sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine vai comandar a Petrobras


Aldemir Bendine
Conselho de Administração da estatal elegeu hoje Aldemir Bendine e mais cinco diretores Arquivo Agência Brasil

Daniel Mello e Bruno Bocchini - Repórteres da Agência Brasil
 Edição: José Romildo
O Conselho de Administração da Petrobras aprovou hoje (6) a indicação do atual presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, para a presidência da empresa, em substituição a Maria das Graças Foster, que renunciou ao cargo quarta-feira (4). Além do novo presidente, eleito por maioria, o Conselho de Administração escolheu cinco novos diretores. Graça Foster desligou-se também do Conselho de Administração da companhia.
Graduado em administração de empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com MBA em finanças e em formação geral para altos executivos, Bendine é também membro do Conselho de Administração do Banco do Brasil.
Eleito por maioria para a Diretoria Financeira e de Relacionamento com Investidores, Ivan de Souza Monteiro substituirá Almir Barbassa, que também renunciou há dois dias. Vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do Banco do Brasil desde junho de 2009, Monteiro ocupou na instituição os cargos de diretor comercial, vice-presidente de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores e de presidente do Conselho de Supervisão da BB AG. É graduado em engenharia eletrônica e telecomunicações pela Inatel-MG, com MBA em finanças e gestão.
A gerente executiva de Exploração e Produção Corporativa da Petrobras, Solange da Silva Guedes, foi eleita para a Diretoria de Exploração e Produção, em substituição a José Miranda Formigli Filho. Solange Guedes é doutora em engenharia de petróleo e tem experiência de 30 anos na Petrobras, onde já ocupou diversas posições gerenciais, todas relacionadas à área de exploração e podução.
O atual gerente executivo de Logística do Abastecimento, Jorge Celestino Ramos, será diretor de Abastecimento, em substituição a José Carlos Cosenza. Jorge Celestino é formado em engenharia química pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e em engenharia de processamento de petróleo pelo Cenpro, com especialização em tecnologia de produção de álcool pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e MBA em administração e marketing. Ele trabalha há 32 anos na Petrobras, onde já ocupou diversas posições gerenciais na área de Abastecimento e na Petrobras Distribuidora.
Para a Diretoria de Gás e Energia, foi eleito o atual gerente executivo de Gás e Energia Corporativo, Hugo Repsold Júnior, que substituirá José Alcides Santoro Martins. Formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal Fluminense, em economia pela Uerj e mestre em planejamento energético pelo Programa de Planejamento Energético da UFRJ, Hugo Repsold trabalha há 30 anos na companhia, onde ocupou posições gerenciais nas áreas de Exploração e Produção, Estratégia e Desempenho Empresarial e Gás e Energia.
O atual gerente executivo de Engenharia para Empreendimentos Submarinos, Roberto Moro, será o novo diretor de Engenharia, Tecnologia e Materiais em substituição a José Antônio de Figueiredo. Roberto Moro é formado em engenharia mecânica pela Universidade Gama Filho, com especialização em gerenciamento de projetos, Moro está há 33 anos na Petrobras, onde já ocupou diversas posições gerenciais na área de Engenharia.

