O processo eleitoral selecionou a polarização entre PT e PSDB, a mesma dos últimos 20 anos. O resultado impede que a política brasileira seja renovada, obrigando os eleitores a uma opção conservadora. Por conta disto, penso que Marina e a Rede fariam melhor caso se mantivessem a par desta disputa, antecipando uma postura de oposição ao próximo governo. Há, seguramente, muitos aspectos a serem considerados e não parto do princípio de que minha posição esteja correta. O fato é que, neste momento, divirjo em um ponto essencial da posição tomada por Marina que anunciou apoio a Aécio a partir de um diálogo em torno de pontos programáticos importantes, mas que não serão assumidos efetivamente pelo PSDB e por sua composição política.
Pessoalmente, embora com uma visão essencialmente crítica a respeito do governo Dilma, não considero que Aécio seja uma alternativa, nem que represente compromissos mais avançados. Pelo contrário, penso que um governo do PSDB poderá abrir espaços para retrocessos importantes em temas cruciais como as políticas de segurança – com a abordagem do tipo “Lei e Ordem”, o estímulo à violência policial e o incremento da demanda por encarceramento. O tema da redução da idade penal sintetiza uma visão essencialmente repressiva sobre segurança, constituindo um mantra com o qual Aécio e o PSDB articulam o apoio dos setores mais reacionários na área. Apenas isto já seria o suficiente para recusar o caminho proposto por Aécio.
Com esta breve avaliação, registro que votarei em Dilma no 2º turno, como já o fiz em 2010. Os motivos são os mesmos. Temos de um lado uma proposta que, a par dos seus limites políticos e morais, possui um sentido claramente inclusivo que tem beneficiado setores historicamente fragilizados. De outro, temos um campo que é muito mais claramente orgânico aos grandes grupos econômicos e que tende a reduzir o impacto das políticas sociais ao invés de aprofundá-lo: trata-se, então, de evitar o pior. Ponto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por sua opinião