sábado, 12 de janeiro de 2013

Resultado Paradoxal - Marcos Rolim

Neste artigo, Marcos Rolim faz reflexões perturbadoras sobre o julgamento do "mensalão". Perturbadoras por serem pertinentes. Quem puder contestá-las com substância, fique livre para comentar


Depois que o PT foi colocado no banco dos réus, aumentou muito o número de pessoas éticas no Brasil.
Ironias à parte, é uma pena que um partido criado nas lutas populares e em torno de uma promessa transformadora tenha se tornado refém de estratégia delinquente definida por tão poucos. É patético que, após este processo, seus dirigentes sigam oferecendo declarações diversionistas e encomendando panos quentes, enquanto máfias proliferam em seus quintais. Quando o PT fez a opção de não cortar na própria pele, sabia que o preço seria pago em doses de cinismo. Os que assim se comportaram são coautores de fraude contra os sonhos de uma geração. Por este crime, pelo menos, não podem ser punidos, nem perdoados.
Por outro lado, impressiona a disposição pela execução sumária. Seria até compreensível que os partidos de oposição respondessem assim, tendo em conta a intolerância do PT na época em que se imaginava o sal da terra. O problema é que há um discurso que unifica o ideário mais conservador e parte dos comentaristas em favor do emburrecimento. Trata-se, aliás, de simbiose cultural e ideológica e não de “estratégia golpista”. Este acasalamento antijornalismo aparece em pressupostos como: a) políticos são, por princípio, culpados e, se forem do PT, são mais culpados; b) o Estado é inoperante por definição e quando auxilia os pobres é populista; c) presunção de inocência, ampla defesa, privacidade e preservação da imagem são formalidades que atrapalham; e) o problema da segurança pública no Brasil é a impunidade e esta se resolve com leis mais duras e não com provas mais consistentes e, d) a regulação da comunicação social é um atentado à liberdade de expressão; se o tema for proposto pelo PT, é prenúncio da ditadura do proletariado. A cobertura do julgamento do mensalão evidenciou simplificações do tipo. Primeiro, houve grande pressão da mídia por um julgamento “efetivo”, de natureza “técnica” e não “política” (outra das polarizações infantis que sobrevivem graças à irreflexão). No Brasil, a efetividade de um julgamento é tomada como o equivalente à condenação. Não se cogita que julgamento efetivo seja aquele que produz justiça. Entre nós, o acusador é a encarnação do bem, enquanto a defesa é desprezada como empecilho. Só por isso, Joaquim Barbosa é nosso Eliot Ness e Levandowski, o reflexo do Tinhoso. O mensalão foi apresentado como “o maior escândalo de corrupção da história”, o que, a despeito da sua gravidade, obviamente nunca foi. Depois, não se considerou preocupante que algumas condenações tenham dispensado a chamada “prova robusta”; nem que certas penas tenham sido claramente desproporcionais. O resultado foi saudado como prenúncio de um “novo tempo” em editoriais que lembram as orientações do Dr. Pangloss, célebre personagem de Voltaire. Muito antes disto, entretanto, ele se revela  paradoxal. Por um lado, é importante que a Justiça puna poderosos - ao invés de apenas responder aos crimes da marginalização social. Por outro, é ameaçador que o faça com base no argumento “só pode ser” e em um clima político que lembra mais os ânimos de um grenal do que a disposição de busca pela verdade.

Tom Cruise seria um semideus, segundo Cientologia


Tom Cruise seria um semideus, segundo Cientologia
Ator é visto como uma espécie da “salvador da humanidade”
por Jarbas Aragão, em Gospel Prime
 