A CARTA AO POVO BRASILEIRO, DE DILMA ROUSSEFF

Não há uma regra geral para a gestão macroeconômica: ela é uma arte (o clichê é muito repetido, mas não deixa de ser correto). Dependerá sempre dos problemas diagnosticados e do contexto histórico específico em que a ação reparadora se exerce. O sucesso de um arranjo de políticas monetária, fiscal e cambial num período não assegura o sucesso em período muito diferente.
O anúncio de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda do segundo governo de Dilma Rousseff tem certo ar déjà vu. Diante da desconfiança manifesta por representantes do mercado financeiro em 2002, o candidato Luis Inacio Lula da Silva escreveu um manifesto destinado a acalmar espíritos especulativos. Prometia repetir o arranjo macroeconômico – o velho tripé – e respeitar contratos que herdara do combalido governo FHC.
Poucos sabiam que o governo Lula iria acentuar o rigor da política fiscal com metas de superávit primário nunca vistas na história do país. No Banco Central, a gestão de Meirelles elevaria o diferencial de juros a ponto de induzir grandes influxos de capital e provocar apreciação cambial inaudita do Real.
Por que a repetição do tripé não levou imediatamente ao tripé característico da década de 1990, desindustrialização, rentismo e déficit crescente de transações correntes, resultando no baixo crescimento?
Em parte por sorte: a economia mundial entrava em 2003 em um longo ciclo de expansão que foi particularmente feliz para países periféricos exportadores de produtores primários, permitindo-lhes acumular reservas cambiais para superar a restrição externa típica da década anterior.
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Também por virtude, embora hesitante de início: a expansão do gasto social, do crédito consignado e o aumento do salário mínimo deram um grande impulso ao mercado interno, que multiplicou o impulso inicial das exportações e induziu grande recuperação do investimento privado e da arrecadação fiscal.
A virtude teve a sorte de liberar-se de entraves desnecessários, depois que a indiscrição quanto às transações financeiras de um caseiro derrubou Pallocci e seu secretário do Tesouro, apelidado à época de Joaquim Mãos-de-Tesoura. Diz-se que Lula não economizava bom humor ao sugerir que Levy era o verdadeiro Presidente da República.
A história se repetirá como farsa em 2015?
Dilma Rousseff já anunciou um roteiro diferente. Prometeu (depois da campanha de reeleição) que o ajuste fiscal não afetará gastos e receitas que reduzam a demanda e, portanto, não empurrará uma economia estagnada para a recessão e a retomada do desemprego.
Antes e depois das eleições, a Carta ao Povo Brasileiro, de Dilma Rousseff foi, de fato, oposta à de Lula, mas suas primeiras nomeações como candidata eleita surpreenderam quase todos, assim como a meta fiscal anunciada por seu novo Ministro da Fazenda: 1,2% do PIB de acordo com as estatísticas do Banco Central, ou seja, sem descontar investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Lembre-se que, na Casa Civil de Lula, o desconto de investimentos públicos da meta fiscal foi o motivo central de conflito com o Ministério da Fazenda chefiado por Pallocci.
Tamanha reviravolta era necessária? Pode ela ser contraproducente, agravando os problemas que quer resolver, particularmente a trajetória da dívida pública?
Não parece que a reviravolta fosse necessária. É verdade que a retórica contra os banqueiros na campanha presidencial apenas aprofundou o desconforto mútuo gerado pela politização da redução da taxa básica de juros e, principalmente, o uso dos bancos públicos para forçar a redução dos spreads dos bancos comerciais em 2012. Alguma reaproximação era esperada, uma vez que o governo Dilma pretende ampliar concessões de serviços públicos e enfrenta tanto grande rejeição entre investidores, quanto oposição no Congresso Nacional e na sociedade disposta a paralisar a administração.
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Dito isso, a conjuntura atual não exige contração fiscal até cinco vezes maior do que a variação de 0,36% do PIB e do superávit primário entre 2002 e 2003, dependendo do resultado de 2014; nem de se a meta de 1,2% do PIB anunciada para 2015 for “cheia” ou não.
O risco de um default generalizado da dívida externa privada e o encarecimento trágico da dívida pública denominada em dólares exigia, ali em 2003, políticas apaziguadoras dos mercados financeiros. Hoje, contudo, o governo é credor em dólares e boa parte do passivo externo privado, sobretudo em renda variável, é cotado em reais.
Apesar do déficit em transações correntes, boa parte é financiado com investimento externo direto, e o diferencial de juros continuará muito atraente depois da elevação das taxas de juros nos EUA. O regime de câmbio flutuante é muito melhor administrado do que em 2002.
O pior é que a contração fiscal pode se mostrar contraproducente para seu objetivo declarado: evitar a perda do “grau de investimento” (investment grade) junto às desacreditadas agências de classificação de risco (Standard’& Poor’s, Moody’s, Fitch) que autorizam fundos de investimento a aplicarem na dívida pública e reduzem taxas de juros para os vários agentes privados que levantam recursos no exterior. Por quê?
Primeiro, porque as condições internacionais são muito diferentes daquelas há 12 anos. Em 2003, o comércio internacional estagnou, antes de crescer perto de 15% a.a. pelos cinco anos seguintes. As exportações brasileiras agregadas para os EUA e União Europeia, contudo, já dobravam em relação a 2002 e decuplicaram em relação a 2001. Também se iniciou em 2003 o boom das exportações industriais para a América do Sul e o boom das exportações de commodities para a China.
Nada semelhante é provável nos próximos anos. Ao contrário, o excesso de capacidade na indústria mundial deve continuar contendo a produção e as exportações industriais brasileiras, enquanto o preço das commodities deve ser pressionado pela elevação de juros nos EUA e pela desaceleração chinesa.
