sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Os royalties: justiça sem demagogia

Não entendo de petróleo, nem de royalties de petróleo, mas tenho bom senso. Destaque-se: falo dos royalties do petróleo já em proudução, não dos famosos recursos do pré-sal.
A proposta de distribuir entre todos os estados os recursos utilizados para pagar royalties aos estados limítrofes à produção de Petróleo (chamados, questionavelmente, de estados produtores) foi uma jogada esperta do ex-deputado Ibsen Pinheiro. Com isso, o ex-deputado ganharia a simpatia da grande maioria das unidades da federação e colocaria Lula (então presidente) numa saia justa, pois a proposta contrariava o Governo do Rio de Janeiro, aliado do Governo Federal. Foi uma jogada demagógica (na minha singela opinião) mas esperta.
No andamento do processo, também espertamente, foi apresentado por um deputado petista (Wellington Dias, se não me engano)  uma condição para a redistribuição dos royalties: que todo o recurso fosse utilizado na educação. Com isso, a oposição passou a ter que se posicionar, levando a pecha de inimiga da educação por não aceitar essa destinação "carimbada" dos recursos.
Com todo o respeito, porque me relaciono com muitas pessoas que fizeram militência virtual pelos 100% para a educação, dizer que um estado irá perder bilhões de reais em uma tacada só é uma crueldade. Não é crueldade com o governador, mas com a população, pois os orçamentos já são elaborados contando com os recursos que, desde mais ou menos 1953 seguem a lógica atual. É bom lembrar que produzir petróleo traz benefícios, mas acarreta danos também. São precisamente esses danos que se pretende reparar com o pagamento de royalties. Mudar essa situação do modo como se pretende, é jogar o conjunto dos estados (que necessitam de recursos) contra o Rio de Janeiro. Isso não é saudável para a federação.
Me parece bem decidido pela presidenta Dilma o veto parcial ao projeto   (se essa for a decisão). Assim, os royalties referentes ao petróleo produzido até agora, permanecem como estão. Para o futuro, modifica-se a distribuição.
Com todo o respeito que devo aos divergentes, fora isso, as alternativas me parecem demagógicas.

Há 32 anos, falecia Cartola, mestre do samba

Nascido na rua Ferreira Vianna, no Catete, era o primogênito dos oito filhos do casal Sebastião e Aída. Apesar de ter recebido o nome de Agenor, foi registrado como Angenor. Mas esse fato ele só viria a descobrir muitos anos mais tarde, ao tratar dos papéis para seu casamento com D. Zica, nos anos de 1960.[Saiba Mais]

Dados Artísticos

Em 1925, com o amigo e parceiro Carlos Cachaça, fundou o Bloco dos Arengueiros, que, três anos mais tarde, ao se unir a outros blocos do Morro da Mangueira, levou à criação, em 28 de abril de 1928, da Estação Primeira de Mangueira. Além dele e Carlos Cachaça, participam da fundação da segunda escola de samba[Saiba Mais]

Obras

  • A canção da saudade
  • A canção que chegou (c/ Nuno Veloso)
  • A cor da esperança (c/ Roberto Nascimento)
  • A mesma estória (c/ Elton de Medeiros)
  • Acontece
  • Alegria
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Discografia

  • (1995) Cartola-Documento Inédito • Eldorado • CD
  • (1991) Cartola 'Ao vivo' • RGE • LP
  • (1989) Pranto de poeta, 1989 • RCA • CD
  • (1988) Cartola - Bate outra vez... • Som Livre • LP
  • (1984) "Cartola, entre amigos" • Funarte • LP
  • (1982) Cartola - Documento Inédito • Estúdio Eldorado/Série Documento Inédito • LP
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Bibliografia Crítica

  • ALBIN, Ricardo Cravo. MPB - A História de um século. Rio de Janeiro: Funarte, 1998.
  • AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
  • CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário biográfico da música popular. Rio de Janeiro; Edição do autor, 1965.
  • MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
  • RAMALHO, Monica. São Paulo: Moderna, 2004.
  • SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.
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Crítica

A música de Cartola é pura elegância. Ou seja, se elegância e classe pudessem ser medidas em traje inglês formal, à cartola do Cartola só faltariam mesmo a luva e o “smoking”.

