O Enem é um marco na educação brasileira; atinge o Brasil inteiro e envolve pessoas de todas as classes sociais. É um processo definitivo (penso eu) na democratização do acesso ao ensino superior. Estatisticamente, os problemas relacionados ao Enem são irrelevantes. A cada ano, diversos veículos de comunicação procuram algum problema para desacreditar o processo. Não têm sido bem sucedidos; o Enem se fortalece e se legitima, envolvendo milhões de brasileiros que prestam o exame, suas famílias e seus amigos.
Ainda tem muita água pra correr por debaixo da ponte até o final do processo, mas o Estadão já conseguiu encontrar um "problema": o Enem teve prejuízo por conta dos ausentes. Haja paciência!
Dois milhões faltam e prejuízo do Enem é de R$ 103 milhões
Ligia Formenti, Paulo Saldaña e Bruno Marques - O Estado de Sáo Paulo - 28/10/2013 - São Paulo, SPSem incidentes graves, a maior edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que ocorreu no fim de semana, foi também a que registrou recorde no número de faltosos. Dos 7,1 milhões de inscritos, mais de 2 milhões (29%) não compareceram na prova, segundo dados preliminares do Ministério da Educação (MEC). O índice representa prejuízo estimado em R$ 103 milhões, com base no custo por inscrito.A taxa de abstenção cresceu em relação a 2012, quando 1,6 milhão de inscritos (27,9%) faltaram. O índice projetado pelo MEC neste ano só é menor do que o registrado em 2009, quando 37,7% não compareceram - naquele ano, entretanto, o exame havia sido remarcado, depois do vazamento da prova, o que prejudicou a participação.Em 2011, a média de faltas foi de 26,4% e, em 2010, de 28%. O MEC chegou a anunciar que criaria medidas para inibir faltosos, mas recuou. Em vestibulares tradicionais, a abstenção fica em torno de 10%.Apesar dos faltosos, cerca de 5 milhões de estudantes participaram das provas, um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Para o ministro Aloizio Mercadante, o Enem foi tranquilo. `Tivemos algumas ocorrências, mas nada que mereça destaque`, disse ele. `Agora começa a nova fase, que é a correção das provas. Tomamos medidas para aumentar o rigor`, disse. O gabarito oficial será divulgado na quarta-feira. Os resultados serão apresentados no início de janeiro.No segundo dia, 12 jovens postaram fotos do cartão de matrícula nas redes sociais e acabaram excluídos pelo MEC. No total, foram 36 exclusões por esse motivo - em 2012, houve 65.De acordo com Mercadante, 2 milhões de tweets foram monitorados na internet. E a equipe de fiscalização continuará atuando. `Se for descoberto que alguma cláusula foi violada, quem a violou será excluído. Não podemos permitir que alguém ingresse no sistema depois de ter violado um exame que tanto esforço deu para ser elaborado.``Gazolina`. O ministro repercutiu a polêmica de uma questão da prova de sábado que trazia uma charge dos anos 1960 com a palavra gasolina grafada com letra `z`. Mercadante defendeu que não havia erro, mas escolha pedagógica. `O MEC não pode alterar uma obra de arte, por qualquer razão que seja.`Como argumento, ele mostrou uma pesquisa feita nas edições dos jornais O Globo, Folha e Estado, com vários registros da palavra gasolina com `z`. E o ministro ponderou que o autor do livro, que reproduz a charge, defende a grafia antiga.Em Unaí, um radialista fotografou o local da prova e tentou sair. Foi preso por tentar violar o sigilo da prova. Também em Minas, cerca de 100 candidatos de Belo Horizonte perderam o exame de domingo porque, segundo eles, os portões da Faculdade Kennedy, na região de Venda Nova, teriam sido fechados 10 minutos antes. Parte deles chamou a Polícia Militar e registrou boletim de ocorrência. Mercadante disse que nenhum local de prova fechou antes.Segundo Mercadante, uma candidata grávida fez a prova no Rio com uma enfermeira do lado. Sentido contrações, ela preferiu acabar a prova e depois seguir para o hospital. No sábado, uma candidata entrou em trabalho de parto em Teresina, Piauí. O nome da filha é Luna.Em Governador Valadares (MG), um candidato transexual diz ter sofrido constrangimentos. `Pediram para que falasse todos os dados. Quando disse que eu era do sexo feminino, ela riu e perguntou se eu tinha certeza. Fiquei calado`, disse Felipe Henriques, de 17 anos. `Saí da sala duas vezes porque não conseguia fazer a prova e acabei chorando.` Mercadante disse que desconhecia o caso.
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