Influenciado inicialmente pelos primeiros trabalhos com Sullivan, FRANK
LLOYD WRIGHT oscilava entre a rigidez da ordem clássica que regia o
final do século XIX, e a vivacidade da ordem assimétrica. A quebra do
raciocínio clássico parte da inspiração que a arquitetura japonesa
fornecia, claramente inspirada nas linhas harmônicas e em consonância
com a natureza.
Wright desenvolve alguns dos pilares que vem a ser o eixo-base de seu
consagrado estilo pradaria: telhados horizontais, que estendem seus
longos beirais sobre amplas varandas, marcando a extensão e integração
dos espaços internos com o exterior, além de fornecer a sensação de
proteção. Os espaços internos passam a ser livres, com uma clara
comunicação entre os ambientes. Todas essas linhas suaves desenvolvem-se
em torno de lareiras e chaminés centrais, que parecem brotar do solo
das pradarias norte-americanas: com isso, fundamentam-se o ideário de
Wright, que é com certeza a grande contribuição/conceito dele para a
arquitetura, a integração da construção com a paisagem através de uma
nítida horizontalidade, sem agredi-la e integrando-se com esta. Com
isso, consegue formalizar a “desconstrução da caixa hermética” que eram
as construções até ali, promovendo o que seria ao meu ver, um esboço de
plantas livres em desenhos assimétricos em xadrez.
Os rebuscados materiais utilizados até então, muitas vezes em
desacordo com as possibilidades que os materiais in natura poderiam
alcançar, nas mãos de Wright ganham as primeiras fundamentações para o
atual conceito de sustentabilidade: o arquiteto passa a utilizar
materiais da região, procurando respeitar as formas, cores e
potencialidades destes, assim como a cultura local. Com as plantas
livres, habitua-se a desenvolver o mobiliário que integra esses
ambientes comunicantes.
Além da Robie House e da Fallingwater, sua obra-prima, desenvolve
trabalhos corporativos onde aparece sua maturidade arquitetônica em
prédios como o Johnson Wax (onde o prédio desenvolve-se em torno de uma
haste central, como galhos de uma árvore) e seu último trabalho
executado, o museu Guggenheim, que tem sua hélice expandindo-se em rampa
espiral estendida até o último andar; tem seu interior “aberto”, na
verdade coberto por um domus iluminado, conferindo espacialidade e
iluminação zenital.
“Menos é mais”, e “Deus está no detalhe” são possivelmente as frases que melhor definem a obra de MIES VAN DER ROHE.
A partir de sua formação e conhecimento de engenharia, Mies
desenvolveu um cuidado absoluto no detalhe e a correta utilização de
materiais, sempre se utilizou destes e das técnicas mais modernas
possíveis, sem ornamentações. Enfatizava a qualidade intrínseca dos
materiais, sem revesti-los desnecessariamente.
Projeta com o apurado conceito da conjunção da arte arquitetônica com
o conceito da serialização (sem prejuízo à primeira); “bebeu” na fonte
da Bauhaus e foi um de seus diretores. Desenha ambientações típicas de
Wright (claramente influenciado); também é um adepto da planta livre e
assim faz-se seus projetos, desenvolvendo um conceito de
“permeabilidade”, através de grandes panos de vidro, que irá marcar
fortemente seus trabalhos.
A residência Tugendhat na República Tcheca e a casa Farnsworth nos
EUA (em tempos distintos, 1928 e 1946) mostram muito bem o caráter
minimalista e preciso de Mies, onde a permeabilidade citada é marca
registrada.
Prédios de caráter público como o Crown Hall do ITT de Illinois, e o
edifício Seagram de Nova Iorque sintetizam o ritmo que ele conferia às
suas edificações: evidenciou a estrutura, valorizou os materiais e a
tecnologia, através de uma simplicidade estrutural aparente, explorando
sempre o que de melhor a técnica poderia oferecer. Jamais foi um
formalista gratuito, sempre optou pela clareza estrutural a serviço do
momento histórico e tecnológico que se vivia em cada projeto
desenvolvido.
Num rápido comparativo, são claras as semelhanças entre as obras de
Wright e Van Der Rohe, no que tange o desenvolvimento de plantas livres.
Cada um a seu estilo, época e principalmente formação, os projetos
residenciais desenvolvem-se com os mesmos conceitos, porém com
inspirações diferentes.
Wright é o poeta da integração, da visualização da natureza interior
às edificações e sua complexa (e livre) relação com o exterior, sem
abdicar dos materiais adequados à região, coisa que Mies também o faz,
porém com o que de melhor a técnica e materiais dispunha ao seu redor,
abusando dos panos de vidros. Nenhum deles primou pela ornamentação,
deixaram sua marca pautada no respeito ao material empregado, à forma do
mesmo e ao seu ritmo natural (Mies).
Privilegiaram o funcional e o racional, sem abandonar a poesia
característica de suas inspirações, respectivamente: a natureza
terrestre e a natureza intrínseca da tecnologia.
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