O jornalista e autor premiado Lawrence Wright acaba de lançar o livro “Going clear: scientology, Hollywood and the prison of belief” [Esclarecendo: cientologia, Hollywood e a prisão da fé]. A obra é fruto de anos de pesquisa e horas de entrevista com mais de 200 membros e ex-membros desta religião, que para muitos não passa de uma seita maluca.
A maioria dos seus seguidores são pessoas famosas, como os atores Tom Cruise, Will Smith, John Travolta, Christopher Reeve, e as atrizes Juliette Lewis, Nicole Kidman e Nancy Cartwright ( a voz original de Bart Simpson).
O grupo religioso iniciou-se em 1950, quando Lafayette Ron Hubbard publicou o livro Dianética – A Ciência Moderna da Saúde Mental. Sua obra era considerada ficção cientifica, mas depois passou a ser usada como autoajuda. Foi um grande sucesso de vendas, com mais de 50 milhões de copias vendidas desde então. Hubbard defendia que o homem é um ser imortal e que o caminho para a felicidade está em apagar da memória as experiências negativas que encontra durante a vida.
Porém, acredita também que 75 milhões de anos atrás, o imperador galáctico Xenu fez milhões de prisioneiros, trouxe-os até a Terra em naves espaciais e jogou bombas atômicas para acabar com todo mundo. As almas desses seres, chamados thetans, ficaram no planeta e encarnaram nos primeiros Homo sapiens. Esse é o motivo de todos os conflitos e angústias da humanidade, pois elas continuam entrando nos seres humanos.
A solução é passar por processos de ‘limpeza” oferecidos pela Cientologia. Como isso tem um custo, a religião afirma possuir um bilhão de dólares em sua conta e tenta se firmar em todo o mundo. Foi banida de alguns países como Alemanha, Inglaterra, Espanha,  França e Bélgica.
Existe no Brasil desde 1994, onde possui dois centros em São Paulo. Segundo seus membros, já foram vendidos mais de 15 mil exemplares dos livros de Hubbard no Brasil.
Entre as maiores revelações de Lawrence Wright estão que Tom Cruise ambiciona ser presidente dos Estados Unidos e que ele acredita ter a missão de salvar o planeta desses tethans que habitam os corpos dos humanos.
Membros desde 1987, hoje ele é considerado o n.º 3 da organização religiosa, atrás do fundador, L. Ron Hubbard e do atual presidente, David Miscavige.
O livro diz que Cruise é visto como uma espécie de salvador do mundo, sendo um “enviado especial” para a Terra com poderes de um semideus. Em 2008, um vídeo com um depoimento seu fez sucesso na internet, onde declarava: “A Cientologia… tem a capacidade de criar novas realidades ou melhores condições de vida… Eu estou aqui para ajudar a humanidade… Eu gostaria que o mundo fosse um lugar diferente. Eu gostaria de tirar férias, ficar descansando e me divertir, sabe? Mas eu não posso. Porque eu sei a verdade. Eu sei que tenho que fazer algo a respeito disso [alienígenas]”.
Atualmente, a Cientologia alega ter mais de um milhões de seguidores, em 156 países e pretende lançar um canal de TV de alcance mundial em breve. Com informações New York Post e Super Interessante.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Feliz Aniversário, Geraldo Azevedo



