segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Há 38 anos, falecia Lupicínio Rodrigues

A seguir, "Nervos de Aço", o mais significativo exemplo da música de dor de cotovelo do Brasil, na voz do seu autor.
 


 
 
Compositor. Cantor.

Nasceu no bairro portoalegrense da Ilhota, na Travessa Batista, nº 97. Primeiro filho homem do casal Francisco Rodrigues e Dona Abigail, que tiveram ao todo 18 filhos. O pai, um funcionário da Escola de Comércio, atualmente Faculdade de Economia, batizou o filho com o nome de um herói da Grande Guerra: Lupicínio. Apesar de pobre, passou a infância sem grandes privações. O pai queria que ele se tornasse um doutor e, quando o menino fez cinco anos, resolveu levá-lo à escola para aprender a ler. Depois de pouco tempo freqüentando a escolinha, a professora aconselhou Seu Francisco a trazê-lo só quando tivesse sete anos: "...Até agora não quis saber de prestar atenção à aula. Só quer saber de brigar na classe e cantarolar...". O pai acabou compreendendo que o menino ainda era muito pequeno para ser forçado a estudar. O pequeno Lupi, como era chamado, passou a "freqüentar" o campinho de várzea para jogar bola com os outros "guris". Foi daí que veio a paixão pelo futebol que o fez tornar-se um fervoroso torcedor do Grêmio, clube portoalegrense para o qual, anos depois, acabou compondo o hino oficial. Aos sete anos, finalmente, foi matriculado no curso primário do Colégio São Sebastião, de Irmãos Maristas, que ficava na Rua do Arvoredo, hoje Fernando Machado. De sua primeira escola, guardou a lembrança carinhosa dos professores de música, Irmão Stanislau e Irmão Alfredo. Como sua família era pobre, mesmo estudando, necessitou aprender um ofício. Quando estava com 12 anos, o pai conseguiu colocá-lo como aprendiz nas oficinas da Companhia Carris Portoalegrense, que administrava os bondes e, posteriormente, na firma Micheletto. Já nessa época, compunha música para os blocos carnavalescos de seu bairro. Quando adolescente, passou a freqüentar o bar de Seu Belarmino, onde ficava com os amigos bebendo e cantando até altas horas. O pai, preocupado com o "talento" boêmio do filho, resolveu apresentá-lo como "voluntário" ao exército.

Em 1931, passou a ser o soldado 417 do 7º Batalhão de Caçadores de Porto Alegre. No quartel, foi cantor de um conjunto musical de soldados e continuava compondo para os blocos carnavalescos. Chegou a vencer um concurso com uma marchinha chamada "Carnaval", feita para o Cordão Carnavalesco Prediletos. Dois anos depois, era promovido a cabo e transferido para a cidade de Santa Maria. Quando deu baixa no exército, em 1935, Seu Chico conseguiu-lhe um emprego de bedel na Faculdade de Direito. Apesar de ter tido uma grande paixão na juventude, a jovem Iná, não chegou a se casar, pois a moça não aceitava sua vida boêmia. Romperam o noivado com grande mágoa um do outro. O próprio compositor admitiria que esse fracasso amoroso na juventude teria sido fonte de inspiração de muitos sambas seus.

Em 1939, depois de rompido o noivado com Iná, decidiu passar uma temporada no Rio de Janeiro. Passou a freqüentar a boêmia da Lapa carioca, convivendo com artistas e com a malandragem de então. Entre os companheiros de noitadas no legendário Café Nice estavam Kid Pepe, Germano Augusto, Wilson Batista, Ataulfo Alves, entre outros. Foi naquele reduto boêmio que ficou conhecendo Francisco Alves, que se tornou um de seus principais intérpretes.
Em 1947, aposentou-se da Faculdade de Direito de Porto Alegre por motivo de doença. Nessa época, resolveu abrir uma churrascaria, a Jardim da Saudade ou Galpão do Lupi, a primeira de uma série de restaurantes e bares que iria abrir nos anos seguintes.
Casou-se somente em 1949, com Cerenita Quevedo Azevedo, que conheceu ainda criança, e não via há mais de 15 anos. Com ela teve um filho, Lupicínio Rodrigues Filho. Na verdade, já havia sido casado com uma moça chamada Juraci, que no leito de morte lhe pediu que se casasse para legalizar a situação da filha que tiveram, Tereza. Cerenita acabou adotando a menina, que mais tarde daria cinco netos ao casal. Anos depois comprou uma chácara no bairro Cavalhada, onde passou seus últimos anos de vida com a família. Foi fundador e representante da Sbacem no Rio Grande do Sul, por 28 anos. Faleceu em Porto Alegre, a 27 de agosto de 1974, cercado pela admiração geral.

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