Nem é pra menos. Cartola de Mangueira é o verdadeiro príncipe do samba urbano carioca. Príncipe no esgrimir versos para suas (...)
 

Há 77 anos, morria Fernando Pessoa

Em 30 de novembro de 1935, faleceu  Fernando Pessoa, o maior poeta da Língua Portuguesa e, no meu modesto julgamento, o maior de todos os poetas.
Conheça o site da Casa Fernando Pessoa e assista a um bom documentário sobre o poeta, feito por ocasião dos 70 anos de seu falecimento.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Porto Alegre: ação quer proibir crianças de brincarem no pátio da escola

 Ação movida pela escritora Cintia Moscovitch quer proibir que alunos da escola infantil "União Criança", utilizem o pátio da escola. Leia AQUI.
Sobre isso, os pais de uma aluna escreveram o artigo abaixo, que, além do caso concreto, levanta questões pertinentes sobre o desenvolvimento urbano de Porto Alegre.

O silêncio dos inocentes1

“(...) aos réus que se abstenham de realizar qualquer atividade no pátio da escola, sob pena de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por cada vez que esta decisão for descumprida. (...)”2

A recente decisão judicial, cujo trecho citamos acima, determinou que as crianças da Escola União Criança do Grêmio Náutico União (GNU), em Porto Alegre, não possam mais usar o pátio da escola. Assim, as crianças de uma faixa etária entre os dezoito meses e seis anos não podem mais brincar, praticar esportes ou tomar sol no terreno da escola. A alegação foi de que o barulho das brincadeiras atrapalhavam as atividades da vizinha, escritora gaúcha, autora da ação. Não conhecemos todos os detalhes da ação judicial e de sua sentença, com força de jurisprudência e, como todos sabem, decisões da justiça são para serem cumpridas. Mas, como não poderia deixar de ser, fomos surpreendidos, afinal, não é todo dia que alguém tem sua filha de quatro anos envolvida na perturbação do sossego e da tranquilidade alheios, assim, nós, como pais de uma das infratoras gostaríamos de tecer algumas considerações.
Não há dúvidas de que barulhos, ruídos e música indesejada são perturbadores. Em cidades como a nossa, de praticamente dois milhões de habitantes, todo tipo de ruído é produzido, muitos deles certamente mais perturbadores que a algazarra infantil: canteiros de obras, volume de trânsito de veículos, a transformação dos parques urbanos em auditórios ao ar livre para todo tipo de evento, bares que ocupam as calçadas, carros de som, e o volume cada vez mais alto das conversas nos aparelhos celulares, inclusive dentro de elevadores. 
O cotidiano das cidades, como todos sabem, pressupõe a conciliação de interesses e a ponderação das vantagens e desvantagens da convivência comunal e da urbanidade. É ter que lidar com as adversidades diárias, do descaso com os espaços públicos à crise de mobilidade. Mas também abre a possibilidade dos passeios à pé, à fruição da vida de bairro, à atualização da informação e dos repertórios através do movimento das pessoas e da copresença diversificada. A urbanidade compensa os caminhões betoneira e de entregas circulando às cinco da manhã na sua porta porque isso significa que você tem um supermercado próximo à sua casa, está perto do seu local de trabalho, há escolas onde seus filhos estarão, dentre outras coisas, expandindo e aprimorando sua socialização enquanto você trabalha.
É justamente para tentar regrar a vida numa sociedade complexa que existem as leis e as normas e, por competência constitucional, cabe ao município a sua elaboração e a sua fiscalização. Pois bem, a Escola União Criança, para funcionar, necessitou cumprir uma série de procedimentos junto à Prefeitura de Porto Alegre, que, com sua autoridade3, concedeu o alvará de funcionamento à instituição, ou seja, do ponto de vista das regras estabelecidas, não há impedimento para que a Escola e todas as atividades a ela inerentes funcionassem plenamente no local onde está instalada. É disto emergem algumas das considerações que gostaríamos de tecer: 