Geraldo Azevedo (11/01/1945),iniciou sua trajetória musical quando, aos 18 anos, mudou-se para o Recife, a fim de estudar. Na capital pernambucana, juntou-se ao grupo folclórico Grupo Construção, do qual faziam parte Teca Calazans, cantora, Naná Vasconcelos, percussionista e Marcelo Melo e Toinho Alves, músicos do Quinteto Violado. Em 1967, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou com a cantora Eliana Pittman. Em seguida, juntou-se a Naná Vasconcelos, Nelson Ângelo e Franklin, formando o Quarteto Livre. O grupo acompanhou o cantor Geraldo Vandré em diversos shows, inclusive na emblemática "Caminhando". Devido a problemas políticos com a ditadura militar da época, o grupo se dissolveu. Em 1968, a cantora Eliana Pittman gravou a primeira composição de Geraldo Azevedo, "Aquela rosa". No incício dos anos 1970, formou dupla com o também pernambucano Alceu Valença. Ainda em 1970, a dupla participou do Festival Universitário da TV Tupi com as composições "78 rotações" e "Planetário". A boa performance da dupla chamou a atenção da gravadora Copacabana. Em 1972, lançou com Alceu Valença, seu primeiro LP. No mesmo ano, e ainda com o parceiro Alceu Valença, tomou parte do Festival Internacional da Canção, com a composição "Papagaio do futuro", que contou com a participação de Jackson do Pandeiro. Ainda com o parceiro Alceu e com Zé Ramalho, fez grande sucesso em fins dos anos 1970, com "Táxi lunar". Também no mesmo período fez grande sucesso com "Caravana", em parceria com Carlos Fernando e que fez parte da trilha sonora da novela "Gabriela", da TV Globo. Em seu trabalho faz um mistura entre as sofisticadas harmonias da Bossa Nova e a viva influência da música negra. É autor de composições de puro lirismo, como "Dia branco" e frevos embrasados, como "Tempo tempero" e "Pega fogo coração". Teve diversas músicas utilizadas em novelas e outros programas de televisão, entre os quais, "Juritis e borboletas", na novela "Saramandaia"e "Arraial dos tucanos", do seriado "Sítio do pica-pau amarelo", ambos na TV Globo. Em 1979 e 1980, participou do projeto coletivo de gravação de frevos, "Asas da América", volumes I e II. Em 1984, participou com os músicos Elomar, Vital Farias e Xangai, do Show "Cantoria", no Teatro Castro Alves, em Salvador, do qual resultou o disco "Cantoria I", gravado ao vivo, nos dias 13, 14 e 15 de agosto daquele ano. Nesse disco, interpretou "Novena", de sua autoria e M. Vinícius e "Semente de Adão", dele e Carlos Fernando, cantada em dueto com Xangai. Participou, ainda, como violonista em diversas faixas do disco. Em 1988, foi lançado o disco "Cantoria II". Em 1996, participou no Canecão, no Rio de Janeiro, do show "O grande encontro", ao lado de Alceu Valença, Elba Ramalho e Zé Ramalho. Do show resultou o CD "O grande encontro", onde interpretou "O ciúme", de Caetano Veloso, "Dia branco", de sua autoria e Renato Rocha, "Veja (Margarida)", de Vital Farias e "Chorando e cantando", dele e Fausto Nilo. Em 1997, gravou "O grande encontro II", com Elba e Zé Ramalho, no qual tocou viola e violão, além de interpretar canções como "O princípio do prazer", de sua autoria e "Canta coração", parceria com Carlos Fernando. Em 1998 gravou o programa "Ao vivo entre amigos", pela Rádio MEC-AM, entrevistado pelo crítico R. C. Albin, tendo sido transmitido para todo o Brasil pela TV Educativa. Em 1999, realizou uma série de shows, percorrendo diversas cidades de Minas Gerais e do Nordeste, culminando com um show em Recife, em Pernambuco, apresentado ao vivo em praça pública. Em 2000, lançou o CD "Hoje amanhã", gravado nos Estados Unidos, no qual interpretou, entre outras, "Vou te buscar" e "Quando você vem", parcerias com Geraldo Amaral e "Tá querendo", parceria com Capinam, além da música título, parceria com Fausto Nilo. Em 2001 apresentou-se na casa de espetáculos Canecão no Rio de Janeiro cantando músicas do seu disco "Hoje amanhã", acompanhado do grupo de forró Paratodos, de seu filho Lucas.Na ocasião, foi apresentado em primeira mão o clipe da música "Onde tu vai João?". Em 2002 foi homenageado pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro com o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro. No mesmo ano, tocou em Paris com um grupo de artistas brasileiros. Em 2005, fez participação especial no lançamento do DVD "O melhor forró do mundo", gravado ao vivo pelo grupo Forroçacana, em show na casa de espetáculos Canecão, no Rio de Janeiro, cantando com o grupo a música "Táxi lunar".  