sábado, 5 de novembro de 2011

A utilidade dos paradoxos

O texto poderia ser melhor, mas é útil para refletir sobre os paradoxos - reais ou não -  do cotididano.
 Publicado em obvious

Quem já ouviu falar do gato de Schrödinger, que está ao mesmo tempo vivo e morto? Acostumada a sempre buscar uma resposta para todas as questões, a mente humana pode encontrar certos pontos de dúvida insolúveis. Questão que aparentemente não têm solução lógica, têm um grande valor para a física, matemática e até filosofia. Conheçam alguns paradoxos.
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MC Escher
O raciocínio lógico foi uma das maiores, senão a maior das conquistas da mente humana desde os primórdios da evolução. Graças a ela, tornamo-nos capazes de resolver problemas complexos, analisando possibilidades e eventos de maneira matemática. Há, no entanto problemas, situações e imagens que parecem atentar contra nossa capacidade intelectual lógica, apresentando contradições muitas vezes impossíveis de serem racionalmente analisadas. Conheçam o maravilhoso mundo dos paradoxos.
Na raiz etimológica da palavra, encontramos uma dica importante sobre seu significado. Paradoxo é formado pelos radicais gregos para, que tem significado de “o oposto de” ou “o contrário” e doxo, que significa opinião. Paradoxo seria então aquilo que contradiz uma idéia geral, lógica, sobre determinado assunto. O paradoxo normalmente utiliza-se de uma falha no raciocínio, uma indução errônea ou simplesmente uma aparente possibilidade física ou matemática dificilmente demonstrável para criar uma situação racionalmente contraditória.
Existem os paradoxos matemáticos, que normalmente utilizam-se de formas geométricas ou equações para criar um resultado impossível; existem os paradoxos psicológicos e filosóficos, que versam sobre estados emocionais e idéias; e os paradoxos físicos, que normalmente apresentam idéias que contrariam as leis da física clássica.
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Um dos paradoxos matemáticos mais intrigantes, e que com certeza faz sucesso em festas e reuniões de amigos, é o paradoxo do aniversário. Esse paradoxo diz que em uma sala com 23 pessoas, a chance que alguma delas tenha a mesma data de aniversário é superior a 50%. Impressionado? Pois para 57 pessoas a taxa de probabilidade supera os 99%! O cálculo feito para demonstrar isso se baseia na teoria dos conjuntos e das probabilidades. Considera-se o ano simples de 365 dias e a cada pessoa que possui uma data de aniversário diversa, subtrai-se um do divisor da probabilidade. De maneira que, quanto maior o número de pessoas em uma sala, maior a probabilidade de termos aniversariantes no mesmo dia.
Outro paradoxo que faz sucesso nas salas de aula é o paradoxo do quadrado perdido. Ele mostra um gráfico em que um triângulo retângulo é disposto em quatro partes geométricas. Após uma troca das partes, forma-se outro triângulo, mas uma área em branco surge em sua base. Como é possível, se o tamanho das peças não foi alterado?