1. A decisão judicial traz, para utilizarmos uma expressão em voga, insegurança jurídica, uma vez que, mesmo havendo cumprido com todos os quesitos previstos em Lei para a instalação e funcionamento, escolas correm o risco de não poderem usar seus pátios e quadras esportivas para qualquer atividade que produza ruído, sob pena de punição;
2. O zelo judiciário ao sossego e ao descanso individuais também será aplicado se solicitado pelos vizinhos do Aeroporto Salgado Filho, por exemplo? E aos vizinhos dos estádios de futebol?
3. Somos vizinhos do Hospital Moinhos de Vento e diariamente caminhões transitam por nossa rua para retirar resíduos do hospital e realizar entregas. O ruído dos fluxos no hospital perturbam, sobretudo em horários noturnos. No entanto seria razoável impedir o
funcionamento do hospital ou a coleta de resíduos? De acordo com a decisão judicial em
relação à escola, nos parece que sim. O bem estar pessoal estaria acima de qualquer serviço de utilidade pública prestado à comunidade?
4. Ao privilegiar o direito de um, o Juiz tolheu o direito de muitos, nesse caso, crianças, impedidas de brincar ao ar livre na escola, contrariando, salvo engano, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei 8.069, de 13/07/1990 em seus Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis e Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários ressalvadas as restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
5. Se as crianças são impedidas de transitar pelos os espaços externos das escolas só existem duas soluções: transformar todos os espaços abertos em fechados e criar isolamento acústico, o que as impede de contato mínimo com ambientes abertos ou segregar espacialmente as escolas, situando-as em quarteirões ou setores exclusivos. Ambas soluções inadequadas do ponto de vista social, ecológico, urbanístico e pedagógico;
6. Salvo engano, a sentença desautoriza a Prefeitura de Porto Alegre como instância
responsável pelo planejamento urbano da cidade e pela concessão de autorizações e alvarás de funcionamento e localização.
Curiosamente, do outro lado da capital, no Bairro Cidade Baixa, conhecido por seus inúmeros bares, café, etc., os moradores, cansados dos excessos de ruído, só que neste caso, durante o horário de silêncio, lograram um acordo com estabelecimentos comerciais, muitos deles funcionando em desacordo com os seus alvarás.
A assimetria das soluções é gritante: Num caso, temos vários moradores reclamando do
descumprimento do horário de silêncio por estabelecimentos comerciais em desacordo com as normas. No outro, uma moradora, com alguma notoriedade, reclamando da algazarra de crianças menores de seis anos, brincando no pátio de uma escola, que cumpriu todas as exigências legais.
Que sociedade é esta que aceita a poluição, que transforma até as praias em ambientes artificiais, impedindo a fruição contemplativa da natureza, que só circula em ambientes fechados dos quais se sai tonto de tanto barulho, que naturaliza a discriminação e a violência a ponto de subverter as noções de bem estar público e privado? Como a justiça pode naturalizar o encarceramento da infância e a intolerância, contribuindo para amplificar e não solucionar conflitos comunitários, uma briga de vizinhos? Tolera-se a destruição do meio ambiente, da paisagem da cidade, naturaliza-se a segregação social e espacial em prol do desenvolvimento, mas não crianças brincando?
O símbolo da justiça é a divindade romana Iustitia, representada por figura feminina vendada com uma balança nas mãos. Como todos sabem é uma alegoria ao fato de que, independente de quem sejam as partes, a justiça, ao pesar os fatos tomaria uma decisão equilibrada. Não parece ser o caso. 

Andrea da Costa Braga e Fernando Falcão, Arquitetos e pais de uma das “infratoras”.

