Diretores do grupo GEP, que também
representa a marca GAP no Brasil, terão que prestar esclarecimentos à
Comissão de Direitos Humanos por flagrante de escravidão
Por Guilherme Zocchio Repórter Brasil
Os diretores da empresa GEP, que detém as
marcas Cori, Emme, Luigi Bertolli e que representa a grife internacional
GAP no Brasil, terão que prestar esclarecimentos, na próxima
quarta-feira (17), à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
(Alesp), devido ao flagrante de trabalho escravo na confecção de roupas que comercializam.
A audiência, prevista para as 14h30 no Plenário José Bonifácio, foi
convocada pelo deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB),
vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e propositor da lei
paulista contra a escravidão.
Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do
Ministério Público do Trabalho (MPT) resgatou, em 22 de março, 28
imigrantes bolivianos costurando peças para o grupo GEP em condições
análogas às de escravo, numa oficina têxtil clandestina na zona leste de
São Paulo. Os resgatados cumpriam jornadas exaustivas, acumulavam
dívidas e estavam sujeitos a condições degradantes, por problemas de
segurança e higiene no interior do estabelecimento.
As vítimas trabalhavam das 7h às 18h, de segunda-feira à sexta-feira.
Aos sábados, cuidavam da limpeza e manutenção da oficina. “Quanto mais
peças costurarmos, mais dinheiro ganhamos, então preferimos não parar”,
afirmou um dos trabalhadores na ocasião. Aliciados na Bolívia, alguns
dos imigrantes já começavam a trabalhar endividados, porque eram
obrigados a pagar os custos de transporte e entrada no Brasil. Mesmo os
que administravam a oficina tinham dívidas com empréstimos para a compra
de novas máquinas e contratação de mais costureiros.
Entre os problemas detectados na oficina clandestina estavam desde
questões de segurança, incluindo extintores de incêndio vencidos, fiação
exposta e botijões de gás em locais inapropriados, com risco agravado
pela concentração materiais inflamáveis, até problemas relativos às
condições de alojamento. Os resgatados viviam em quartos adaptados. Além
disso, alimentos foram encontrados armazenados junto com produtos de
limpeza e ração de cachorros.
Contato
Desde que o flagrante aconteceu, a Repórter Brasil vem tentando obter um posicionamento da GAP internacional sobre o flagrante de trabalho escravo na empresa escolhida para representar o grupo no país. Após contato com os escritórios da multinacional em Londres, no Reino Unido, e em São Francisco, nos EUA, a reportagem recebeu a orientação de contatar os representantes da própria GEP, que, por sua vez, já haviam se posicionado anteriormente no sentido de negar a redução de trabalhadores à escravidão. A GEP responsabilizou seus fornecedores e alegou que “repudia com veemência toda prática de trabalho irregular”. A grife internacional GAP não se posicionou sobre o caso até o momento.
Desde que o flagrante aconteceu, a Repórter Brasil vem tentando obter um posicionamento da GAP internacional sobre o flagrante de trabalho escravo na empresa escolhida para representar o grupo no país. Após contato com os escritórios da multinacional em Londres, no Reino Unido, e em São Francisco, nos EUA, a reportagem recebeu a orientação de contatar os representantes da própria GEP, que, por sua vez, já haviam se posicionado anteriormente no sentido de negar a redução de trabalhadores à escravidão. A GEP responsabilizou seus fornecedores e alegou que “repudia com veemência toda prática de trabalho irregular”. A grife internacional GAP não se posicionou sobre o caso até o momento.
Esta é a quarta convocação da Comissão de Direitos Humanos para
esclarecer crimes da exploração de mão de obra escrava. A grife
espanhola Zara, a Racional
Construtora, responsabilizada pelo caso de escravidão em obras do
Hospital Oswaldo Cruz na região da Avenida Paulista, em São Paulo, e
representantes do programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo
federal, já foram chamadas à Alesp em outras ocasiões. O estado de São
Paulo recentemente promulgou a lei 14.946/2013, conhecida como “lei paulista contra a escravidão”, norma que cassa o ICMS de empresas envolvidas com trabalho escravo, e proposta pelo parlamentar Carlos Bezerra Jr.
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