Quando, na segunda metade do século XIX, a fotografia se tornou acessível ao grande público das grandes metrópoles, não eram só os vivos que corriam a tirar os seus retratos nos estúdios da moda. Fantasmas, auras e mesmo imagens criadas pela mente foram também presença habitual em algumas das fotografias da época.
Estas imagens espíritas enriqueceram vários fotógrafos, que se gabavam de conseguir captar, para a posteridade, fotografias de parentes queridos, já falecidos. Os retratos, que chegaram até aos dias de hoje, são um marco na história social e cultural da época, muito antes de o Photoshop ter revolucionado a nossa relação com a fotografia.
As primeiras fotografias espíritas conhecidas remontam a Boston, por volta de 1862. Foi lá que William Mumler montou um estúdio de fotógrafo/médium, onde dava vida fotográfica a defuntas celebridades, amigos e familiares de clientes endinheirados. A fotografia mais famosa de Mumler mostra a viúva de Abraham Lincoln, Mary Todd, com o suposto fantasma do marido em segundo plano. Enquanto uma simples fotografia custava, geralmente, alguns cêntimos de dólar, Mumler cobrava 10 dólares por cada um dos seus retratos.
Alguns anos mais tarde, apesar de muitos dos clientes confirmarem que os seres que apareciam no fundo das fotografias eram realmente os seus falecidos familiares, Mumler foi acusado de fraude e levado a tribunal. Embora não tenha sido declarado culpado, por falta de provas, o fotógrafo nunca mais conseguiu retomar o negócio.
O fenómeno da fotografia espírita, posteriormente fomentado por diversos seguidores de Mumler, teve o seu auge nesse período do século XIX. O entusiasmo pelo espiritualismo na primeira metade do século, com destaque social dado a alguns médiuns de renome, e a novidade dos primeiros aparelhos fotográficos levou a que alguns estúdios especializados em fotografia espírita ganhassem enorme projecção. Especialmente com a vontade de rever os mortos da guerra civil norte-americana, que terminou em 1865.
O fenómeno da fotografia espírita, posteriormente fomentado por diversos seguidores de Mumler, teve o seu auge nesse período do século XIX. O entusiasmo pelo espiritualismo na primeira metade do século, com destaque social dado a alguns médiuns de renome, e a novidade dos primeiros aparelhos fotográficos levou a que alguns estúdios especializados em fotografia espírita ganhassem enorme projecção. Especialmente com a vontade de rever os mortos da guerra civil norte-americana, que terminou em 1865.
A maior parte dos truques usados são, aos olhos de hoje, bastante simples e amadores. Porém, numa altura em que muitos ainda se mostravam espantados pelas imagens fiéis que as fotografias representavam, as técnicas usadas por muitos destes fotógrafos confirmavam o assombro trazido pelas novas tecnologias e faziam acreditar na presença de espíritos entre os vivos.
A artimanha mais simples consistia em usar um assistente envolto num manto, que pousava em segundo plano para a fotografia, durante poucos segundos. Uma vez que estes primeiros aparelhos fotográficos ainda necessitavam de uma exposição prolongada, a presença do assistente durante 10 ou 20 segundos bastava para criar uma imagem parcial, translúcida e fantasmagórica. Quanto aos clientes, concentrados em pousar imóveis durante cerca de 60 segundos, não davam pela presença do discreto assistente.
Outros truques passavam pelo recurso à dupla exposição no mesmo filme, espelhos e outras técnicas aplicadas na fase de revelação da fotografia. Mesmo assim, a presença de elementos fantasmagóricos em algumas das fotografias da época continuam inexplicáveis.
Enquanto Mumler caía em desgraça, um novo fotógrafo especializado em fotografia espírita ganhava nome no outro lado do Atlântico, em Londres. Frederick A. Hudson, um fotógrafo profissional, estabeleceu uma parceria com um casal de médiuns e convenceu alguns dos notáveis londrinos da credibilidade das suas fotografias, incluindo o editor do Jornal Britânico de Fotografia.
Na história deste tipo de fotografias ficou também o francês Louis Darget que, já no final do século XIX, começou a produzir fotografias que alegadamente representavam auras e pensamentos humanos. As fotografias de radiações humanas, como auras e outro tipo de forças vitais começaram a ser comuns após a descoberta das imagens de Raio-X. Já as fotografias que representam imagens criadas pela mente tiveram um grande impacto na criação artística japonesa. Esta corrente, nensha em japonês, teve alguns dos seus exemplos mais famosos nos estudos de Tomokichi Fukurai, no princípio do século XX.
Um dos seguidores mais entusiasta das fotografias paranormais foi o criador de Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle. O escritor manifestava-se frequentemente a favor da autenticidade deste tipo de imagens e chegou mesmo a ocupar o cargo de vice-presidente da Sociedade para o Estudo de Imagens Supranormais, uma associação londrina criada em 1918. Resta pensar o que teria o detective Sherlock Holmes a dizer, conhecido pelos seus métodos científicos e terra-a-terra, dos interesses paranormais do seu criador?
De: Obvious
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