Em 2006, prestes a completar 43 anos de carreira, realizou show na Lona Cultural Gilberto Gil, em Realengo, no Rio de Janeiro, repassando diversos clássicos de sua trajetória, como "Dia branco, e Táxi Lunar", entre outros. Nessa ocasião, a gravadora Biscoito Fino lançou a coletânea "100 anos de frevo - É de perder o sapato", uma coletânea com dois CDs, da qual participaram vários artistas consagrados da MPB, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Alceu Valença, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Silvério Pessoa, Geraldo Azevedo e Chico Buarque, entre outros. O álbum conta com a execussão instrumental da Spokfrevo Orquestra, trazendo um repertório que vai do clássico a sucessos inquestionáveis do gênero. As faixas abrangem: "Frevo nº 1" (Antônio Maria) na voz de Maria Bethânia; "Energia" (Lula Queiroz) na voz de Lenine; Valores do Passado (Edgard Moraes) na voz de Maria Rita; "Homem de Meia Noite (Carlos Fernando / Alceu Valença) na voz de Alceu Valença; "De Chapéu de Sol Aberto" (Capiba) na voz de Vanessa da Mata; "Tempo Folião" (Carlos Fernando / Geraldo Azevedo) na voz de Geraldo Azevedo; "Frevo Rasgado" (Gilberto Gil / Bruno Ferreira) na voz de Elba Ramalho; "Me Segura se Não eu Caio" (J. Michiles) na voz de Ney matogrosso; "0 Último Regresso (Getúlio Cavalcanti) na voz de Luiz Melodia; Frevo Diabo (Edu Lobo / Chico Buarque) na voz de Edu Lobo; "Atrás do Trio Elétrico" (Caetano Veloso) na voz de Silvério Pessoa; Frevo nº3 (Antônio Maria) na voz de Geraldo Maia; "Bom Danado" (Luiz Bandeira / Ernani Seve) na voz de Nena Queiroga;" Madeira que Cupim não Rói (Capiba) na voz de Claudionor Germano; "Evocação nº1 (Nelson Ferreira) na voz de Antônio Nóbrega; "Aurora de Amor" (Romero Amorim / Maurício Cavalcanti) na voz de Lígia Miranda, Nena Queiroga, Rosana Simpson e Vanessa Oliveira. Em 2007, sete anos após seu último lançamento, lançou o CD "O Brasil existe em mim", pela Sony&BMG. Nesse álbum, há uma grande diversidade de ritmos, que passa pelos tradicionais samba, forró e maracatu, até sons mais modernizados, como a balada romântica "O Paraíso É Agora", uma versão batida remix desta mesma música, e o reagge "Ver de novo". O disco contou com participações especiais de Elba Ramalho, na faixa "São João Barroco", Alceu Valença, na faixa "Já que o Som Não...", e de Clarice Azevedo, em "Ver de novo". Em 2009, lançou seu primeiro DVD solo, "Uma geral do Azevedo", que contou com a direção geral de Lara Velho. Em 2011, lançou o CD/DVD "Salve São Francisco", homenageando o Rio São Francisco, que atravessa cinco estados do Brasil nordeste. O álbum, produzido por Robertinho do Recife, com direção musical do próprio Geraldo, traz participação de Ivete Sangalo na faixa "O Ciúme", de Caetano Veloso (de 1987) que cita o "Velho Chico" na letra. O DVD exibe imagens das gravações de estúdio. Além de Dominguinhos, Moraes Moreira, Alceu Valença e Roberto Mendes, também participam do projeto Djavan, interpretando "Barcalola do São Francisco", e Fernanda Takai, em "Opara", com influência bossa-novista. No DVD, o destaque é a interpretação de Maria Bethânia, cuja imagem não foi captada para o vídeo. Apenas a voz da cantora é ouvida na interpretação em toada de "Carranca que chora", parceria de Geraldo com Capinam. No mesmo ano, apresentou-se no evento "São João carioca", uma festa junina realizada pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Do show, participaram artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Elba Ramalho, Alcione e Dominguinhos. Ainda em 2011, foi indicado ao prêmio Grammy Latino, na categoria “Melhor Álbum de Raízes Brasileiras”, com seu disco "Salve São Francisco". 
De: Dicionário Cravo Alvin