1 Filme do diretor Jonathan Demme, 1991.
2 Acordão-2012_367550 – TJRS.
3 Inciso VIII do art. 30 da Constituição Federal incumbe ao Município “promover, no que couber, adequado
ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano”.

Arena do Grêmio - Auditoria nas contas da Prefeitura

De: Sofia Cavedon
Diante da rejeição às contrapartidas no Termo de Compromisso assinado entre a OAS Empreendimentos, prefeito e secretários da capital, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/RS), está solicitando ao Ministério Público do Tribunal de Contas (MPC) a realização de auditoria no processo de aprovação do projeto da Arena do Grêmio. Ainda está para ser definida se a auditoria será nas contas da prefeitura deste ano, ou uma especial.

Foto Divulgação Gabinete
A informação é da vereadora Sofia Cavedon (PT/PoA), que junto com o deputado Raul Pont (PT/RS), reuniu-se com o presidente do TCE-RS, conselheiro César Miola, na segunda-feira (26/11). Sofia e Raul pediram prioridade na ação, “uma vez que obras importantes precisam ser feitas e o governo municipal sequer tem verbas para realizá-las”, salienta a vereadora afirmando que “isso já está causando problemas e prejuízos para a cidade e seus cidadãos”.

Para o deputado Raul Pont, a prefeitura de Porto Alegre não poderia ter liberado um empreendimento como a Arena sem a responsabilização por parte do empreendedor da realização das obras de mobilidade exigidas. “Como a Prefeitura libera um projeto que além da Arena possui shopping, centro de eventos, estacionamentos e 18 espigões de apartamentos e tudo isso será mercantilizado pelo empreendedor e esse não terá nenhum ônus na urbanização do local?”, questiona.

Segundo o deputado, a OAS já recebeu vantagens do governo, como o acordo feito com o Estado, no governo Yeda, que inclui a troca do gravame público da área cedida para a Universidade do trabalho, avaliada em R$ 38 milhões, por outra, na Estrada Costa Gama, avaliada em torno de R$ 3 milhões.

Sofia e Raul reforçaram o pedido de agilização ao TCE para que a representação do MP, que cobra o cumprimento do Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) pela empresa, seja auditado. “O prefeito assumiu que vai fazer as obras, que custam em torno de 80 milhões de reais, e o Termo de Compromisso assinado pelo seu governo é a evidência fática do que a sociedade já conhecia através de nossas denúncias ou pelas notícias veiculadas na mídia”, destaca a vereadora.

No MPC a adjunta do Procurador-Geral, Dra. Fernanda Ismael, já esta com toda a documentação que comprovam a falta de compensações pela OAS. “O Governo Municipal, além dos incentivos dados a construtora, irá realizar com dinheiro público as compensações no entorno da obra, que são de responsabilidade da empresa”, ressaltam os parlamentares.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O papel lamentável de parte da imprensa na cobertura do atentado ao Riocentro


A Comissão da Verdade recebeu hoje, em Porto Alegre, documentos sobre a morte de Rubens Paiva e o atentando no Riocentro, cometidos pela ditadura militar. Os papéis, como revelou o Zero Hora , confirmam oficialmente aquilo que já sabíamos: as versões oficiais para os dois casos não tinham nenhum sentido. Rubens Paiva foi preso e morto pela ditadura. A mesma ditadura que planejou o ataque ao Riocentro.
Neste momento histórico, é oportuno lembrar como a imprensa se comportou na época do atentado no Rio, em 1981. É esclarecedor saber que algumas posturas enviesadas da grande mídia a acompanham já há décadas.
 ImagePara quem não lembra, um breve resumo do atentado: na noite de 30 de abril de 1981, durante um show com os principais nomes da MPB no Riocentro em homenagem ao Dia do Trabalho, duas bombas explodiram no local. A primeira estourou dentro de um carro Puma e matou um sargento e feriu um capitão do Exército. Pouco depois, outra bomba explodiu na casa de força do Riocentro.

