De: BBC
Quando os ovos de chocolate vão finalmente chegar ao supermercado à espera da Páscoa?
Diferente do Natal e outras festas religiosas, a
Páscoa muda a cada ano, entre 22 de março e 25 de abril. E a escolha
dos dias foi definida após muita controvérsia.
A Páscoa cristã tem relação com Páscoa judaica (o Pesach).
Segundo a tradição cristã, a festa marca o dia da ressurreição de Cristo, em um domingo.
Para a tradição judaica, marca a fuga dos judeus do Egito, liderados por Moisés.
Mas por que elas não são celebradas do mesmo dia?
Raízes judaicas
Lutz Doering, professor da Universidade de
Durham, na Grã-Bretanha, diz que há registros de que até o século 2
muitos cristãos celebravam a festa no dia 14 de Nisan do calendário
judaico, mesma data do Pesach.
Doering explica que alguns grupos passaram a
celebrar a Páscoa no domingo após o Pesach, “porque viam a data como
independente, uma nova celebração ligada exclusivamente à ressurreição
de Jesus”.
Convencionou-se então que a Páscoa seria
celebrada no domingo após a primeira lua cheia da primavera, guiando-se
pela data do equinócio.
O debate sobre a mudança foi documento por
Eusébio, historiador romando e bispo de Cesareia, que narra os encontros
entre diferentes grupos que queiram fazer prevalecer sua posição.
Ao fim, cada um continuou a celebrar na data que considerava correta, até o Primeiro Concílio de Niceia, em 325 d.C..
O concílio convocado pelo imperador Constantino
foi uma tentativa de unificar as normas e a tradição cristã, que havia
sido feita religião oficial do Império Romano em 312 d.C..
O concílio decidiu que todos os cristãos deveriam celebrar a Páscoa na mesma data e que esta seria separada do Pesach.
Festa móvel
Um problema em separar a Páscoa do Pesach foi
como calcular a data da festa com antecedência, já que a astronomia
romana não era tão desenvolvida e a festa estava relacionada ao ciclo
lunar.
O astrônomo Robert Cockcroft, da Universidade
McMaster, no Canadá, explica que o problema foi resolvido ao se fixar
“datas eclesiásticas”, diferentes das datas astronômicas.
Fixou-se a Páscoa no primeiro domingo após a primeira lua cheia “eclesiástica” após o equinócio da primavera.
As datas “eclesiásticas” tendem a seguir o tempo
lunar, mas excepcionalmente o Pesach e a Páscoa acabam sendo celebrados
com uma distância maior.
“Se a lua cheia ocorrer durante o equinócio, os
cálculos eclesiásticos tente a forçar a próxima lua cheia para
determinar a data da Páscoa”, diz.
Julio e Gregório
A confusão para determinar a Páscoa ainda não ainda chegado ao fim.
Até 1582, usava-se na Europa o calendário juliano (em honra a Júlio César), baseado no ano solar.
“Contudo, o calendário juliano superestimava o ano solar em três dias, por quatro séculos”, conta.
A contagem equivocada fez a Páscoa ser celebrada no verão europeu no século 16.
Em 1582, o papa Gregório 18 resolveu corrigir o erro e estabeleceu um novo calendário, o gregoriano, em uso até hoje.
Os dias do ano foram limitados a 365 (366 nos anos bissextos) e foram “extintos” dez dias na contagem.
Quem dormiu na noite do dia 4 de outubro de 1582 acordou na manha do dia 15 de outubro, oficialmente.
O calendário, no entanto, não foi seguido por todos. Cristãos ortodoxos continuaram a usar o calendário juliano.
Com tanta mudança, a Páscoa é hoje celebrada em datas diferentes por judeus, católicos e cristãos ortodoxos.
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