Wallerstein: capitalismo, “austeridade” e saídas

Em todo o mundo, direitos sociais estão ameaçados. Exceções, China e Brasil estimulam consumo popular. Não é uma alternativa real

Dublin, novembro de 2012: milhares de manifestantes saem às ruas contra cortes no Orçamento, determinados pelas políticas de "austeridade"
Dublin, novembro de 2012: milhares de manifestantes saem às ruas contra cortes no Orçamento
Por Immanuel Wallerstein | Tradução: Gabriela Leite e Antonio Martins | Imagem: Julian Behal

A austeridade está, em todo o mundo, no centro das politicas. Há aparentes exceções, em alguns países – China, Brasil, os Estados do Golfo e talvez outros. Mas são exceções a algo que permeia o sistema mundial, hoje – e que equivale, em parte, a uma grande impostura. Quais são as questões?
Por um lado, o incrível desperdício de um sistema capitalista levou a uma situação na qual o sistema mundial está ameaçado por sua real incapacidade de continuar consumindo, globalmente, nos níveis que eram habituais — em especial, porque isso provoca um crescimento constante do consumo global. Estamos esgotando os elementos básicos para a sobrevivência humana, dado que o consumismo tem sido a base de nossas atividades produtivas e especulativas.
Por outro lado, sabemos que o consumo global tem sido altamente desigual, tanto entre os países quanto dentro de cada país. Além disso, a lacuna entre os beneficiários e perdedores atuais cresce persistentemente. Essas discrepâncias constituem a polarização fundamental de nosso sistema mundial, não apenas economicamente, mas política e culturalmente.
E já nem se trata de um segredo, para as populações do mundo. A mudança climática e suas consequências, a escassez de comida e água e suas consequências são visíveis para cada vez mais pessoas, muitas das quais estão começando a clamar por uma mudança de valores civilizacionais – que supere o consumismo.
As consequências políticas são muito preocupantes para alguns dos maiores produtores capitalistas. Eles estão percebendo que não oferecem mais uma proposta política convincente, e portanto enfrentam a restrição inevitável de sua habilidade para controlar os recursos e riquezas. As demandas atuais por austeridade são um tipo de esforço de última hora para segurar a onda da crise estrutural do sistema mundial.
A austeridade que está sendo praticada é uma política imposta aos setores economicamente mais fracos da população mundial. Os governos estão procurando salvar-se da perspectiva de quebras bancárias e blindar as megacorporações (especialmente, mas não somente os megabancos), para que estas não paguem o preço de suas loucuras notórias e sofrimentos autoinfligidos. A forma de fazê-lo é, essencialmente, cortar (ou eliminar completamente) as redes de seguridade social que foram erguidas historicamente para proteger os cidadãos das consequências do desemprego, de doenças sérias, incapacidade de pagar hipotecas e todos os outros problemas concretos que as pessoas e suas famílias regularmente enfrentam.
Quem busca vantagens de curto prazo continua a apostar no mercado financeiro, em transações constantes e rápidas. Mas também esse jogo depende, no médio prazo, na capacidade de encontrar compradores para as mercadorias produzidas. E a demanda efetiva está desaparecendo, tanto devido aos cortes nos sistemas de seguridade quanto por causa do medo generalizado de que haja ainda mais cortes adiante.
Os defensores da austeridade costumam assegurar, de tempos em tempos, que estamos virando a página ou vamos fazê-lo em breve, de modo que os tempos de prosperidade voltarão. Na verdade, nunca estivemos próximos deste ponto mítico de virada, e as promessas de retomada vão se tornando cada vez mais modestas e projetadas para mais tarde
Há quem pense, também que uma saída social-democrata ainda exista. Ao invés de austeridade, deveríamos ampliar os gastos governamentais e tributar os mais ricos. Mesmo se isso fosse politicamente realizável, daria certo? Os defensores da austeridade têm um único argumento plausível. Não há, no mundo, recursos suficientes para sustentar o nível de consumo que hoje todos desejam – já que cada vez mais indivíduos reivindicam ampliar seu poder aquisitivo.
Aqui entram as exceções às quais me referi. Não são países que estão alterando o grupo dos que mais consomem, mas expandindo-o. As exceções estão, portanto, ampliando os dilemas econômicos relacionados à crise — e não resolvendo-os.
Há apenas duas saídas para tais dilemas. Uma é estabelecer um sistema mundo autoritário e não-capitalista, que usará a força e a dissuasão, ao invés do “mercado”, para manter e ampliar a distribuição desigual do consumo básico. A outra é mudar nossos valores civilizacionais.
Para construir um sistema histórico relativamente democrático e relativamente igualitário, não precisamos de “crescimento”, mas do que tem sido chamado, na América Latina, de bien vivir. Significa promover continua discussão racional sobre como alocar os recursos do planeta de modo que todos possam ter acesso a tudo o que é realmente necessário para viver — e, além disso, assegurar que as futuras gerações tenham a possibilidade de desfrutar do mesmo.
Para parte das populações do mundo, isso significa que seus filhos irão consumir menos; para outras, que consumirão mais. Mas esse sistema torna possível que todos tenham a “rede de segurança” de uma vida garantida pela solidariedade social.
Nos próximos vinte a quarenta anos, assistiremos a uma enorme batalha política. O que estará em jogo não é a sobrevivência do capitalismo (que já esgotou suas possibilidades), mas o tipo de sistema que iremos, coletivamente, “escolher” para substituí-lo. Ou um modelo autoritário, que impõe polarização continuada (e expandida); ou um outro, relativamente democrático e relativamente igualitário