Era uma ação de militares que resistiam à abertura política e ao fim da ditadura. O Exército tentou esconder o fato – claro como o dia – de que os militares planejavam fazer um atentado contra o evento, mas uma das bombas acabou explodindo antes da hora. A ideia era culpar a esquerda.

É aí que entram alguns momentos nada honrosos da história da imprensa brasileira. O Jornal Nacional, da TV Globo, simplesmente desmentiu um fato que era absolutamente explícito, encampando a versão da ditadura.

Depois do atentando, o Jornal Nacional noticiou que havia mais duas bombas intactas no carro dos militares. Tais informações contrariavam o que sustentavam as investigações do Exército. Não deu outra: no dia seguinte, a TV Globo recuou e disse que as imagens não mostravam as referidas bombas, e sim cilindros de gás lacrimogêneo.
Esse recuo é reconhecido pela própria emissora, décadas depois. Neste link, a TV Globo tenta se justificar e diz que foi vítima de censura. Mas também reconhece que as outras emissoras não sofreram a mesma censura...
Nesse mesmo link, você pode ver as primeiras reportagens da Globo sobre o assunto. Curiosamente , não está registrada a que desmentiu a existência das bombas.

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A Veja também teve papel nada animador. Basta dar uma olhada nas capas das edições que se seguiram ao atentado. Na primeira (foto), estampava na capa "A volta do terror", numa ambiguidade que nem mesmo os mais ingênuos fariam. Com isso, a revista deixava implícita a mensagem de que o ataque poderia ter sido feito pela da esquerda. Sendo que não havia nenhum elemento a sustentar tal versão.



ImageMas o pior ocorreu na edição seguinte (foto). Na capa, a Veja destacava "Fiqueiredo enfrenta a luta armada", com uma foto do capitão ferido ao fundo. Ou seja, a revista encampou a versão oficial de que o capitão e o sargento haviam sido vítimas de um atentado terrorista da esquerda. Como se a luta armada ainda existisse naquela época! A reportagem ainda dizia que as "bombas desafiaram atrevidamente o Palácio do Planalto".



É claro que ninguém acreditou, e a verdade acabou aparecendo. Mas, antes disso, algumas manchetes da Folha e do Estadão também não merecem comemoração. Um dia depois de noticiar a existência de mais duas bombas no carro, a Folha veio com a manchete "Primeiro Exército repudia versões", num claro recuo.


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No mesmo dia, o Estadão também deu manchete aliviando para o Exército: "Délio promete investigar com 'máximo rigor'". Délio Jardim de Mattos era o ministro da Aeronáutica.

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Mas é preciso lembrar o papel importante que o Jornal do Brasil teve na busca pela verdade. O jornal investigou e publicou elementos importantes para esclarecer a verdade. Aqui, você pode ver algumas das edições da época do JB .
Infelizmente, as primeiras páginas imediatamente após o atentado não estão nesse arquivo digital, mas vale ler o relato do repórter Fritz Ultzer, que cobriu o episódio pelo JB e conta como foi parte da cobertura.
A cobertura do JB puxou a dos demais jornais, que passaram a noticiar com clareza as contradições das investigações e acabaram também expondo a falsidade da versão do Exército.

{Fotos: reprodução}

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Porta-voz da direita assume desejo de golpe

Hélmiton Prateado
(do Jornal Diário da Manhã)

