Marcelo Brandão
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Nacional da Verdade (CNV) fará nova perícia em laudos
de 44 mortos durante o período da ditadura militar, que, segundo a versão
oficial da época, cometeram suicídio. Em todos os casos existiriam indícios de
fraude no resultado necroscópico, como, por exemplo, em fotos dos cadáveres.
A lista foi elaborada por peritos, pesquisadores e membros da comissão,
integrantes do grupo de trabalho Graves Violações de Direitos Humanos. O grupo
investiga casos de mortes, desaparecimentos forçados e tortura no período
analisado pela CNV, de 1946 a 1988. Pretende-se utilizar as novas tecnologias
disponíveis, como a computação gráfica, como suporte ao trabalho pericial.
Um dos 44 casos é o de Luiz Eurico Tejera Lisboa, morto em 1972, em São
Paulo, com um tiro na cabeça. O laudo da época concluiu que Lisboa, enterrado
com o nome falso de Nelson Bueno, se matou. Uma nova perícia conseguiu, no
entanto, provar o contrário. Os peritos criminais Celso Nenevê, Pedro Luis Lemos
da Cunha e Mauro José Oliveira Yared, que têm trabalhado com a CNV, estudaram a
documentação da vítima e encontraram dados inconsistentes.
Para os peritos, a versão oficial está descartada. “Eurico Tejera foi
‘suicidado’. Mataram ele. Ele não se suicidou coisa nenhuma”, diz Cláudio
Fonteles, coordenador do grupo de trabalho ao lado de José Carlos Dias, membro
da CNV.
Os peritos também trabalham no caso da morte de Juscelino Kubitschek, trazido
à CNV pela Comissão da Verdade da OAB-MG. A versão conhecida na qual o
ex-presidente morreu em um acidente de trânsito, e contestada pela instituição,
nunca foi uma unanimidade e provoca questionamentos há anos.
Edição: Fábio Massalli
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por sua opinião