Bancada evangélica defende Feliciano
Em: Folha.com
Em sessão de homenagem à Assembleia de Deus, deputados pedem que pastor fique em comissão de direitos humanos
Religioso é alvo de protestos que o acusam de racismo e homofobia desde que assumiu presidência do grupo
DE BRASÍLIA
A bancada evangélica da Câmara saiu em defesa da permanência do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Casa.
Durante uma sessão de homenagem à Assembleia de Deus -que realiza nesta semana em Brasília convenção-geral para eleger seu presidente e diretores até 2017-, deputados evangélicos dispararam recados aos líderes partidários, que se reúnem hoje com Feliciano para discutir a sua manutenção à frente da comissão.
Estiveram na reunião dos representantes da Assembleia de Deus ontem à noite o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e a ex-senadora Marina Silva (Rede), ela própria participante do movimento.
Feliciano, que comanda a Catedral do Avivamento, um dos ministérios da Assembleia de Deus, não apareceu nem foi citado nos discursos e nas apresentações musicais que marcaram o evento.
Na Câmara, os líderes partidários devem fazer um apelo para que Feliciano deixe a presidência na Comissão de Direitos Humanos. Desde que assumiu o posto, em 7 de março, ele virou alvo de protestos que o acusam de racismo e homofobia. Ele nega e resiste em deixar o cargo. Segundo o regimento da Casa, ele não pode ser destituído.
"Se deixar prevalecer meia dúzia de ativistas porque não têm visão igual à nossa, podemos colocar milhões de cristãos na porta desta Casa", afirmou o deputado Takayama (PSC-PR). Para ele, a bancada evangélica não aceita o rótulo de homofóbica.
"Nós nunca nos opusemos a que os simpatizantes da homossexualidade ou de qualquer outra visão ocupassem a presidência de comissões, mas, quando temos a oportunidade de colocar um presidente em uma comissão, querem dizer que não podemos?", questionou.
O deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) também defendeu o colega. Disse que Feliciano está sendo ferido no direito à liberdade de expressão. "Ele fará chegar o direito humano a quem precisa."
Outros congressistas que participaram da sessão disseram que qualquer tipo de proposta que legalize o aborto, regulamente a prostituição como profissão ou descriminalize as drogas não terá apoio da bancada.
AÇÃO
A ministra Maria do Rosário (Secretaria dos Direitos Humanos) cobrou uma ação da Câmara e do Ministério Público contra Feliciano.
Para ela, as declarações do deputado incitam o ódio e a violência, e a situação de Feliciano já ultrapassou as barreiras da comissão.
"Incitar a violência e o ódio é atitude ilegal, inconstitucional, e as autoridades também estão sujeitas à lei", afirmou a ministra.
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