Uma decisão polêmica de um
tribunal britânico pode garantir que doadores de esperma tenham acesso
às crianças que ajudaram a gerar na Grã-Bretanha.
A decisão foi tomada em um processo envolvendo três casais gays amigos que mantêm uniões civis estáveis.
No caso, dois casais de lésbicas
fizeram um arranjo para conseguir doações de esperma de um casal gay
masculino para conceber três crianças.
No arranjo, as quatro mulheres teriam dado a
entender que os dois homens teriam acesso às crianças, mas, com o tempo,
os três casais começaram a divergir sobre esses contatos.
Por isso, os doadores de esperma entraram com um
processo na Justiça pedindo para ter acesso garantido aos filhos
biológicos e alguma voz na forma como eles estão sendo criados.
Os casais de lésbicas argumentavam que tal
acesso atrapalharia sua vida familiar, mas a Justiça britânica acabou
decidindo favoravelmente aos pais biológicos das crianças.
Mudança de regras
Apesar de a decisão envolver casais que se
conheciam, especialistas avaliam que a decisão poderia ser aplicada
também a casais gays e heterossexuais que pretendem conceber filhos
usando doações de esperma de desconhecidos.
Por isso, alguns levantam a necessidade desses
casais, a partir de agora, estabelecerem um acordo escrito com os
doadores definindo claramente como seria o seu relacionamento com a
criança.
"Embora a decisão do juiz deixe claro que a
unidade da família deve ser preservada, a possibilidade de que os
doadores de esperma possam apelar para os tribunais (para ter mais
contato com as crianças) abre uma perspectiva assustadora para muitos
pais, tanto gays como heterossexuais", disse o advogado Kevin Skinner,
que defendeu um dos casais de lésbicas.
Desde 2008, a lei britânica garante os mesmos
direitos a casais gays e heterossexuais que se submetem a tratamentos de
fertilização artificial para ter filhos.
Mas desde 2005 os tribunais do país derrubaram o direito ao anonimato de doadores de esperma.
Isso, segundo a Sociedade de Fertilização
Britânica (BFS na sigla em inglês), contribuiu para reduzir o número de
voluntários para as doações na Grã-Bretanha e para alimentar o que vem
sendo chamado de turismo da fertilidade - os movimentos
transfronteiriços de pacientes que buscam países com legislações menos
rígidas e preços mais acessíveis para tratamentos de fertilização.
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