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O segredo nesse paradoxo é uma pegadinha matemática. Se observarmos atentamente, veremos que o triângulo azul e o vermelho não têm o mesmo ângulo. Logo, na primeira imagem a hipotenusa não é uma reta. Ponto para os matemáticos.
Infelizmente (ou felizmente, para nós), nem todos os paradoxos podem ser assim tão simplesmente demonstrados e confirmados. No caso dos paradoxos físicos, a maioria deles é baseada em conjecturas que versam acerca de propriedade físicas conhecidas do nível atômico e molecular, que são demonstradas através de um cenário fictício para ilustrar como a física quântica (que estuda a física no nível atômico) pode destoar dos princípios da física clássica. Alguns paradoxos levam em conta a imprecisão do movimento atômico, de maneira que ele pode gerar cenários com probabilidades absolutamente aleatórias.
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O famoso paradoxo do “Gato de Schrödinger” é um dos mais bizarros, por contrariar uma das verdades absolutas humanas, a vida e a morte. Nesse experimento, um gato é colocado dentro de uma caixa com um frasco de veneno, que só será rompido se um equipamento contador de radiação (um contador Geiger) detectar que um elemento radioativo liberou alguma partícula. Como a nível atômico a probabilidade desse elemento radioativo liberar a radiação é de exatamente 50%, a partir do momento que fechamos a caixa, o gato lá dentro está simultaneamente vivo e morto. Não que realmente tenhamos um gato zumbi dentro da caixa, mas como é impossível determinar (já que a caixa está fechada), fisicamente ambas as opções são válidas.
Apesar de aparentemente surreais, os paradoxos físicos ainda encontram respaldo em leis e regras naturais. Outras, no entanto, fogem completamente das regras do bom-senso. Como no caso do Paradoxo do Avô, em que uma pessoa volta no tempo e assassina o seu próprio avô. Nesse caso, alguns defendem que o continuum não pode ser alterado, portanto, ao viajar para o passado e matar o seu antepassado, um universo paralelo surgiria. Outros dizem que o tempo é sempre o presente e que, matando seu avô, seu passado simplesmente desapareceria, sendo que sua existência se iniciaria no momento em que surgisse na máquina do tempo.
Outros paradoxos bastante discutíveis, e esses sim absolutamente polêmicos, são os metafísicos, que envolvem espiritualidade e religião. Epicuro dizia que a existência do mal era incompatível com a existência de um Deus bondoso e onipotente. Se Deus é bom, não é onipotente, pois não pode acabar com o mal. Se é onipotente, não é bom, pois não acaba com a presença do mal. Fonte inesgotável de discussões religiosas apaixonadas.
Os paradoxos cumprem uma função essencial para a mente humana, que é de propor exercícios de pensamento e raciocínio para lapidar nosso conhecimento e entendimento do mundo. Se questionar é aprender, não existe nada que possa gerar mais aprendizado do que uma questão que deve ser eternamente pensada. Ou será esse outro paradoxo?

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Igreja Universal abre templo em paraíso fiscal no Caribe


Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura

A Igreja Universal abriu no começo de outubro um templo em Santa Lúcia, que é uma ilha no Mar do Caribe Oriental com cerca de 170 mil habitantes -- católicos, na maioria.  A ilha conseguiu autonomia da Inglaterra em 1967 e a independência em 1979. É grande exportadora de banana e polo de turismo.
É também um paraíso fiscal: o seu sistema bancário -- um dos mais bem estruturados da região – é usado por pessoas que têm grande somas de dinheiro cuja origem não pode ser declarada em seu país por motivos diversos.
A ilha tem prestado esse tipo de serviço financeiro polêmico há pelo menos 25 anos, mas somente em 2000 a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) a incluiu na lista dos paraísos fiscais.
Não se pode dizer que a igreja do bispo Edir Macedo, que se encontra em 180 países, tenha ido para lá com o propósito de obter vantagem desse paraíso porque não há nenhum indício nesse sentido.
Mas a instalação de um templo em Santa Lúcia deve ter chamado a atenção do MPF (Ministério Público Federal) porque denunciou (acusação formal à Justiça) Macedo e outros dirigentes da igreja por formação de quadrilha e de lavagem de dinheiro, com o uso, inclusive, de paraísos fiscais.
Estados Unidos e Venezuela também investigam as operações financeiras da Universal.
Dois doleiros brasileiros disseram ao Ministério Público americano que entre 1995 e 2001 remeteram em nome da igreja para bancos de Nova York cerca de R$ 420 milhões. Esse dinheiro teria vindo do dízimo dos fiéis.
O pastor brasileiro André Silva, do templo de Santa Lúcia, disse que já está “tralhando duro” para dar “conselhos espirituais” aos habitantes da ilha. “As portas da Iurd estão abertas todas os dias, das 8h às 20h, com cinco serviços diários.”

Com informação da Arca Universal e deste blog.

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Paulopes

Justiça suspende anulação de 13 questões do Enem 2011

O TRF 5 suspendeu a anulação de 13 questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2011. A decisão foi proferida pelo desembargador Paulo Roberto de Oliveira Lima nesta sexta (4).
De acordo com a decisão, as 13 questões somente ficarão anuladas para os 639 alunos do Colégio Christus, de Fortaleza, que se submeteram à prova. Assim, "as provas serão mantidas na sua integralidade para os quase 5 milhões de estudantes que se submeteram ao exame", segundo nota do TRF 5.