O tenente-brigadeiro Ivan Frota nasceu em Fortaleza e foi criado em Ipameri, interior de Goiás, desde os dois meses de idade. Saiu daqui para estudar no Rio de Janeiro e se tornou oficial general da Força Aérea Brasileira. De passagem por Goiânia ele concedeu entrevista ao Diário da Manhã e falou sobre temas políticos e relembrou fatos do período militar.
Ivan Frota foi o primeiro aviador brasileiro a acumular mais de 3.000 horas de vôo em jato de caça. Sua tese de estudos para ingresso no Estado Maior da Aeronáutica se tornou o Projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). Foi candidato a deputado federal pelo PSD do Rio de Janeiro em 1994. Obteve pouco mais de 251 mil votos para presidente da República em 1998 pelo PMN e saiu da política após perder novamente uma eleição para deputado federal em 2002 pelo PTB no Rio Grande do Norte.
Na reserva desde 1993 ele agora preside o Clube da Aeronáutica, equivalente para os aviadores ao Clube Militar – do Exército – e ao Clube Naval, da Marinha. Preside também a Academia Brasileira de Defesa, instituição que pretende ser para os civis o equivalente ao Ministério da Defesa. Um gabinete paralelo que discute temas ligados a assuntos oficiais de segurança nacional.
Para Ivan Frota a Comissão da Verdade é um “revanchismo inaceitável e pouco inteligente, um erro de quem está comandando politicamente este país”. O brigadeiro considera que o período militar (1964-1985) não foi uma ditadura “pois o País tinha presidentes eleitos e Congresso funcionando”. Para ele o Ato Institucional nº 5 (AI-5) não invalidou a legitimidade dos governos que se valeram dele. A morte do jornalista Vladmir Herzog não merece ser discutida e torturadores e assassinos como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra devem ser perdoados e que não há prova de que ele tenha torturado e matado. “Quem tinha de ser julgado eram as Forças Armadas”.
Para o presidente do Clube da Aeronáutica os ataques promovidos por criminosos ligados ao PCC – Primeiro Comando da Capital - em São Paulo apresentam aspectos de estar a serviço de grupos políticos supostamente ligados ao PT ou a quem queira desestabilizar o governo de São Paulo que é do PSDB. Afirma que o ex-presidente Lula tem patrimônio de 2 bilhões de dólares, que a corrupção está campeando solta na política nacional e que “a Justiça é manipulada pelo governo, todo mundo nesse país se vende,”.
Diário da Manhã – Como o senhor avalia a Comissão da Verdade?
Ivan Frota – Acho um revanchismo inaceitável e pouco inteligente que o governo está cometendo um erro. O Brasil precisa pensar no futuro e colocar a verdadeira dimensão de um país de 200 milhões de habitantes e uma superfície de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Não podemos nos prender a coisas ultrapassadas como esse revanchismo barato que diz respeito a acontecimentos do tempo dos governos militares. Na realidade estamos vendo que indivíduos de representação daquela época, subversivos, indivíduos que funcionavam contra o governo instalado, hoje estão aí sendo presos e punidos pelo mensal, como o José Dirceu. Isto é uma constatação para a sociedade do nível de qualidade moral que esses indivíduos tinham naquela época e que estão mostrando que o que eles queriam era só tomar conta do poder para se locupletarem com o dinheiro público.
Diário da Manhã – Mesmo a presença de representantes do Judiciário e outras instituições dá legitimidade à comissão?
Ivan Frota – Sei que há até ministro do STJ que compõe a comissão, como outros membros. Não quero dizer que um ou outro seja revanchista, mas a criação da comissão para investigar só um lado, não investigar o outro, acho que é perda de tempo e desgaste para uma nação como é o Brasil que isto esteja acontecendo agora. Só finalidade negativa. Acho uma perda de tempo e que deva ser colocada uma pá de cal sobre isto, coisa que já deveria ter sido feita há muito tempo. A própria Lei da Anistia já tinha dado. Estão querendo simular outra coisa que já não existe mais, não há a menor razão de ser.
