Polícia já identificou quatro pessoas que fazem parte de grupo que praticou violência
Chutes e pontapés ficaram marcados no rosto, pescoço e costas
Foto:
Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Letícia Costa e Matheus Piovesan |
As marcas de agressão no corpo de dois jovens estão registradas em
fotografias. São roxos no rosto, no pescoço e nas costas resultantes do
preconceito de um grupo de jovens ao ver um casal homossexual abraçado
no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre.
O caso aconteceu na madrugada de sábado quando sete pessoas pararam
em um bar na Rua José do Patrocínio antes de seguir para uma festa, por
volta da 1h30min. Enquanto esperava as amigas irem no estabelecimento,
Luan Hoffmann, 19 anos, começou a ser xingado e agredido com chutes e
pontapés.
— Estava abraçado no meu namorado e um grupo de nove, dez pessoas
chegaram me empurrando e me derrubaram.Meu amigo foi me ajudar e acabou
se machucando mais do que eu. Tinha uma menina que ficou nos ameaçando
com uma faca — lembra.
Após agredirem os dois, o grupo fugiu. Hoffmann mora há um ano na
Capital, veio fazer um curso de comissário de bordo e nunca havia
passado por preconceito em Porto Alegre.
— Pelo que o delegado falou, só fomos um aperitivo para eles — lamenta.
Ainda durante o fim de semana, o delegado Paulo Cesar Jardim, titular
da 1ª Delegacia da Polícia Civil e coordenador do Grupo de Combate ao
Neonazismo e Segregação Racial no Estado, se deteve em tentar
identificar os suspeitos da agressão.
Luan ficou com marca da violência no rostoFoto: Arquivo Pessoal |
Nesta segunda-feira, quatro pessoas foram apontadas como parte do
grupo. Nesta terça, as amigas de Hoffmann reconheceram três homens por
fotografias no sistema. Quando a investigação for concluída, os
suspeitos podem ser acusados de crime de homofobia, formação de
quadrilha, lesão corporal grave ou até mesmo tentativa de homicídio.
— Não houve provocação, eles apanharam pelo simples fato de serem
homossexuais. Ainda não definimos a que grupo os agressores pertencem,
mas tudo indica serem neonazistas. Identificamos os suspeitos com base
nos depoimentos e conhecimento que já temos, e eles serão chamados para
depor — explica o delegado.
Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e
Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara Municipal de Porto Alegre, a
vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), considera o caso gravíssimo.
— Temos que fazer uma audiência para ver como estão as investigações
destes grupos neonazistas, que corriqueiramente fazem agressões contra
homossexuais e negros. É a expressão da prática homofóbica — afirma.
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