sexta-feira, 11 de março de 2011

Quem tem medo da verdade?

To gostando de ver muita gente se manifestando sobre a Comissão da Verdade. Muita gente não leu o projeto e já é contra, como é o caso de setores das Forças Armadas e aqueles que tem o rabo preso com a Ditadura Militar.
Comissões da Verdade são fundamentais para o reencontro de países com seu passado. São um instrumento de recuperação da memória histórica e superação de traumas produzidos por conflitos internos. No Brasil, os processos de transição são extremamente lentos. Da abolição do tráfico de escravos até a Lei Áurea, tivemos 38 anos, por exemplo. A transição do Regime Militar à democracia ainda não acabou. A instalação e regular funcionamento de uma Comissão da Verdade é uma condição para o fim desse processo.
Os militares reacionários e os apoiadores do regime autoritário querem apontar a Comissão como instrumento de vingança. Ora, leiam o projeto e verão que não tem nada disso. O texto é claro quando fala que o objetivo da Comissão é efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional. Muitos criticam essa parte do texto, pois desejavam uma Comissão que, além de resgatar a verdade, promovesse a justiça. Nesse ponto, o texto da Lei é igualmente claro ao dizer que "As atividades da Comissão Nacional da Verdade não terão caráter jurisdicional ou persecutório." O problema é que, diante das decisõs da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que colocou em questão o modo como foi concebida e praticada a Anistia no Brasil, muita gente teme que, identificados os agentes dos desaparcimentos, assassinatos e torturas, seja aberta uma brecha para a punição dos mesmos. Considero isso improvável. Desejável, mas improvável. De qualquer modo, a Comissão da Verdade não prevê isso; essa será outra batalha.
Os jornalões que acobertaram a ditadura juntam-se ao discurso de "evitar o revanchismo" e "esquecer o passado" para esconderem que eles próprios fizeram no passado. Aqueles que não cansam de dizer que a presidenta Dilma era guerrilheira, ou que Zé Dirceu treinou guerrilha em Cuba, falam em esquecer o passado. O problema é que não é pos´sivel esquecer o que não se conhece. Conhecer o passado, não apenas desse ou daquele, mas do Brasil, é um dever da cidadania.
Outro falso argumento é o de que deve-se apurar o que ocorreu "dos dois  lados". Ora, aqueles que participaram da luta contra o Regime Militar já foram investigados processados, presos, torturados, mortos, ou estão desaparecidos. A tortura e o desparecimento não eram legais nem na legislação da ditadura. Portanto, é justo que conheçamos quem prendeu, quem torturou, quem assassinou e quem "desapareceu" com corpos de cidadãos brasileiros.
Não existe nada mais subversivo que a verdade. Ainda que provisória e incompleta, a verdade sempre ilumina o caminho do futuro, ofuscando a violênica e vencendo o medo.
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João: 8:32). Tá na Bíblia. Quem tem medo da verdade?
Leia a íntegra do projeto de criação da Comissão Nacional da Verdade clicando aqui.

Mauro Zacher está entre os indiciados do ProJovem



Marchionatti Barbosa (e) e Nunes (d) garantiram acesso ao inquérito.
Foto:FREDY VIEIRA/JC

