pela crise econômica, derrotaram José Sócrates, do Partido Socialista (PS) e deram a vitória a Pedro Passos Coelho, do Partido Social Democrata (PSD) de centro direita. O número de deputados do PS deve cair de 97 para 74 deputados e o PSD ficará com 108 das 230 vagas do parlamento, o que o obrigará fazer acordo para obter maioria.
A exemplo do que ocorre no Peru, a eleição eleição em Portugal também confirma uma tendência (leia mais neste blog), dessa vez no continente europeu. Mas não falo de toda Europa. Na Itália, na França e mesmo na Alemanha, o que chamamos de esquerda - ou melhor, os socialistas e verdes - pode vencer as eleições.
Na verdade, o que está em pauta nas eleições na Europa é a crise econômica. E ela tanto atinge a direita como a esquerda. Daí o resultado contraditório: vence a direita na Grã Bretanha, Espanha e Portugal, mas na Grécia, na Itália, na França e mesmo na Alemanha os resultados podem ser outros, com vitórias para as coalizões de centro esquerda.
Falta de opções
O fenômeno revela a falta de opções dos eleitores, com o fracasso da social democracia que, aos poucos, foi se confundindo com a direita neoliberal e com as soluções de mercado. Sua políticas liquidam, aos poucos, com o Estado de Bem Estar Social - uma conquista de 150 anos dos trabalhadores e dos partidos socialistas da Europa.
Já, na Grécia, na Espanha e em Portugal cresce a mobilização social e a oposição às medidas de austeridade impostas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) que, até agora, não resolveram a situação de insolvência dos governos e ameaçam a estabilidade social e política dos países. Nesse quadro, chama a atenção a Grécia, à beira da falência.
A situação vai exigir da União Europeia a reestruturação das dívidas dos países - e não a imposição de programas de estabilização que só aumentam a dívida, a recessão, o desemprego e a crise social. Esse quadro, aos poucos, vai fomentando crises políticas e institucionais - com ou sem eleições - com os velhos e os novos governos. Esses, por sua vez, geralmente não têm programas para a crise e só vencem pelo desgaste dos governos socialista, que foram incapazes de se opor à estratégia de ajuste da EU, que só atende aos interesses da Alemanha.
Publicado no Blog do Zé
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