quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Frank Lloyd Wright e Mies Van Der Rohe: mais semelhanças que diferenças

A boa arquitetura é racional, de bom gosto, evolutiva: a poesia de saber projetar.
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Influenciado inicialmente pelos primeiros trabalhos com Sullivan, FRANK LLOYD WRIGHT oscilava entre a rigidez da ordem clássica que regia o final do século XIX, e a vivacidade da ordem assimétrica. A quebra do raciocínio clássico parte da inspiração que a arquitetura japonesa fornecia, claramente inspirada nas linhas harmônicas e em consonância com a natureza.
Wright desenvolve alguns dos pilares que vem a ser o eixo-base de seu consagrado estilo pradaria: telhados horizontais, que estendem seus longos beirais sobre amplas varandas, marcando a extensão e integração dos espaços internos com o exterior, além de fornecer a sensação de proteção. Os espaços internos passam a ser livres, com uma clara comunicação entre os ambientes. Todas essas linhas suaves desenvolvem-se em torno de lareiras e chaminés centrais, que parecem brotar do solo das pradarias norte-americanas: com isso, fundamentam-se o ideário de Wright, que é com certeza a grande contribuição/conceito dele para a arquitetura, a integração da construção com a paisagem através de uma nítida horizontalidade, sem agredi-la e integrando-se com esta. Com isso, consegue formalizar a “desconstrução da caixa hermética” que eram as construções até ali, promovendo o que seria ao meu ver, um esboço de plantas livres em desenhos assimétricos em xadrez.
Os rebuscados materiais utilizados até então, muitas vezes em desacordo com as possibilidades que os materiais in natura poderiam alcançar, nas mãos de Wright ganham as primeiras fundamentações para o atual conceito de sustentabilidade: o arquiteto passa a utilizar materiais da região, procurando respeitar as formas, cores e potencialidades destes, assim como a cultura local. Com as plantas livres, habitua-se a desenvolver o mobiliário que integra esses ambientes comunicantes.
Fallingwater (Richard A. Cooke/Corbis )
Além da Robie House e da Fallingwater, sua obra-prima, desenvolve trabalhos corporativos onde aparece sua maturidade arquitetônica em prédios como o Johnson Wax (onde o prédio desenvolve-se em torno de uma haste central, como galhos de uma árvore) e seu último trabalho executado, o museu Guggenheim, que tem sua hélice expandindo-se em rampa espiral estendida até o último andar; tem seu interior “aberto”, na verdade coberto por um domus iluminado, conferindo espacialidade e iluminação zenital.

“Menos é mais”, e “Deus está no detalhe” são possivelmente as frases que melhor definem a obra de MIES VAN DER ROHE.
A partir de sua formação e conhecimento de engenharia, Mies desenvolveu um cuidado absoluto no detalhe e a correta utilização de materiais, sempre se utilizou destes e das técnicas mais modernas possíveis, sem ornamentações. Enfatizava a qualidade intrínseca dos materiais, sem revesti-los desnecessariamente.
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Projeta com o apurado conceito da conjunção da arte arquitetônica com o conceito da serialização (sem prejuízo à primeira); “bebeu” na fonte da Bauhaus e foi um de seus diretores. Desenha ambientações típicas de Wright (claramente influenciado); também é um adepto da planta livre e assim faz-se seus projetos, desenvolvendo um conceito de “permeabilidade”, através de grandes panos de vidro, que irá marcar fortemente seus trabalhos.
A residência Tugendhat na República Tcheca e a casa Farnsworth nos EUA (em tempos distintos, 1928 e 1946) mostram muito bem o caráter minimalista e preciso de Mies, onde a permeabilidade citada é marca registrada.
Prédios de caráter público como o Crown Hall do ITT de Illinois, e o edifício Seagram de Nova Iorque sintetizam o ritmo que ele conferia às suas edificações: evidenciou a estrutura, valorizou os materiais e a tecnologia, através de uma simplicidade estrutural aparente, explorando sempre o que de melhor a técnica poderia oferecer. Jamais foi um formalista gratuito, sempre optou pela clareza estrutural a serviço do momento histórico e tecnológico que se vivia em cada projeto desenvolvido.
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Num rápido comparativo, são claras as semelhanças entre as obras de Wright e Van Der Rohe, no que tange o desenvolvimento de plantas livres. Cada um a seu estilo, época e principalmente formação, os projetos residenciais desenvolvem-se com os mesmos conceitos, porém com inspirações diferentes.
Wright é o poeta da integração, da visualização da natureza interior às edificações e sua complexa (e livre) relação com o exterior, sem abdicar dos materiais adequados à região, coisa que Mies também o faz, porém com o que de melhor a técnica e materiais dispunha ao seu redor, abusando dos panos de vidros. Nenhum deles primou pela ornamentação, deixaram sua marca pautada no respeito ao material empregado, à forma do mesmo e ao seu ritmo natural (Mies).
Privilegiaram o funcional e o racional, sem abandonar a poesia característica de suas inspirações, respectivamente: a natureza terrestre e a natureza intrínseca da tecnologia.

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