O que falar da demanda interna, que esteve fortemente protegida da concorrência internacional pela depreciação cambial até cerca de 2006?
O cenário não poderia ser mais diferente. Em 2003, as bases sociais do governo Lula forçavam pela satisfação de demandas reprimidas, e o governo foi capaz de desenhar políticas que abriram, contra a oposição neoliberal, um longo horizonte de ampliação do emprego formal com salários crescentes, das transferências sociais, do crédito ao consumidor e, depois da queda de Pallocci, do salário mínimo e do investimento público, estimulando a produção e o investimento industrial.
Hoje, ao contrário, a estrutura industrial sofre os danos trazidos pela apreciação cambial e pelo acirramento da concorrência com a crise global. As empresas ampliam a revenda de bens industriais importados e eliminam vagas. A indústria de transformação gerou 2.200 mil vagas de 2003 a 2008, mas perdeu 800 mil de 2009 a 2012.
O crescimento do emprego puxado pelo setor de serviços dá mostras de emperrar em 2014, mas em nenhum momento foi capaz de oferecer empregos bem pagos: de 2011 a 2013, foram geradas 1.400 mil vagas até 1 salário mínimo (S.M.); 3 milhões até 1,5 S.M.; 100 mil até 2 S.M.; mas eliminadas 1.200 mil acima disso. Entre janeiro e novembro de 2014, só foram geradas vagas até 1,5 S.M., no montante de 1.200 mil vagas, sendo eliminadas 500 mil vagas com rendimentos acima de 1,5 S.M. A maré do emprego começou a mudar: no geral, foram eliminadas 30 mil vagas em outubro, e espera-se a mesma tendência nos próximos meses.
Com a virada na expectativa de emprego, o alto comprometimento da renda das famílias com serviços de dívidas e a elevação de taxa de juros, a trajetória de desaceleração do consumo das famílias deve prosseguir ou, quiçá, estabilizar-se em torno à taxa de 2% a.a. Dificilmente será fonte de demanda capaz de recuperar o crescimento nos próximos dois anos, pelo menos. Dado o aumento recente da capacidade ociosa da indústria, estoques elevados e a sinalização de contração feita pelo governo, o investimento induzido pela demanda tampouco deve recuperar-se. O risco de racionamento de água ou energia elétrica também não estimula o ânimo empresarial.
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Ademais, o fato de que o alcance da meta de superávit primário deve contar com elevação de alíquotas do IPI, IOF, Cide, TJLP, impostos sobre bens de capital e preços administrados deve pressionar a inflação e reforçar a desaceleração do consumo e do investimento induzido. Imagine-se se o Banco Central resolver compensar essa pressão inflacionária com o recurso à apreciação cambial induzida por elevação de juros básicos.
E o investimento autônomo? Aparentemente também se reduzirá. Primeiro, porque a meta fiscal exigirá corte do investimento público (inclusive do PAC), enquanto a Petrobrás deve experimentar dificuldades para levar adiante seus projetos. Na melhor das hipóteses, isso pode ocorrer por dificuldades para levantar recursos e pela reforma lenta dos controles contra corrupção. Na pior e menos provável das hipóteses, porque o preço do petróleo pode aproximar-se do piso lucrativo para o Pré-Sal.
O governo parece apostar suas fichas no investimento em recursos naturais e na infraestrutura, sobretudo através de concessões e parcerias público-privadas. O cenário de preços para commodities, contudo, não parece ser muito atraente para investimentos a curto prazo. Concessões e parcerias, por sua vez, dependem de um processo demorado de definição de regras de operação, de licitação e elaboração de projetos. O fato de que as principais empresas candidatas aos leilões, ou seja, as grandes empreiteiras brasileiras, estão sob apreciação policial, judicial e política torna improvável que o investimento autônomo do setor privado nos salve, a curto prazo, da recessão que a austeridade fiscal e monetária deve iniciar em 2015.
Uma recessão não é um evento classificado benignamente pelas agências de classificação de risco, por mais estranhos sejam seus critérios de avaliação. Embora deva resultar de políticas exigidas pelos porta-vozes dos mercados financeiros, é duvidoso que seja capaz de comprar-lhes a boa vontade. Aliás, a história é repleta de ocasiões em que atender à exigência de austeridade dos credores da dívida pública traz exatamente a deterioração da trajetória da dívida e a inquietude dos credores.
Uma recessão tampouco deve facilitar a governabilidade diante de um Congresso Nacional que é muito demandante de verbas e cargos. Principalmente se a recessão empurrar as ruas contra um governo acuado por denúncias de corrupção e por uma oposição inconciliável e, até, constituída por alguns políticos que mal disfarçam o golpismo.
O que se recomenda em uma economia cuja demanda privada embica para o terreno negativo é exatamente o contrário da austeridade: a ampliação do investimento público, de preferência articulado a um plano longo de recuperação dos investimentos privados. Isso é prudente mesmo que aumente temporariamente a dívida pública antes da elevação da arrecadação de impostos trazida pela retomada do crescimento e, idealmente, por uma reforma que aumente a progressividade da tributação. É, de todo modo, melhor aumentar a dívida pública mediante o financiamento de investimentos que evitem uma recessão, do que como resultado da queda da arrecadação tributária líquida trazida pela recessão e pela elevação dos juros que corrigem a própria dívida.
Essa é uma Carta ao Povo Brasileiro, para a qual Joaquim Levy não parece talhado. Ele mudará a ponto de respeitar a promessa (pós-eleitoral) de Dilma Rousseff de evitar um ajuste fiscal que afete gastos e receitas que influenciem negativamente a demanda efetiva, empurrando a economia para a recessão?
* – Professor Associado (Livre Docente) do Instituto de Economia da Unicamp. Membro do Fórum 21: Ideias para o Avanço Social.| O artigo incorpora dados disponíveis até a data do envio para publicação em 19/12/2014.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Ministério Público pede dispensa de Venina em novos depoimentos da Lava Jato