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Philographics: Filosofia Minimalista

O designer Genis Carreras explica filosofia através de formas básicas e cores.
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margaretems
Artigo da autoria de Margarete MS.
Eu tenho um coração um século atrasado..
Saiba como fazer parte da obvious.

Justiça chilena notifica ex-militares acusados de matar Víctor Jara

Leandro Melito* - Portal EBC

Detido um dia após o golpe militar no Chile, Víctor Jara foi executado pelos militares no dia 16 de setembro de 1973 após passar por torturas (Foto: Agência Télam) (Víctor Jara)
O juiz chileno Miguel Vázquez concluiu nesta quinta-feira (03), o processo pelo qual notificou a sete ex-oficiais de sua condição de processados pelo assassinato do cantor e compositor Víctor Jara, cometido em 16 de setembro de 1973, após o golpe militar comandado pelo general Augusto Pinochet que culminou na morte do então presidente Salvador Allende no dia 11 de setembro.
Vázquez determinou a prisão preventiva dos militares, que eram tenentes na época do golpe e responsáveis por centenas de presos políticos encarcerados no Estádio Nacional de Santiago, transformado em centro de detenção pela ditadura e rebatizado em 2004 com o nome do cantor.

Prisão

Jara foi detido no dia 12 de setembro, um dia após o golpe, junto a centenas de alunos, trabalhadores e professores na Universidade Técnica do Estado (UTE), atual Universidade de Santiago (USACH), em que trabalhava como docente.
Autor de músicas de protesto e diretor de teatro, Jara foi reconhecido pelos militares, separado dos demais prisioneiros e submetido a vários dias de torturas, entre elas queimaduras com cigarros, simulações de fuzilamento e fratura de suas mãos.
A sentença judicial aponta que o cantor foi “agredido fisicamente, de forma permanente, por vários oficiais”. No dia 16 de setembro, os prisioneiros foram retirados do estádio, com exceção de Jara e de Littré Quiroga Carvajal, que era diretor da empresa estatal de ferrovias durante o governo de Allende (1970-1973). Ambos foram levados ao subterrâneo e executados a tiros.
Jara recebeu 44 disparos e tinha vários ossos fraturados, segundo determinou o informe da autópsia realizada logo que seu corpo foi achado na parte posterior do Cemitério Geral de Santiago, onde foi deixado pelos militares.
Durante o julgamento, o recruta Víctor Pontigo, ajudante dos oficiais acusados, detalhou o momento da morte do cantor. “Eu levei Victor Jara para falar com os tenentes e depois de umas três horas escutei disparos, perguntei ao recruta José Cáceres de onde vinham os disparos e ele me disse que haviam matado Víctor Jara”, relatou.

Autores

A decisão apontou Pedro Barrientos Nuñez e Hugo Sánchez Marmonti como autores de homicídio qualificado e Souper Onfray, Raúl Jofré González, Edwin Dimter Bianchi, Nelson Hesse Mazzei e Luis Bethke Wulf como cúmplices. Seis  deles já foram detidos e alojados no Batalhão de Polícia Militar número 1 de Santiago.  Jofré e Luis Bethke se entregaram voluntariamente ao tribunal e os demais estão detidos desde quarta-feira (02) no batalhão.
Núñez, que vive nos Estados Unidos desde 1990 e é alvo de uma ordem internacional de captura e pedido de extradição por parte do juiz. Barrientos é apontado