Mais razoável

De acordo com o presidente do TRF5, a solução dada por ele é a mais razoável. “A liminar considerada atinge a esfera de interesses de cerca 5 milhões de estudantes, espraiando seus efeitos para o ingresso deles nas várias universidades públicas do país, com repercussão na concessão de bolsas, na obtenção de financiamentos e na orientação de políticas públicas. O assunto é grave e influi, sim, na organização da administração”, avaliou o presidente do TRF5 na sua decisão.
“Nenhuma solução é de todo boa. Aliás, isso é próprio dos erros: quase nunca comportam solução ótima. Anular ‘somente’ as questões dos alunos beneficiados não restabelece a isonomia. É que eles continuariam a gozar, para o bem ou para o mal, de situação singular (afinal a prova, para os tais, findaria com menos questões). E certamente a solução não teria a neutralidade desejável, é dizer, o resultado não seria o mesmo, com e sem a anulação. De outro lado, anular as questões para ‘todos’ os participantes também não restauraria a igualdade violada. Como se vê, nenhuma das soluções tem condições de assegurar, em termos absolutos, a neutralidade e a isonomia desejáveis”, concluiu o magistrado.
O pedido de suspensão da liminar havia sido feito ontem (3) pela AGU (Advocacia Geral da União), através do procurador regional federal Renato Rodrigues Vieira e dos subprocuradores regionais Rodrigo Cunha Veloso e Miguel Longman.

Não ao divórcio e sim à poligamia, possível retrato da nova Líbia

Por Sara Sanz Pinto,
Mustafa Abdul Jalil, líder do Conselho Nacional de Transição, aflorou num discurso a possibilidade de rever a lei que limita a poligamia
 
O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia  declarou que as actuais leis de “divórcio e casamento” no país  deixaram de estar em vigor por serem contrárias à Sharia, a lei religiosa inspirada no Alcorão que, a partir de agora, servirá de base ao sistema judicial líbio. É por essa razão que o impedimento da poligamia deverá ser revisto, porque a mesma é permitida pela religião e “qualquer lei que violar a Sharia é legalmente nula”, garantiu Mustafa Abdul Jalil.
Aquilo que o Ocidente mais  temia – e que algumas mulheres líbias já haviam referido – pode mesmo acontecer: que alguns direitos que as mulheres tinham na Líbia de Muammar Kadhafi possam agora ser perdidos na democrática Líbia pós-revolucionária. E a restrição da poligamia é um desses direitos.
Alvo das mais variadas interpretações, a Sharia, vista por alguns ocidentais como sinónimo de extremismo, não tem impedido uma considerável secularidade no Egipto. As declarações de Abdul Jalil foram vagas e até ao momento não se sabe que versão da Sharia irá servir de base ao sistema judicial líbio.
Ao anunciar o sucesso da revolução líbia e a sua intenção em respeitar a Sharia, deu sinais de que iria abrir caminho para poligamia irrestrita, que foi durante décadas rara e muito limitada na Líbia. Para um país que acabou de sair de uma ditadura de 42 anos, as palavras de Abdul Jalil foram interpretadas como um retrocesso.
No seu discurso, Abdul Jalil afirmou que Kadhafi havia colocado restrições aos casamentos múltiplos, que são um princípio da lei islâmica, e, portanto, essa norma devia ser alterada. Durante o regime de Kadhafi, a primeira mulher tinha sempre de autorizar outras uniões do marido, prática que acabou por restringir a poligamia.
“Esta lei não está de acordo com a Sharia e tem de ser abolida”, afirmou o líder do CNT perante uma multidão, prometendo que o novo governo seria mais fiel à lei islâmica.
No entanto, a versão da Sharia de Abdul Jalil acabou por mudar no dia seguinte e, confrontado com a possibilidade de vir a ter um governo fundamentalista, o presidente do CNT sublinhou que não iria “abolir qualquer lei”. Sem saber em qual das duas versões de Abdul Jalil acreditar, algumas mulheres começam a ficar assustadas com a possibilidade de a nova Líbia se vir a transformar num estilo diferente de regime repressor.
“Seguir a lei islâmica é uma coisa boa. Ter muitas mulheres não é”, afirmou Awatif Alhjagi, uma estudante de biologia de 24 anos ao “New York Times”. “Estou preocupada. As pessoas que não tinham esse direito poderão agora ter quatro mulheres. Ele falou nisso, provavelmente vão fazê-lo”, acrescentou.
“Isto é um problema para nós, especialmente no que toca ao respeito pela dignidade das mulheres”, afirmou, por seu lado, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé. Para a França, que apostou muito forte desde o primeiro momento na queda do regime de Muammar Kadhafi, os sinais de que a nova Líbia possa vir a transformar-se num regime islâmico retrógrado e não numa democracia florescente é um péssimo resultado. Quase um pesadelo.

