Por Altamiro Borges
Na semana passada, o Ministério Público do Trabalho (MPT) protocolou na
Justiça de Araraquara, no interior de São Paulo, uma ação contra a
empresa Cutrale - uma das maiores produtoras de suco de laranja do mundo
- por cometer vários abusos contra os seus funcionários, desrespeitando
a legislação trabalhista. Entre outros crimes, a empresa efetua
descontos salariais abusivos e não garante estabilidade às gestantes.
A Procuradoria do Trabalho solicitou da Cutrale o pagamento de R$ 1
milhão por danos morais coletivos. A ação teve início a partir da
demissão de uma trabalhadora durante a gravidez. A Justiça do Trabalho
enviou uma sentença ao MPT sobre o caso. Na decisão, o juiz considerou
que houve discriminação da funcionária gestante, condenando a empresa ao
pagamento de indenização por dano moral.
Mídia protege a empresa
Esta não é a primeira vez que a poderosa empresa é condenada na Justiça.
Ela é conhecida por desrespeitar a legislação trabalhista, por cometer
inúmeros crimes ambientais e por estrangular financeiramente os pequenos
produtores de laranja. Além disso, a empresa já foi denunciada por
invadir terras devolutas do Estado. Apesar deste histórico tenebroso, a
mídia comercial evita dar destaque para os seus crimes. Afinal, a
Cutrale gasta fortunas com publicidade nos jornalões, revistonas e
emissoras de rádio e televisão.
Bem diferente é a atitude da mídia venal quando os trabalhadores lutam
contra os abusos desta empresa. A recente decisão do MPT de processar a
Cutrale não foi destaque em nenhuma TV. Já quando os sem-terra ocuparam
uma terra grilada pela empresa no interior de São Paulo, o assunto foi
manchete nos jornalões e a cena dos tratores destruindo alguns pés de
laranja foi repetida dezenas de vezes pelas emissoras, principalmente
pela TV Globo. Só mesmo os laranjas acreditam em neutralidade da mídia!
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