Crianças aproveitam para extravasar, aos gritos, a alegria durante o carnaval em Basileia. (Keystone)
|
Por Clare O'dea, swissinfo.ch
O som das crianças brincando pode ser reconfortante
para alguns, mas na Suíça, onde um em cada seis habitantes se sente
incomodado com barulho, o ruído das crianças é uma causa comum de
queixa. A questão agora pode acabar sendo decidida nas urnas.
No ano passado, a Alemanha mudou a lei para proteger o barulho das
crianças e colocar um fim a uma onda de queixas legais contra parques
infantis e creches. Militantes suíços estão pedindo uma reforma
semelhante na Suíça.
Em novembro do ano passado, uma associação infanto-juvenil de Zurique lançou uma campanha para proteger na lei o barulho das crianças. "Nós que trabalhamos com crianças e jovens gostaríamos que os espaços públicos fossem considerados espaços educativos", diz Ivica Petrusic, da associação Okaj.
"O que acontece nesses espaços é essencial para o desenvolvimento integral das crianças e dos jovens. Este é o lugar onde eles aprendem como funciona a sociedade, como se comportar, como aprender limites", acrescentou.
Para Petrusic e seus colegas, o importante é tomar uma posição em um cenário de crescente intolerância. "Cada conflito que surge em um espaço público é sempre visto de forma bem negativa e na maioria das vezes são as crianças e os jovens que sofrem com isso. Eles são expulsos e até já impuseram um toque de recolher, os menores de 16 anos não podem ficar do lado de fora depois das 22 horas. Nós achamos que a situação está ficando preocupante".
Toque de recolher à noite para menores de 16 ou 14 anos já foram impostos em várias cidades suíças, entre elas Kehrsatz, Interlaken e Biel, no cantão de Berna, ou Zurzach, no cantão da Argóvia.
Em novembro do ano passado, uma associação infanto-juvenil de Zurique lançou uma campanha para proteger na lei o barulho das crianças. "Nós que trabalhamos com crianças e jovens gostaríamos que os espaços públicos fossem considerados espaços educativos", diz Ivica Petrusic, da associação Okaj.
"O que acontece nesses espaços é essencial para o desenvolvimento integral das crianças e dos jovens. Este é o lugar onde eles aprendem como funciona a sociedade, como se comportar, como aprender limites", acrescentou.
Para Petrusic e seus colegas, o importante é tomar uma posição em um cenário de crescente intolerância. "Cada conflito que surge em um espaço público é sempre visto de forma bem negativa e na maioria das vezes são as crianças e os jovens que sofrem com isso. Eles são expulsos e até já impuseram um toque de recolher, os menores de 16 anos não podem ficar do lado de fora depois das 22 horas. Nós achamos que a situação está ficando preocupante".
Toque de recolher à noite para menores de 16 ou 14 anos já foram impostos em várias cidades suíças, entre elas Kehrsatz, Interlaken e Biel, no cantão de Berna, ou Zurzach, no cantão da Argóvia.
Atividade silenciosa
Enquanto isso, dois deputados estaduais de Zurique, Philipp Kutter e
Johannes Zollinger, questionaram recentemente o governo do cantão sobre a
segurança nos locais de lazer para as crianças.
"As crianças e os adolescentes estão sendo forçados a sair dos espaços públicos e estão sendo expulso de seus pontos de encontro e de recreação", alegam em conjunto Kutter e Zollinger.
Os deputados se referem, em parte, a uma decisão da justiça de Wädenswil, no cantão de Zurique, que deu razão a uma queixa por barulho dos moradores vizinhos a um campo de futebol de uma escola.
Em resposta escrita, o governo de Zurique confirmou no mês passado (fevereiro) a decisão da justiça, lembrando que a lei “de proteção de ruído” também se aplica aos pontos de reunião e de lazer dos jovens.
Petrusic vê uma contradição na questão. "Por um lado, queremos uma vida saudável para as crianças para combater a obesidade. Queremos jovens mais ativos, mas quando se trata de ser ativo os adultos é que decidem os limites."
"As crianças e os adolescentes estão sendo forçados a sair dos espaços públicos e estão sendo expulso de seus pontos de encontro e de recreação", alegam em conjunto Kutter e Zollinger.
Os deputados se referem, em parte, a uma decisão da justiça de Wädenswil, no cantão de Zurique, que deu razão a uma queixa por barulho dos moradores vizinhos a um campo de futebol de uma escola.
Em resposta escrita, o governo de Zurique confirmou no mês passado (fevereiro) a decisão da justiça, lembrando que a lei “de proteção de ruído” também se aplica aos pontos de reunião e de lazer dos jovens.
Petrusic vê uma contradição na questão. "Por um lado, queremos uma vida saudável para as crianças para combater a obesidade. Queremos jovens mais ativos, mas quando se trata de ser ativo os adultos é que decidem os limites."
Primavera
Nesta época do ano, as pessoas de todas as idades começam a passar
mais tempo ao ar livre, aumentando o número de reclamações de barulho.