Mostra Na Sala Escura da Tortura será aberta hoje ao público


Brasília - Será aberta hoje (4) à visitação pública a mostra Na Sala Escura da Tortura, parte do projeto Marcas da Memória, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Inaugurada ontem (3) à noite no Museu Nacional da República, a exposição é resultado de uma parceria entre a Secretaria de Cultura do Distrito Federal, a Universidade de Brasília (UnB) e a Câmara dos Deputados.
As sete telas inspiradas nos relatos de Frei Tito durante seu exílio na França ficam expostas no Museu Nacional da República até 20 de novembro. Os quadros, que pertencem ao acervo do Instituto Frei Tito de Alencar, foram pintados a óleo pelos artistas Julio Le Parc, Gontran Guanaes Netto, Alejandro Marcos e José Gamarra.
Apresentada originalmente em 1973 no Museu de Arte Moderna de Paris, a exposição denuncia a tortura. Frei Tito foi preso por participar do congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna, em 1968. Fichado pela polícia, tornou-se alvo de perseguição da ditadura militar.
Edição: Graça Adjuto

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Feriadão de juízes com patrocínio público e privado

Cerca de 320 juízes e seus (suas) acompanhantes contaram com o apoio de empresas estatais para fazer turismo esportivo na aprazível praia de  Porto de Galinhas (PE). O Banco do Brasil e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), vinculada ao Ministério das Minas e Energia, bancaram parte dos "Jogos Nacionais da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra)", uma maratona de provas em resorts à beira-mar, com modalidades que vão do tiro esportivo ao pingue-pongue e ao dominó.  
As informações tiveram destaque na edição de ontem (2) do jornal O Globo, em matéria assinada pelo jornalista Fábio Fabrini.
Os jogos começaram no sábado (29) e terminaram ontem (2). A Anamatra admite ter recebido R$ 180 mil em diversos patrocínios, sendo R$ 50 mil do BB e R$ 35 mil da Chesf.
A Secretaria de Turismo de Pernambuco também contribuiu com despesas de uma orquestra de frevo.
Completam a lista de patrocinadores empresas como Oi e Ambev. O dinheiro público empregado no evento tem dois propósitos principais, como ressalta o saite dos jogos: propiciar “a interação, o convívio, a troca de experiências e o estreitamento dos laços entre todos os que fazem a Justiça do Trabalho”, além de promover a saúde da magistratura.
É que uma pesquisa da associação apontou altos índices de depressão, obesidade, hipertensão e sedentarismo entre os juízes, decorrentes, segundo a entidade, “da alta carga de trabalho, da pressão por crescente produtividade e da falta de estrutura no ambiente de trabalho”.
Desde sábado (29) aproveitando o feriadão, os juízes disputaram onze modalidades, com direito a medalhas para os campeões. A primeira festa de premiação, comandada por um humorista, foi à beira da piscina do Summerville Resort, um dos quatro que hospedam os atletas, cuja diária mais barata sai a R$ 820. Uma das novidades deste ano foi o dominó, que ficou entre as modalidades mais concorridas.
O presidente da Anamatra, Renato Sant’Anna, afirmou, em referência ao reajuste de salário negado pelo governo ao Judiciário, que as “olimpíadas” são uma chance de unir a categoria num “momento difícil” para a magistratura.

Contrapontos

* Procurada pelo jornal O Globo, a Anamatra alegou que os participantes pagaram taxa de inscrição (R$ 200), além de suas despesas de deslocamento para Porto de Galinhas, hospedagem e alimentação, sem colaboração dos patrocinadores.

