Estudo elaborado pela Unicamp avaliou água de
mananciais e água tratada.
Pesquisa encontrou grande presença de 'interferentes endócrinos'.
Do G1 RS
A qualidade da água distribuída aos moradores de Porto Alegre é a pior entre 20
capitais brasileiras, segundo uma pesquisa elaborada pelo Instituto de Química
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de São Paulo. Divulgado na
segunda-feira (23), o estudo coloca a capital gaúcha no topo do ranking, à
frente de metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Mesmo
assim, ainda é considerada potável e atende os requisitos do Ministério da
Saúde.
A pesquisa indica que a água que sai da torneira
dos porto-alegrenses possui grande concentração de “interferentes endócrinos”,
substâncias que afetam o sistema hormonal de seres vivos, podendo causas sérios
danos à saúde, alertam os pesquisadores. Consideradas como “contaminantes
emergentes”, aparecem em controles de qualidade, mas não existem portarias ou
leis que impeçam o consumo. Porém, se consumidas em larga escala e por longo
prazo, podem causar diversas doenças, como diabetes, obesidade e câncer.
·
Ranking
|
Capital
|
Cafeína média (ng/l)
|
1º
|
Porto Alegre
|
2257
|
2º
|
Campo Grande
|
900
|
3º
|
Cuiabá
|
222
|
4º
|
Belo Horizonte
|
206
|
5º
|
Vitória
|
196
|
A Unicamp coletou amostras de mananciais e de água
tratada. O nível de cafeína foi usado como indicador da presença de
contaminantes que têm ação estrógena, um efeito semelhante ao do hormônio
feminino. Porto Alegre aparece com 2.257 nanogramas de cafeína por litro, bem
próximo ao máximo recomendado (2.769 ng/l). O mínimo, segundo a pesquisa, é de
1.342 ng/l. Campo Grande é a segunda colocada, com 900 ng/l, seguida de Cuiabá,
Belo Horizonte e Vitória (veja o quadro ao lado).
“A cafeína presente na água é quase toda excretada
pela atividade humana. É uma droga muito consumida. A gente consome muito, seja
junto a medicamentos, refrigerantes, energéticos”, afirmou o pesquisador Wilson
Jardim, que liderou a pesquisa, ao site da Unicamp.
Jardim ressaltou que em mananciais europeus, por
exemplo, é difícil encontrar níveis de cafeína acima de 20 ng/l. “Em termos de
contaminantes emergentes, no Brasil, bebemos água com qualidade comparável à da
água não tratada lá de fora”, comparou.
A avaliação de Jardim é que a qualidade da água no
Brasil ainda precisa melhorar muito, principalmente em questões reguladoras. “A
portaria 2914 do Ministério da Saúde, que normatiza a qualidade da água
potável, é muito estática, e a nossa vida é dinâmica, nossa sociedade é
dinâmica. A cada ano, são mais de mil novos componentes registrados”.
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