Diário da Manhã – A Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou a Lei da Anistia e mandou que crimes de tortura e morte sejam julgados. Isto não igualmente não tem legitimidade?
Ivan Frota – A OEA é uma instituição comandada pelos Estados Unidos e que está se imiscuindo em assunto que não lhe diz respeito. Nós estamos sendo vítimas em nosso país de duas pressões contra a população brasileira. A primeira é esta pressão política do próprio governo que está instalado, que faz pressão contra o desenvolvimento do país. O atendimento às necessidades das forças armadas tem sido negado. As forças armadas brasileiras são as menos equipadas da América do Sul, porque ficam com medo de que equipando as forças armadas possa ser feita alguma revolução ou golpe, como foi em 1964. O que não está na cabeça dos militares nesse momento.
Diário da Manhã – Os militares não estão mais com cabeça para golpe?
Ivan Frota – Para novo golpe militar não. Mas há uma forte vontade para tirar esse governo sem vergonha que está aí, que está já há não sei quanto tempo tomando atitudes absurdas em relação a nosso país como essa comissão da verdade. O povo, de repente, vai se cansar de tudo isso e por mais que se compre a vontade popular, como está sendo feito nesses oito anos de governo do PT e mais esses dois anos da Dilma, foram todos dedicados a comprar a vontade do povo, com bolsa família e outras asneiras. Culminou com o mensalão que é comprar a vontade dos políticos também.
Diário da Manhã – Como se sente um oficial hoje em ter de bater continência e obedecer as ordens de uma mulher que foi terrorista e pegou em armas contra a ditadura militar?
Ivan Frota – Os militares são disciplinados e uma continência significa dar um bom dia, que qualquer pessoa o faz em sinal de respeito. São responsáveis e a disciplina está acima de tudo. Têm mantido esse nível e enquanto houver um governo constituído e apoiado em uma Constituição os militares vão manter sua obediência e respeito às autoridades constituídas.
Diário da Manhã – Como o senhor vê a postura do ex-presidente Lula?
Ivan Frota – O senhor Luiz Inácio Lula da Silva é um ser político. Apesar do baixo cultural ele é um indivíduo que tem um senso político excepcional e ele gosta de praticar essa política. Creio que ele saiu do governo para continuar a fazer política. Ele poderia até, com o apoio popular que tinha quando estava na presidência, ter postulado um terceiro mandato e até se perpetuar no governo. Ele não quis isto porque não é sua seara. Lula quando estava no governo nunca governou nada, o que ele fez foi delegar poder de mando para outros, como os ministros José Dirceu e Dilma Roussef. Ele fez política o tempo inteiro. Tudo o que ele assinou foi sem saber o que estava assinando. Ele adora fazer política e está fazendo. Conseguiu fazer o prefeito de São Paulo de uma forma inesperada com um rapaz sem qualidade nenhuma para a maior cidade do país.
Diário da Manhã – O ex-ministro Fernando Haddad, prefeito eleito de São Paulo, é doutor em filosofia pela USP. Para o senhor ele não tem qualidade nenhuma?
Ivan Frota – Eu não quero saber quem foi que deu diploma para ele. Eu avalio apenas seu desempenho político. Só teve fracasso nesse quesito e por isto foi escolhido. Não acredito que vá ter sucesso como prefeito. Seu comportamento político foi condenável em todos os aspectos, é muito fraco. Eu não sei o que o Lula está querendo com esse protegido seu. Até sei. Está querendo conquistar o maior segmento político do país, que o estado de São Paulo inteiro. Já conquistou a prefeitura agora quer o governo do estado. Essa movimentação se mostra com esses acontecimentos de crimes em série em São Paulo que estamos assistindo. A bandidagem não cresce de repente a não ser que estimulada por determinados objetivos e a política está por trás disso.
Diário da Manhã – O senhor está sugerindo que assassinatos, ataques a quartéis e presídios, além de incêndios em ônibus têm fundo político?