“As empresas e entidades que apoiaram o evento contribuíram para reduzir os custos com infraestrutura dos jogos, manutenção dos espaços, sinalização e arbitragem das partidas”, explicou a Anamatra, em nota.

* O Banco do Brasil argumentou que o público-alvo do evento atende a seus interesses mercadológicos, pois os juízes são clientes com bom poder aquisitivo. “Além disso, o banco tem folhas de pagamento, entre outros negócios, com diversos Tribunais Regionais de Trabalho, incluindo o de Pernambuco, que geram rentabilidade muitas vezes superior ao patrocínio a este evento” - explicou o BB.

* A Secretaria de Turismo de Pernambuco informou que, procurada pela Anamatra, "julgou pertinente oferecer a banda de frevo para divulgar a cultura local, já que há no evento juízes de todo o Brasil e eles são turistas em potencial".

* A Chesf não se pronunciou.

Leia a matéria na íntegra, na origem.

O inacreditável aeroporto de Gibraltar

Muitos se queixam dos aeroportos no meio da cidade, sobretudo daqueles mais antigos e obsoletos, situados no meio de áreas densamente urbanizadas. Falam de poluição e de congestionamento do tráfego e não sem razão. Mas o aeroporto de Gibraltar é um caso extremo: localiza-se no coração da cidade e, além de tudo o resto, provoca um congestionamento de trânsito bem real.
 Aeroporto de Gibraltar
Único no mundo, o aeroporto de Gibraltar situa-se a cerca de 500 metros do centro da cidade. A sua pista de aterragem confunde-se com uma vulgar avenida e, na verdade, apenas a largura excepcional e o facto de terminar no mar a distingem do restante sistema viário. Carros e outros veículos utilizam-na no dia-a-dia, cruzando-se com aviões que aterram e lavantam voo. Parece mentira mas não é.
O actual aeroporto começou sendo uma pista de aterragem de apoio à força aérea inglesa durante a Segunda Guerra Mundial. Gibraltar era então, como agora, uma colónia em território espanhol directamente dependente do Ministério da Defesa britânico, estatuto que tem dado origem a grandes conflitos diplomáticos entre os dois países. Finda a guerra, continuou a ser usado como base aérea e também para voos civis exclusivamente para Inglaterra. O aeroporto cresceu e a sua pista foi prolongada pelo mar dentro, em águas territoriais espanholas, o que aumentou ainda mais a tensão já existente. Ao longo destes anos todos a cidade também foi crescendo...
 Aeroporto de Gibraltar
Actualmente a pista do aeroporto cruza-se com a avenida Winston Churchil, uma importante via de ligação ao centro da cidade. É vulgar o semáforo ficar vermelho e os carros pararem para que um avião aterre ou levante voo, o que demora em média cerca de 10 minutos. Porém, em certos dias esta operação pode subir para duas horas, o que provoca um certo desespero nos condutores em espera.
Mas talvez nem tudo seja mau. Quem gosta de aviões, por exemplo, poderá sempre aproveitar e admirá-los de perto sentado comodamente no seu carro. Imagine-se a sensação de ver um enorme avião passar na estrada à sua frente: nem todas as crianças têm o privilégio de comentar isto com os seus colegas nos bancos da escola, especialmente se se tratar de um caça supersónico! Além de tudo o mais, que se saiba nunca houve nenhum acidente resultante de uma colisão entre um avião e um automóvel. É que aqui ninguém se atreve a passar um sinal vermelho...
 Aeroporto de Gibraltar
 Aeroporto de Gibraltar
 Aeroporto de Gibraltar
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Editora Abril é condenada por invasão de privacidade

