Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Durante a audiência pública sobre a Aldeia
Maracanã, que ocorre esta noite (19) no auditório da Associação
Brasileira de Imprensa (ABI) no centro do Rio de Janeiro, o indígena
Tiuré Potiguara (José Humberto Costa Nascimento), ativista político,
considerado refugiado político pelo Alto Comissariado das Nações Unidas
para Refugiados, iniciou uma greve de fome pela reintegração de posse do
antigo Museu do Índio pelos indígenas.
Tiuré disse à Agência Brasil que o prédio pertence
aos índios brasileiros e o tema integra sua pauta de reivindicações.
“Que aquele imóvel seja destinado aos seus verdadeiros donos, que somos
nós, os índios brasileiros. Ele nos pertence. Gostaríamos de criar um
espaço de universalidade indígena onde a gente pudesse compartilhar com a
sociedade a cultura indígena”.
O índio considerou omissa a atuação do governo federal no processo
que resultou na expulsão dos indígenas da Aldeia Maracanã, onde está
localizado o antigo Museu do Índio. “Omissão é cumplicidade. O governo
federal não se pronunciou”. Para Tiuré, a omissão autoriza que sejam
cometidas atrocidades contra os índios.
“É como se nós estivéssemos ainda na ditadura. Como se
reivindicarmos nossos direitos fosse um crime. Como se nós estivéssemos
invadindo propriedade alheia. E é o contrário. Nós estamos sendo
invadidos na nossa propriedade”. O antigo Museu do Índio foi criado pelo
antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro em 1953.
Tiuré Potiguara disse que a greve é, ao mesmo tempo, um ato político
contra o tratamento dado pelo atual governo à questão indígena. “Nós
achamos que entramos em um labirinto, tanto em nível administrativo como
judiciário e legislativo”.
A greve de fome é por tempo indeterminado. Ele espera também
sensibilizar o governo Dilma Rousseff sobre o pedido que fez de
reconhecimento de sua situação como refugiado político. Tiuré foi preso
e torturado pela ditadura militar e ficou exilado durante 25 anos no
Canadá. Retornou ao Brasil em 2011.
“É esse pronunciamento [reconhecimento da situação de refugiado
político] que eu espero do governo, da Comissão de Anistia, da Comissão
da Verdade sobre a questão das atrocidades que foram cometidas durante a
ditadura militar contra os índios”.
Edição: Fábio Massalli
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