Ivan Frota – Essas ações de banditismo que estão ocorrendo em São Paulo só podem ser para desestabilizar o governo do estado de São Paulo. A quem interessa isto, senão os indivíduos que querem neutralizar a ação política do governador Geraldo Alckimin. Tenho certeza que há uma atividade política nisto aí e que se for comprovada será um escândalo maior que o mensalão. Agora não estão só roubando dinheiro, agora estão matando gente. É um negócio muito sério. De repente cresce em escala exponencial a atividade do banditismo e há alguma coisa por trás disso para desestabilizar o governo do estado. Não posso provar, mas a lógica nos leva essa conclusão. É só prestar atenção que verá isto. Só pode haver uma vontade política em desestabilizar esse governo.
Diário da Manhã - O senhor acredita em um retorno dos militares ao poder?
Ivan Frota – O que eu acho extremamente necessários é que consigamos eleger governos sérios, que queiram o desenvolvimento do país, que não permitam a balbúrdia e a roubalheira. Todos os presidentes militares terminaram sua vida sem riqueza e o presidente Lula tem uma fortuna de 2 bilhões de dólares, segundo a Revista Forbes. Como é que pode ser uma coisa dessas. O filho dele que era funcionário do jardim zoológico e está milionário. Ninguém consegue ganhar tanto dinheiro assim em tão pouco tempo. A corrupção está campeando solta nesses dois governos liderados pelo PT e o Lula é um exemplo disso. Enquanto isto ficam inventando coisas para julgar indivíduos que deram sua colaboração para evitar o comunismo triunfar no Brasil.
Diário da Manhã – Como o do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra?
Ivan Frota – É um exemplo. O Ustra está sendo um boi de piranha. Quem tinha que ser julgado eram as forças armadas, ele apenas cumpria ordens. Ele cumpriu seu dever porque ocupava um cargo.
Diário da Manhã – O Ministério Público Federal ofereceu denúncia e a Justiça acatou. Estão também de conluio com as esquerdas?
Ivan Frota – Que Justiça é esta? É uma Justiça comprada, manipulada pelo governo. Quem tem mais poder manipula. Nesse país todo mundo se vende.
FRASES
“Que Justiça é esta? É uma Justiça comprada, manipulada pelo governo. Quem tem mais poder manipula. Nesse país todo mundo se vende.
“Não podemos nos prender a coisas ultrapassadas como esse revanchismo barato que diz respeito a acontecimentos do tempo dos governos militares”.
“A OEA é uma instituição comandada pelos Estados Unidos e que está se imiscuindo em assunto que não lhe diz respeito. Nós estamos sendo vítimas em nosso país de duas pressões contra a população brasileira”.
“Há uma forte vontade para tirar esse governo sem vergonha que está aí, que está já há não sei quanto tempo tomando atitudes absurdas em relação a nosso país”
“Lula quando estava no governo nunca governou nada, o que ele fez foi delegar poder de mando para outros, como os ministros José Dirceu e Dilma Roussef. Ele fez política o tempo inteiro”.
“Essas ações de banditismo que estão ocorrendo em São Paulo só podem ser para desestabilizar o governo do estado de São Paulo. Tenho certeza que há uma atividade política nisto aí e que se for comprovada será um escândalo maior que o mensalão”.

domingo, 25 de novembro de 2012

Quem sabe - Carlos Gomes

Quem Sabe, de Carlos Gomes, interpretado por Cleidiane. Uma bela música que atravessa os anos.

Boris Casoy e Band são condenados a pagar R$ 21 mil por danos morais a gari

O jornalista Boris Casoy e a TV Bandeirantes foram condenados a pagar indenização de R$ 21 mil por danos morais ao gari Francisco Gabriel de Lima. A decisão da 8ª Câmara de Direito Privado de São Paulo foi publicada pelo Tribunal de Justiça neste sábado (24). “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação”, diz o acórdão.
Francisco Gabriel de Lima participou de uma vinheta da emissora desejando feliz Natal no ano de 2009 e, devido a uma falha técnica do áudio da Bandeirantes, foi possível ouvir Boris Casoy dizendo ao vivo durante o “Jornal da Band”: “Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho!”.

Comerciantes de areia estão matando o rio Jacui

O Patrulha Ambiental mostrar os terríveis danos ambientais irreparáveis que o Rio Jacuí e o Delta do Jacuí sofreram com a extração predatória de areia, onde dezenas de praias sumiram e milhares de arvores morreram, com isso toda fauna e flora também se foram.