A Editora Abril deve indenizar a filha da atriz Cláudia Abreu por invasão de privacidade. A decisão é da 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O relator, desembargador Marco Antônio Ibrahim, citou casos em que a invasão de privacidade de celebridades já causou diversos males a estas pessoas, inclusive a morte.
De acordo com os autos do processo, a atriz foi procurada pela revista Contigo para fazer uma reportagem sobre seus 20 anos de carreira, porém recusou o convite. Mesmo após a recusa, uma reportagem foi publicada com a atriz e sua filha, na época com cinco anos, na capa da revista com o título de Os 20 segredos de Cláudia Abreu. Em reportagem da revista Contigo, foi identificado o colégio onde a menor estudava, a rotina diária da atriz, fotos de ambas, além de fatos que a atriz afirma não serem verdadeiros sobre sua família.
"Se se considerar que a autora vive numa das cidades mais violentas do mundo, com índices alarmantes de roubos e assaltos que já vitimaram, aliás, diversos apresentadores de telejornal, atores e diretores, verifica-se que houve infração à intimidade, a vida privada, a honra e a imagem da pessoa, o que lhe assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação", disse o relator. Cabe recurso.
No acórdão que condenou a editora ao pagamento de R$ 10 mil por danos morais, o desembargador Marco Antônio Ibrahim citou diversas consequências negativas que uma reportagem como a que foi veiculada poderia causar a Claúdia Abreu. "A auri sacra fames da imprensa sensacionalista já levou à morte uma personalidade de expressão mundial em brutal acidente ocorrido em Paris e, mais recentemente, deixou à mostra sua faceta orwelliana no episódio do tablóide britânico News of the World em que ficou provada a ocorrência de escutas telefônicas criminosas para ilustrar sortidas matérias jornalísticas”, concluiu o desembargador. Com informações da Assesoria de Imprensa do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Processo 0080274-36.2006.8.19.0001
De: Consultor Jurídico

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Marcelo Freixo não precisa inventar histórias

O valente deputado Marcelo Freixo (PSOL), não precisa inventar histórias para se promover. Ele já é reconhecido como defensor dos Direitos Humanos e inimigo das milícias e do crime organizado a partir dos agentes do próprio Estado. Eu sou um dos admiradores do seu trabalho.
Nesta semana, correu o país a notícia de que o deputado estaria sofrendo uma espécie de exílio, patrocinado pela Anistia Internacional, em função das ameaças que vem sofrendo.Buscando informações, vê-se que a situação não é bem assim. O deputado foi convidado para uma série de palestras na Europa. Nas palestras, tratará sobre o combate às milícias no Rio de Janeiro, tema que vem mobilizando internacionalmente os defensores dos Direitos Humanos.
O esquema de segurança pessoal do deputado (que é um direito seu e dever do Estado) não parece estar em questão, isso dito pelo próprio deputado e pela Anistia Internacional. O que ele contesta e, parece-me, com razão, é a leniência do poder público com a ação milícias, o que estaria levando à facilitação das fugas e falta de combate efetivo à ação das mesmas.
Resumindo: o deputado é um defensor dos Direitos Humanos, está sendo ameaçado e deve ser protegido e o Governo do RJ, como cobra a Anistia Internacional, deve cumprir as determinações da CPI para livrar o Rio do crime organizado por policiais. Porém, Freixo não está saindo do país na condição de "exilado temporário".
Não é desinformando a população que se estará fortalecendo a luta pelos Direitos Humanos.

domingo, 30 de outubro de 2011

Haverá faxina na ONG das vassouras?

A ONG Viva o Rio, que atua no combate à corrupção, estaria sendo investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 14 processos sobre a aplicação de recursos federais. Em um deles, a ONG recebeu verbas públicas para atender 50.248 crianças, em um programa do Ministério do Esporte, mas auditores do TCU só encontraram 34 mil  crianças cadastradas. As informações foram divulgadas na coluna de Cláudio Humberto no Jornal do Brasil.
Acontece... Mas em setembro, a entidade fincou, no gramado em frente ao Congresso Nacional, 594 vassouras nas cores verde e amarelo (foto), uma para cada deputado federal e senador. Segundo Antônio Carlos Costa, presidente da organização, explicou à época, que o protesto foi simbólico por uma  limpeza no Parlamento brasileiro e pela instalação do voto aberto em processos de cassação. “A vassoura simboliza a exigência da sociedade de que o Congresso esteja ao lado do povo no combate à corrupção no Brasil”, disse o presidente da ONG, Antônio Carlos Costa.