André Richter - Enviado Especial da Agência Brasil/EBC Edição: Armando Cardoso
O Ministério Público Federal (MPF), órgão responsável pela força-tarefa das investigações da Operação Lava Jato, desistiu de tomar novos depoimentos da ex-gerente executiva da Diretoria de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca. Ela prestou depoimento ontem (3) perante a Justiça Federal em Curitiba.
De acordo com os procuradores, Venina pouco acrescentou aos fatos apurados. Ela disse que teve conhecimento do pagamento de propina e do cartel de empreiteiras que prestavam serviços à Petrobras, mas ressaltou que tinha poucas informações, porque a contratação das empresas era feita pela Diretoria de Serviços e Engenharia, então comandada por Renato Duque, que chegou a ser preso na Lava Jato.
Em depoimento de ontem, Venina informou ao juiz federal Sérgio Moro que um funcionário da área jurídica da empresa também foi afastado das funções após denunciar reuniões em que contratos aditivos eram negociados. Segundo ela, em julho de 2009, o gerente Fernando de Castro Sá tomou conhecimento de alguns documentos sobre reunião de advogados da Petrobras e da Ademi na empresa. Venina disse que era solicitado que as empresas fizessem o pedido de aditivos de forma clara e organizada, já que eram considerados confusos e ficava difícil organizar.
"Quando ocorreu isso, ele me falou que montou uma documentação sobre o assunto e encaminhou ao gerente jurídico da Petrobras, Nilton Maia. Em vez de se sentir apoiado, Nilton Maia criou uma comissão disciplinar, uma sindicância, e o gerente foi afastado das funções e colocado em uma sala, por um período, sem trabalho", relatou.
Venina Velosa também afirmou que houve uma "escalada de preços" nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, principal área investigada na Operação Lava Jato. Ela acrescentou que o fato ocorreu porque o ex-diretor de Serviços e Engenharia Renato Duque desaprovou novo modelo de contrato que responsabilizaria as empresas em caso de prejuízos.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