Entre as queixas, é comum ver reclamações contra o ruído causado pelas
crianças, revela Markus Chastonay, da Cercle Bruit, a associação de peritos cantonais de proteção de ruído.
"No passado, tivemos muitos problemas de ruído da indústria, mas agora há muitos mais problemas nas áreas residenciais. Na Suíça, as planícies são como uma grande cidade. Vivemos cada vez mais perto uns dos outros e as pessoas estão menos tolerantes", disse Chastonay.
Para Stefan Ritz, responsável da infância e juventude de Dübendorf, na periferia de Zurique, ficou "praticamente impossível" construir novos playgrounds, declarou ao jornal do mesmo cantão Tages Anzeiger.
"As pessoas movem céu e terra para bloqueá-los. Geralmente, elas são bem antipáticas", disse Ritz. Para superar este problema, Dübendorf comprou um ônibus que funciona como playground móvel no verão.
Pela lei de proteção do meio ambiente, os playgrounds são amenidades, o que significa que o barulho vindo deles tem que ser limitado o tanto quanto possível. Mas não há limites que possam ser medidos e cumpridos à risca, por isso as queixas são julgadas caso a caso.
"No passado, tivemos muitos problemas de ruído da indústria, mas agora há muitos mais problemas nas áreas residenciais. Na Suíça, as planícies são como uma grande cidade. Vivemos cada vez mais perto uns dos outros e as pessoas estão menos tolerantes", disse Chastonay.
Para Stefan Ritz, responsável da infância e juventude de Dübendorf, na periferia de Zurique, ficou "praticamente impossível" construir novos playgrounds, declarou ao jornal do mesmo cantão Tages Anzeiger.
"As pessoas movem céu e terra para bloqueá-los. Geralmente, elas são bem antipáticas", disse Ritz. Para superar este problema, Dübendorf comprou um ônibus que funciona como playground móvel no verão.
Pela lei de proteção do meio ambiente, os playgrounds são amenidades, o que significa que o barulho vindo deles tem que ser limitado o tanto quanto possível. Mas não há limites que possam ser medidos e cumpridos à risca, por isso as queixas são julgadas caso a caso.
A lei suíça
Diferentes regulamentações são aplicáveis aos diferentes tipos de ruído.O ruído de igrejas, playgrounds e áreas de lazer são abrangidos pela lei de proteção ambiental e a proteção contra o ruído se aplica. Mas limites máximos não são necessariamente aplicado aqui. Há limites apenas para o tráfego aéreo, ferroviário e rodoviário, a indústria e os campos de tiro.
A regra para todos os outros lugares é que eles não devem causar perturbação considerável para a população. As decisões são tomadas caso a caso.
O artigo 684 do Código Civil protege vizinhos de ruído nocivo e incômodo. Mais uma vez, deve ser decidido em uma base caso a caso se o ruído é prejudicial ou incômodo.
Algumas localidades introduziram regulamentos estabelecendo os chamados "momentos de silêncio". Durante essas horas (geralmente à noite ou na hora do almoço), a proteção contra ruído é maior.
(Fonte Larm.ch)
Música do futuro
De acordo com Caroline Marki von Zeerleder, da associação familial
Familylab, o problema se resume em diferentes necessidades e relações
entre as gerações. "É um fato que as crianças brinquem em voz alta e é
um fato que muitos idosos preferem paz e sossego. Ambos estão com a
razão, mas eles não andam juntos. Nós só podemos encontrar uma solução
através do diálogo baseado no respeito mútuo."
Mas este diálogo, ainda segundo Marki von Zeerleder, não estaria ocorrendo com bastante frequência. Em caso de conflito, a especialista observou uma falta de vontade por parte das pessoas mais idosas em se adaptar às crianças. "Elas agem assim porque são mais velhas, elas têm a autoridade e as crianças têm que obedecer. Em seguida, elas encontram resistência da nova geração porque as coisas não funcionam mais assim hoje em dia."
Algumas disputas já fizeram as manchetes dos jornais, como a escolinha Montessori de Zug (centro), obrigada a fechar este verão por causa das queixas dos vizinhos com os níveis de ruído, mas a questão principal com o barulho das crianças não é ouvida.
Há um ditado em alemão que os suíços parecem discordar: "Kinderlärm ist Zukunftsmusik”, o barulho das crianças é a música do futuro.
Mas este diálogo, ainda segundo Marki von Zeerleder, não estaria ocorrendo com bastante frequência. Em caso de conflito, a especialista observou uma falta de vontade por parte das pessoas mais idosas em se adaptar às crianças. "Elas agem assim porque são mais velhas, elas têm a autoridade e as crianças têm que obedecer. Em seguida, elas encontram resistência da nova geração porque as coisas não funcionam mais assim hoje em dia."
Algumas disputas já fizeram as manchetes dos jornais, como a escolinha Montessori de Zug (centro), obrigada a fechar este verão por causa das queixas dos vizinhos com os níveis de ruído, mas a questão principal com o barulho das crianças não é ouvida.
Há um ditado em alemão que os suíços parecem discordar: "Kinderlärm ist Zukunftsmusik”, o barulho das crianças é a música do futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por sua opinião