Posse de Genoíno: melancólica, sim; imoral, não

 
A trajetória política e parlamentar de José Genoíno é respeitada por quase todos. Apenas militares e alguns recalcitrantes do partido ao qual Genoíno pertenceu a contestam. Pensei em escrever algo sobre a alardeada posse do deputado. Legal, moral, ilegal, imoral, enfim... Achei a posse melancólica, triste ver um nome cosagrado ficar na suplência e assumir nas condições em que assumiu. Todavia, era um direito seu, enquanto não for cassado seu mandato. Digo mais, se Genoíno reitera sua inocência, por que seria imoral assumir um mandato que obteve nas urnas? Genoíno foi julgado pelo STF, mesmo sem ter foro privilegiado (não era deputado quando os fatos jullgados ocorreram, nem o era no período do julgamento). Aliás, isso ocorreu com outros envolvidos no chamado mensalão. A Procuradoria Geral da República e o Relator do caso se negaram a desmembrar o processo e só julgarem os que fizessem jus , pela Costituição, ao foro privilegiado. Fizeram isso por mera conveniência; para agilizarem o julgamento. Não foi evidente a ilegalidade desse ato?  Enfim, pensei no que escrever e, na falta de mais ideias desisti. Até que encontrei esse artigo de Jânio de Freitas. Assino embaixo.
 
 
Moral ou imoral
 
Sentir a dignidade ultrajada por uma injustiça poderia justificar a decisão de Genoino de defendê-la com um ato político
Seja qual for a verdade a que José Genoino se refere, como razão da sua "consciência serena e tranquila" e a surgir "mais cedo ou mais tarde", sua decisão entre aceitar ou recusar a volta à Câmara é, a meu ver, de apreciação muito menos simples do que pareceu à maioria das opiniões divulgadas.
Pensei cá comigo, como faço nas dúvidas frequentes, em como agiria sob situação semelhante. Não achei resposta segura.
O motivo maior do impasse, entre vários, partiu da firmeza com que Genoino se afirma inocente, desde o início do escândalo. E cada vez com maior emoção.
Calma aí, não são todos os acusados que se dizem inocentes, não. Nem mesmo no caso desse denominado mensalão.
Marcos Valério e Delúbio Soares não o fizeram. Procuraram minimizar parte dos seus atos, justificar outros e negaram alguns, isso sim.
Silvio Pereira cedo preferiu a permuta de confissão por pena branda, a chamada delação premiada: um modo de negar a inocência.
"Legal, mas imoral!", disseram muitos sobre a decisão de Genoino por se empossar. Imoral, moral?
Pois me dei conta de que seria exatamente como defesa de minha moral, se a sentisse injustiçada, que a posse me atrairia.
Uma afirmação altiva do direito da inocência aos direitos a ela inerentes.
Também pensei em sentido oposto. Injustiças indignam e enjoam. Mandar tudo às favas, de um modo à altura da injustiça, também me pareceria possível.
Enfim, sentir a dignidade ultrajada por uma injustiça poderia justificar a decisão de José Genoino de defendê-la, com um ato político e institucional, e à sua convicção de inocência.
Não tenho como saber o que o moveu nem estou questionando a veracidade da inocência ou a culpa imputada. O assunto é outro.
E é o mesmo. A dimensão e o transcurso conturbado do julgamento no Supremo deixaram um ambiente tão excitado e desmedido que mesmo os não facciosos se confundem e incorrem em imprecisões injustas.
A respeito da posse, ouvi por exemplo pela CBN, na quinta-feira, respeitado professor de filosofia dizer que "ficou provado" que José Genoino "assinou um empréstimo com o propósito de lesar o erário público".
Tal propósito, fosse atribuído a Genoino ou ao empréstimo, não foi provado nem esteve sequer próximo disso. No valor de R$ 3 milhões, foi quitado pelo PT em parcelas depois do escândalo.
Genoino está condenado a 6 anos e 11 meses por corrupção passiva e por quadrilha, como presidente do partido em cujo interesse foram feitas as transações montadas por Marcos Valério, o PT e o Banco Rural.
Em alguma parte ou no todo dessa acusação supõe-se que esteja, com a consequente injustiça, a burla da verdade a surgir "mais cedo ou mais tarde".
Se e quando surja, estará dizendo se a posse de José Genoino foi "legal, mas imoral!" ou legal e moral.