As marchinhas mais significativas do carnaval brasileiro

As marchinhas de carnaval são até mais tradicionais que os sambas-enredo. Principalmente se considerarmos os sambas de agora, que se tornaram um amontoado de palavras cantadas depressa com um refrão feito pra levantar as pessoas das arquibancadas (e que nem sempre levantam).
Não sei se o "Fantástico", promoverá , de novo, o festival de marchinhas que nunca serão cantadas. Não só porque as marchinhas do tal concurso são fracas, mas porque, ao que parece, acabou a "era das marchinhas". Ainda hoje, as marchinhas cantadas em festas de carnaval são as marchinhas antigas. É possível que entre as inumeráveis marchinhas carnavalescas produzidas em cerca de 70 anos (1899-1970) tenha-se produzido tantas pérolas musicais que ficou impossível criar algo melhor. Assim, a opção é cantar as velhas marchinhas, já que elas funcionam bem.
As marchinhas versavam sobre os mais diversos temas (amor, política, notícias da época, costumes...) com uma leveza e um humor que tornavam a crítica social e de costumes  absorvível por todas as camadas sociais. Uma das características próprias das boas marchinhas é se prestarem a um sem-número de versões, nas quais se encaixam letras sobre os mais diversos temas. Algumas marchinhas, no espírito politicamente correto da contemporaneidade seriam fulminadas caso fossem compostas nos dias de hoje.
Seguem as marchinhas consideradas por este modesto blogueiro como as mais significativas. Se algum dos leitores desta postagem desejar, acrescente as de seu gosto.

OH ABRE ALAS - 1899 - Chiquinha Gonzaga
Considerada a primeira música composta especificamente para uma agremiação carnavalesca (a Rosas de Ouro) a marchinha destaca-se pela simplicidade e por ser cantada ainda hoje, passados mais de cem anos desde sua composição.




O TEU CABELO NÃO NEGA- 1931 - Lamartine Babo/Irmãos Valença
Hoje, veríamos essa marchinha como uma obra preconceituosa, à época, foi sucesso e, também um dos primeiros grandes casos de plágio da música brasileira. Vender e roubar músicas era prática comum por um longo período da nossa música, fazendo a glória de muitos e a miséria de outros



MAMÃE EU QUERO- 1936 - Jararaca e Vicente Paiva  
Jararaca integrava, com Ratinho, uma conhecida dupla caipira. Isso não impediu que compusesse uma marchinha carnavalesca que, possivelmente, seja a mais conhecida de todos os tempos.


AS PASTORINHAS - 1938 - Noel Rosa e João de Barro (Braguinha)
Noel e Braguinha merecem postagens à parte, pois estão entre os mais prolíficos e criativos compositores da música brasileira. A marchinha é lenta e até melancólica, muito no estilo de Noel Rosa.


A JARDINEIRA- 1938 - Benedito Lacerda e Humberto Porto
A marchinha começa com uma história triste (a morte da camélia) para depois estourar num extravasamento de alegria pela vida e pela beleza da jardineira, que é "muito mais bonita que a camélia que morreu".


