O governador Carlos Costa também decidiu “suspender, com efeitos imediatos, os membros dos organismos de administração com responsabilidades em auditoria e gestão de riscos, assim como os titulares dos organismos de fiscalização”. Esta suspensão afeta os atuais administradores Rui Silveira, António Souto e Joaquim Goes, que dirigiam essas áreas. Por enquanto serão substituídos temporariamente até que os acionistas proponham novos gestores na próxima assembléia geral.
O supervisor também decidiu indicar uma comissão de fiscalização composta por pessoas da PriceWaterhouseCoopers até que os acionistas promovam uma substituição dos membros da comissão de auditoria.
A intervenção do Banco de Portugal no coração executivo do Banco Espírito Santo é, independente do nome que seja dado, uma intervenção absoluta do Estado, por causa das perdas do banco e dos indícios de irregularidades nas contas semestrais. Também solicita ao atual administrador, Vítor Bento, que seja apresentado o quanto antes um plano de ampliação do capital já que sua atual proporção está 5% abaixo do mínimo aconselhado pelas autoridades europeias, que é de 9%. Depois da ampliação de capital no dia 16 de junho, o BES informou que a proporção era de 10,3%.
A ação chegou a cair 51%, a maior queda na história da Bolsa de Lisboa.
Especula-se que haverá uma ampliação superior aos 3 bilhões de euros. A pretensão de Bento é que seja inteiramente privada, mas segundo alguns analistas financeiros isso vai ser muito difícil. Merrion Stockbroker descarta a opção “completamente privada”, enquanto que o Credit Sight aposta que a ampliação de capital chegará aos 4 bilhões.
O Banco Central não descarta que depois de finalizada a auditoria em curso poderão surgir indícios de delitos dos membros do antigo conselho de administração, principalmente contra seus dois principais dirigentes, Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires. Tanto o supervisor quanto Bento afirmaram que os responsáveis seriam levados aos tribunais se os atuais indícios forem confirmados.
Com essas perspectivas, às dez da manhã, quando as ações do banco começaram a ser negociadas, a queda foi instantânea. Chegou a cair 51%, cotando a 0,17 euros. Depois se recuperou até chegar a -24%. O BES arrastou todo o setor bancário e a própria Bolsa, mas sobretudo sua sócia Portugal Telecom, com -7%, que possui ao redor de 10% de uma participação que pretende vender, mas que vale cada vez menos.
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