A estratégia política do denuncismo - Luis Nassif

É curioso como está se processando o xadrez político. Em muitos aspectos, lembra bastante o pré-64 - o que não significa necessariamente que o desfecho será o mesmo.
Dilma assumiu pretendendo acabar com a polarização política dos últimos anos. Fez acenos em direção aos jornais, colocou-se acima dos partidos e do próprio PT, afastou-se dos sindicatos - no início, com imprudência, depois com cuidado - e da blogosfera.
Um dos pontos centrais da sua estratégia foi o de aceitar as denúncias contra Ministros. Fez como o lutador de judô que calibra o golpe aproveitando o embalo do adversário.
Nas primeiras rodadas, acumulou pontos. Na sequência, o jogo está indefinido. Essa estratégia fortaleceu o denuncismo de forma nunca vista desde a campanha do "mensalão". Aparentemente a presidente saiu ilesa, por não estar no centro do fogo que está consumindo seus ministros.
Só aparentemente. O ímpeto redobrado com que a velha mídia coloca os ministros em fila e os vai fuzilando conseguiu criar no seio da classe média midiática o mesmo clima do "mar de lama" de Getúlio e Jango.
Repito: não significa que o desfecho será o mesmo. Significa que o cadinho de cultura para um golpe é o mesmo.
Por que se usa a palavra "golpe" com tanta semcerimônia? Pela relevante razão de que, quando se adota o "denuncismo" como estratégia política única, o caminho democrático só é viável quando se tem um candidato competitivo empunhando a bandeira - como Jânio Quadros, por exemplo. Nas circunstâncias atuais, não existe um Jânio no meio do caminho da oposição.
Assim como em 1964, não há uma oposição política com musculatura, com projetos claros de poder, candidatos competitivos. José Serra é carta fora do baralho. Nos seus primeiros movimentos, Aécio Neves não mostrou estatura política. Geraldo Alckmin não conseguirá avançar além da província.
Candidatos de maior potencial - como Eduardo Campos - estão fora, por enquanto, do leque de alianças da velha mídia, além de ser de um Estado fora do eixo politico do sudeste. Resta o quê, então?
A história, quando se repete em tempo real, permite um estupendo aprendizado. A partir do que ocorre agora, é possível mergulhar no passado, intuir sobre o que foi o dia a dia político de outras crises, como as que tolheu Vargas e Jango, ou mesmo como teria sido a habilidade política de JK, toureando as diversas tentativas de golpes.
A história é um jogador de xadrez caprichoso, que vai utilizando as circunstâncias para redefinir o papel das peças do tabuleiro. Jornalistas, políticos, de história de lutas contra a intolerância, contra o arbítrio, de repente são colocados em um novo papel, intolerante, fora do reino das ideias, para se situar exclusivamente na tática de salientar a corrupção, no "mar de lamas", no perigo Chávez, utilizando o mesmo repertório que o grande Afonso Arinos - um oposicionista civilizado - considerava fora de moda em 1964.
Naqueles tempos, havia as Forças Armadas no fim da estratégia.
E agora? Confesso que não sei.
Numa ponta tem-se o avanço das novas mídias, novos grupos jornalísticos tirando a influência da velha mídia, novos jornais de papel, os portais exercendo um contraponto ao menos no reino da audiência e da publicidade.
Mas é inegável que a ideologia predominante do jornalismo formal ainda é pautado pelo pacto dos quatro - Globo, Abril, Folha e Estadão. E é inegável que, fora de períodos eleitorais, a opinião pública midiática permanece com inegável influência.
Por seu lado, a blogosfera ainda fala para uma militância. Faz o contraponto, desconstroi factóides, mas não forma opinião ainda, a não ser a dos convertidos.
Na física (ou na química) há determinados corpos em equilíbrio até que ocorre um fato qualquer que provoca o desequilíbrio. Esses movimentos mudam totalmente a força dos agentes internos.
O pilar do equilíbrio atual é o quadro econômico razoavelmente estável. Em caso de crise econômica - uma hipótese por enquanto (felizmente) fora do horizonte - esse cadinho de indignação plantado diariamente pela velha mídia terá desfechos imprevisíveis. Há amplo espaço no horizonte para a ampliação ilimitada da radicalização.
Será um belo desafio para Dilma Rousseff e seu maior aliado, Lula.