Por André Trigueiro, no Mundosustentável
Nos Estados Unidos e no Brasil, surgem novos sinais de que
empresa recusa-se a assumir compromissos com uso de componentes
sustentáveis e com redução e reciclagem do lixo eletrônico
O gênero de resíduos que mais cresce no mundo é o lixo eletrônico, ou
seja, pilhas, baterias e tudo o que precise de eletricidade para
funcionar (computadores, televisores, aparelhos de som,etc). Os
obsessivos lançamentos de novos produtos e o encurtamento da
obsolescência programada (equipamentos projetados para durar pouco) são
responsáveis por uma “tsunami” de lixo eletrônico que já ultrapassou 50
milhões de toneladas/ano em todo o mundo.
Para reduzir o volume de lixo – e facilitar o reúso ou a reciclagem
dos componentes – os Estados Unidos criaram uma certificação ambiental
para produtos eletrônicos (EPEAT http://www.epeat.net
) que valoriza, entre outras iniciativas, eficiência energética, maior
facilidade para desmontar o equipamento após o descarte e segurança na
segregação dos componentes tóxicos.
Segundo reportagem do Wall Street Journal,
o Governo dos Estados Unidos exige que 95% dos produtos eletrônicos
adquiridos com recursos públicos sejam certificados pelos padrões da
EPEAT. Também seguem a certificação grandes empresas como a Ford e HSBC.
Duzentas e vinte e duas das mais importantes universidades
norte-americanas também dão preferência a computadores certificados pelo
EPEAT.
Pois a mesma reportagem informa que um funcionário da Apple avisou,
no final de junho ao Diretor Executivo da EPEAT, Robert Frisbee, que a
orientação de design da empresa não era mais compatível com as
exigências da EPEAT, e que por isso, pediu para tirar da lista de
produtos sujeitos à certificação ambiental 39 computadores desktop,
monitores e laptops (incluindo alguns modelos MacBook Pro e MacBook
Air).
Foi a segunda vez em menos de três meses que a Apple desapontou seus
seguidores mais antenados com os assuntos na sustentabilidade. No último
mês de abril a empresa apareceu como vilã em um relatório do Greenpeace
que avaliou as fontes de energia mais utilizadas pelas gigantes da TI. O
relatório “How clean is your cloud?”
informou que mais da metade da energia que mantém a estrutura da Apple
funcionando tem origem em combustíveis fósseis, principalmente o carvão
mineral.
Completando a onda de notícias ruins que alcançam a maçã de Steve
Jobs, um relatório recente produzido pelo Centro de Descarte e Reúso de
Resíduos de Informática da Universidade de São Paulo (USP) avaliou os
esforços realizados pelas empresas que atuam no Brasil para recuperar os
equipamentos que são descartados como lixo. Pela atual Lei Nacional de
Resíduos Sólidos, essas empresas são obrigadas a promover a logística
reversa, ou seja, a recuperação desses produtos quando eles são
descartados como lixo. A Apple (juntamente com Samsung, Sony, IBM,
Proviews e Brother) aparece na lista negra do relatório, justamente
entre as empresas que não se prontificam a buscar o resíduo (quando o
usuário está pronto para descartá-lo como lixo), nem aceitá-lo quando
entregue em uma de suas lojas.
É pena saber de tudo isso depois de já ter um Iphone.
Se a Apple não desmonstrar de forma bastante convicente seu
comprometimento com os valores socioambientais, será meu último tablet
sabor maçã.
PS: Este espaço está completamente disponível para que a Apple faça as considerações que desejar.
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