Anúncios machistas. Vale a pena ler

Hoje em dia os publicitários têm muito cuidado ao conceber as suas campanhas. Más experiências anteriores, com anúncios que ofendiam certas pessoas ou classes sociais, fizeram-nos aprender. Conheça alguns cartazes não muito antigos em que o objecto de humilhação era mais de metade da população mundial: a mulher. Humor de mau gosto..
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"Quer dizer que uma mulher consegue abri-lo?"

Publicidade enganadora, agressiva ou subliminar são conceitos que nos soam familiares. Efectivamente, não há muitas regras no mundo da publicidade para além dos limites éticos de quem a concebe e promove. Obcecados com as vendas e os lucros, promotores e publicitários não olham a meios para persuadir os consumidores a comprar os seus produtos. Todos temos memória de algumas campanhas chocantes, mas nem por isso menos eficazes. Até há cerca de 20 anos, mais ou menos, era possível ver em várias campanhas mensagens ofensivas para determinadas pessoas ou grupos sociais. Sempre que necessário recorria-se a conteúdos racistas e sexistas onde o objecto humilhado era frequentemente a mulher.
Esta utilização continuada da mulher em tom depreciativo explicava-se, na lógica fria da publicidade, porque o público alvo eram os homens - eram eles que ganhavam o dinheiro e, consequentemente, o gastavam. Eram, pois, os potenciais compradores, mesmo que os produtos se destinassem às mulheres. As situações criadas e os chavões comerciais dos publicitários serviam-se frequentemente do humor (ainda hoje se servem), mas um humor boçal, primitivo e de mau gosto, em que a mulher fazia literalmente de palhaço.
Felizmente hoje em dia já não é assim. Há mais respeito e cuidado com as mensagens publicitárias que se enquadram na linha do "politicamente correcto". Os publicitários e anunciantes aprenderam, dir-nos-ão. Se nos permitem, duvidaremos de tanta bondade. O que aconteceu simplesmente é que aqueles indivíduos e grupos que antes eram ridicularizados se tornaram também potenciais compradores. As mulheres deixaram de ser empregadas domésticas não remuneradas e abraçaram carreiras profissionais. Ganham os seus salários e gastam-nos, não necessariamente no mesmo que os homens. E os publicitários - e publicitárias - sabem-no bem.

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Toda a mulher tem um problema com a sua figura! Os simpáticos fabricantes de lingerie "Spirella" queriam convencer todos os indivíduos do sexo feminino que as suas linhas não eram... hum... ideais (nenhuma mulher gosta de se ver ao espelho, é sabido). Mas eles tinham a solução: não era necessário ir para o ginásio moldar o corpo; bastava vestir uma das suas peças milagrosas!

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O Chef faz tudo excepto cozinhar - é para isso que servem as mulheres! Este robô de cozinha da Kenwood podia fazer tudo excepto retirar às mulheres o imenso privilégio de cozinhar. Repare-se no ar feliz do casal (na altura não eram precisos psiquiatras).

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Se o seu marido alguma vez descobre... Que ela anda com outro? Não. Simplesmente que não comprou a nossa marca de café. Absolutamente imperdoável.

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Shhh! A mamã está no caminho da guerra! E porquê? Porque as lides domésticas a deixaram cansada e irritável. E então estraga o dia (ou a melhor parte dele) aos machos da casa. Mas se ela usasse o sabonete "New Ivory" acalmava os nervos...

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Sopre-lhe o fumo para a cara e ela segui-lo-á a qualquer parte. Concordamos em absoluto: não há nada mais irresistível do que alguém nos soprar o fumo para a cara, é evidente. Já o slogan Mantenha-a no lugar a que pertence nos deixa algumas dúvidas quando à sua eficácia na venda de sapatos para homem.

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"Se alguma vez partisses as unhas 14 vezes a limpar um forno saberias porque eu quero tanto este que se limpa sozinho." A mensagem deste anúncio era duplamente negativa. Por um lado transmitia a ideia de que a mulher era uma criatura desajeitada e fútil, obcecada com as suas unhas; por outro, de que o seu lugar era na cozinha. Ao afirmar Cuide da sua casa enquanto cuida do seu peso, o segundo anúncio pretendia apenas vender vitaminas. Certo.

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Quanto mais a mulher trabalha, mais bonita se torna! - desde que seja trabalhar em casa, claro, porque sempre É bom ter uma mulher por casa.

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