Golpistas
Antonio Delfim Netto é economista e professor-emérito da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), onde formou-se, em 1951. Foi secretário de Finanças de São Paulo, ministro da Fazenda, ministro da Agricultura, ministro-chefe da Secretaria de Planejamento da Presidência da República e embaixador do Brasil na França. Tudo durante o regime militar ditatorial que vigorou durante vinte e um anos no País (1964-1984). Participou da elaboração da Constituição de 1988 como deputado de um partido conservador.
Apesar desse passado tenebroso, o economista-decano tem ainda influência na formação da opinião pública, além do respeito devido na opinião especializada. Lembram-no como “o milagreiro” e não como o arquiteto do arrocho salarial e/ou da concentração de renda, o manipulador de índices de inflação, ou o detonador do regime de alta inflação no País com duas maxidesvalorizações cambiais. Assim, quando ele afirma algo como a declaração abaixo (Valor, 18/03/14), é o caso de “parar para pensar a respeito de sua credibilidade”…
“É um pouco ridícula a disputa quase infantil que estamos assistindo sobre quem foi “melhor”: os oito anos de FHC, os oito de Lula ou os três de Dilma. Cada um teve seus méritos e sua herança. O primeiro estabilizou, os segundos distribuíram. Do ponto de vista dos resultados objetivos, e não da propaganda, nivelam-se, com o crescimento no governo Dilma ficando, na margem, cada vez mais parecido com o de FHC. A tabela acima revela esse fato. É por isso que para os recíprocos e calorosos autoelogios, tanto no PSDB quanto no PT, é preciso recomendar como fazia o professor Raimundo na sua célebre escolinha: “Menos, Batista, menos…”.
No entanto, ele também deveria refletir ao emitir sua opinião: será que o eleitor observa o passado, o presente ou a perspectiva do futuro quando deposita seu voto na urna? Mesmo que avalie as três dimensões, parece-me que o bem-estar social presente — refletido nos indicadores sociais de baixo desemprego, garantia da renda-mínima (inclusive aumento real do salário mínimo), aumento da escolaridade por matrículas no Pronatec (escolas técnicas), ProUni/Fies (nas Universidades Particulares) e nas Universidades Federais, Programa Mais Médicos na área da saúde pública, Programa Minha Casa Minha Vida no financiamento da aquisição da própria moradia, etc. –, não aparece na sua tabela restrita a indicadores econômicos acima, aliás, como é comum na reflexão de economista ortodoxo.
Isto sem falar nas perspectivas futuras com a maturação do investimento na infraestrutura (energética: Belo Monte e Pré-Sal) e em logística (estradas, hidrovias, portos e aeroportos): a economia brasileira se tornará grande exportadora de petróleo e commodities minerais e agrícolas. O Fundo Social de Riqueza Soberana (FSRS) propiciará grandes investimentos em Educação e Saúde, Ciência e Tecnologia. A qualidade de vida de seu povo melhorará ainda mais!
Esse cenário socioeconômico otimista ocorrerá se o Governo Social-Desenvolvimentista não for derrotado e não houver regressão sociopolítica e econômica. A ignorância dos saudosos do regime militar — aqueles fieis leitores da Veja e de outros golpistas, que consideram a si próprios os únicos “fixas (sic) limpas” — terá de ser derrotada nas urnas mais uma vez! E eles terão de respeitar a Democracia!
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