ALÁ-LÁ-Ô- 1940 - Haroldo Lobo e Nássara,
Na minha singela opinião, uma obra prima das marchinhas. Mistura um monte de coisas (Egito, muçulmanismo e carnaval) é fácil de cantar e ainda se refere a algo comum no carnaval, o calor. É a marchinha perfeita.


CACHAÇA - 1946 - Marinósio Trigueiros Filho,Lúcio de Castro, He­­ber Lobato e Mirabeau Pinheiro.
Outro caso famoso de plágio, a marchinha é o hino dos bebuns de carnaval, além de, como é comum às marchinhas, prestar-se a inúmeras versões.


Outro hino dos bebuns de carnaval, a marchinha consagra a festa como período de excessos tolerados.


Composta por três irmãos, é lembrada em qualquer época, com um refrão inesquecível. Também faz parte do "ciclo etílico" das marchinas d ecarnaval.


CABELEIRA DO ZEZÉ - 1963 João Roberto Kelly e Roberto Faissal
Podendo ser considerado politicamente incorreto, a marcha do mesmo autor de "Maria Sapatão" é cantada em todos os carnavais.


NÓS, OS CARECAS -1942- Arlindo Marques Júnior  e Roberto Roberti
Uma lição de auto-estima. Vai pra lista porque é o consolo dos calvos.


MÁSCARA NEGRA - 1967 - Zé Keti e Pereira Matos
Outro caso de música que foi parar na justiça, Máscara Negra começa com uma história triste e conclui com o apelo à alegria do carnaval. O efeito no público é visível. É a desculpa perfeita para beijar alguém.


BANDEIRA BRANCA - 1970 - Max Nunes e Laércio Alves
O último sucesso de Dalva de Oliveira e última marchinha carnavalesca de sucesso. Música triste na melodia e na letra, é estranho que tenha virado sucesso no carnaval. Pode ser considerada a despedida das marchinhas carnavalescas.

Taí (Pra Você Gostar de Mim) - 1930 - Joubert de Carvalho
Foi a primeira marchinha gravada por Carmen Miranda. A idéia de Joubert é que a música fosse uma marcha canção, não tendo finalidade carnavalesca. Foi gravada pela Orchestra Victor, sob regência de Pixinguinha, na Victor em 27 de Janeiro de 1930.
Nos registros da gravação vem como Marcha Carnavalesca. Entre o encontro de Joubert e Carmen e a data da gravação, tudo aconteceu em menos de um mês.

"Heróis da Liberdade": o melhor samba enredo de todos os tempos?

Serei pedante. Não é possível comparar os sambas-enredo de hoje com os de antigamente. Antes, os sambas enredo diziam algo. Não eram jingles vazios em ritmo de samba acelerado; eram músicas com direito a letra e melodia elaboradas. A simplicidade das alegorias era acompanhada pela sofisticação do samba, que era o fundamental.
O samba do Império Serrano do ano de 1969 é considerado um dos mais lindos, talvez o melhor, de todos os sambas enredo do carnaval carioca. Em plena ditadura, milhares de pessoas cantaram "Os heróis da Liberdade", de Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola. Neste ano, a Império Serrano foi campeã.
Abaixo, vídeo com áudio do samba e imagens do desfile. A seguir, a letra e a bela interpretação do saudoso Roberto Ribeiro.


Heróis da liberdade

Ô ô ô ô
Liberdade, Senhor,
Passava a noite, vinha dia
O sangue do negro corria
Dia a dia
De lamento em lamento
De agonia em agonia
Ele pedia
O fim da tirania
Lá em Vila Rica
Junto ao Largo da Bica
Local da opressão
A fiel maçonaria
Com sabedoria
Deu sua decisão lá, rá, rá
Com flores e alegria veio a abolição
A Independência laureando o seu brasão
Ao longe soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim:
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Esta brisa que a juventude afaga
Esta chama que o ódio não apaga pelo Universo
É a (r)evolução em sua legítima razão
Samba, oh samba
Tem a sua primazia
De gozar da felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos "Heróis da Liberdade"
Ô ô ô