Luana Fuentefria, do Jornal do Comércio

A Justiça Federal confirmou nesta quinta-feira que o vereador do PDT e ex-titular da Secretaria Municipal da Juventude (SMJ) de Porto Alegre Mauro Zacher é um dos indiciados no inquérito que apura irregularidades no Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem).
O programa qualifica profissionalmente jovens em todo o País, com recursos do Ministério do Trabalho. Em 2011, Porto Alegre receberá um repasse de R$ 2,6 milhões relativo ao ProJovem. A verba é gerida pela SMJ, pasta que foi comandada por Zacher entre 2005 e 2007, na primeira gestão do prefeito José Fogaça (PMDB).
Os vereadores que integram a CPI da Juventude visitaram na manhã desta quinta-feira a 1ª Vara Criminal da Justiça Federal, na Capital gaúcha, onde questionaram se havia algum parlamentar entre os indiciados. O procurador federal José Alexandre Nunes confirmou que o nome de Zacher está no processo.
Questionado pela reportagem, o vereador do PDT afirmou que ainda não tem conhecimento do indiciamento. Ele acredita que deveria ter recebido o comunicado em 2007, quando esteve na Polícia Federal. Disse ainda que sequer sabe o motivo do indiciamento. De qualquer forma, já constituiu advogado.
Assim como os demais vereadores, Zacher deve conhecer detalhes do processo nesta sexta-feira, quando os documentos serão encaminhados ao juiz federal substituto Daniel Marchionatti Barbosa. Ele prometeu que dará prioridade ao encaminhamento e a cópia dos volumes deve chegar aos parlamentares no mesmo dia.
O presidente da CPI da Juventude, vereador Luiz Braz (PSDB), tentou incitar o procurador a revelar mais informações sobre o inquérito, se houve fraude ou não. Nunes respondeu que, por enquanto, irá se reservar em relação a juízos sobre o caso.
O procurador foi sondado por Braz para depor na CPI da Juventude. O contato formal deve ser feito em abril, quando Nunes já deve ter formado sua decisão sobre o processo.
A presidente da Câmara Municipal, vereadora Sofia Cavedon (PT), acompanhou o grupo da CPI na agenda na Justiça Federal e projetou que, com o acesso ao inquérito, o trabalho da comissão poderá deslanchar. "Os vereadores terão mais elementos para a investigação."
Sofia ainda elogiou a seriedade com que os vereadores estão trabalhando no colegiado, o que, conforme ela, contrasta com os denunciantes (Zacher e a deputada estadual e ex-vereadora do PDT Juliana Brizola), que não apareceram para depor.
Zacher garante que estará presente no depoimento marcado para a quinta-feira da próxima semana, às 20h, logo após a manifestação de Juliana Brizola.
Na segunda-feira, os vereadores da CPI da Juventude irão à Procuradoria-Geral do Município (PGM) para buscar documentos que não estavam na Secretaria da Juventude. Braz ainda sugeriu ouvir o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), pois o órgão é responsável por fiscalizar as verbas federais do ProJovem.

Mais um convidado a depor não comparece à comissão de inquérito

A CPI da Juventude teve a quarta ausência de depoente na sessão desta quinta-feira. O chefe de gabinete do vereador Mauro Zacher (PDT) e ex-coordenador do ProJovem no período em que o pedetista era secretário da Juventude, Rafael Fleck, enviou documento aos vereadores informando que somente comparecerá se for convocado judicialmente.
Fleck argumentou que, por ser denunciante, não pode comparecer a um processo que está correndo em segredo de Justiça sem esse tipo de chamamento. Fleck foi apontado pelo proprietário da DS Equipamentos de Sonorização, Douglas Burckardt, em depoimento na CPI no dia 24 de fevereiro, como autor das ameaças de morte que vem sofrendo.
A comissão, instalada na Câmara para apurar possíveis irregularidades na Secretaria Municipal da Juventude, já ouviu Burckardt e a ex-secretária-adjunta da SMJ Adriane Rodrigues.
A convocação do ex-secretário da Juventude Alexandre Rambo (PDT) também será feita por via judicial. Conforme o presidente da CPI da Juventude, Luiz Braz (PSDB), um novo chamamento foi feito a Rambo e, mais uma vez, não houve resposta. Além dele, os ex-secretários Juliana Brizola (PDT) e Zacher não compareceram às sessões. Juliana e Zacher devem ser ouvidos na próxima quinta-feira.
Na falta de depoentes, a reunião foi palco de críticas à CPI. O vereador Bernardino Vendruscolo (PMDB) pediu afastamento, alegando que não está se sentindo no papel a que foi designado. Ele se retirou da reunião sem ouvir a resposta do presidente e sem falar com a imprensa. Braz sugeriu que Vendruscolo indique um substituto do PMDB. O tucano acredita que o vereador saiu da comissão por não ver resultados no trabalho.
A sessão terminou com um bate-boca entre Mauro Pinheiro (PT) e o vice-presidente do colegiado, Idenir Cecchim (PMDB). Pinheiro contestou as três faltas sem justificativa de Cecchim - número limite de ausências em comissões. O peemedebista alegou problemas de saúde, pois tem diabetes.


Após três sessões, oposição quer avanços na CPI da Saúde

A terceira sessão da CPI da Saúde na Câmara Municipal de Porto Alegre nesta quinta-feira não teve quórum. Como nos outros encontros, dos doze titulares, apenas os vereadores da oposição estiveram presentes - Pedro Ruas (P-Sol), presidente da CPI, Airto Ferronato (PSB), Maria Celeste (PT) e Aldacir Oliboni (PT).
Até o momento, entre os integrantes da base aliada, somente o vereador João Dib (PP) compareceu a um encontro. Com isso, Ruas espera que na sessão convocada para esta sexta-feira, às 11h, ele possa excluir os sete parlamentares que tiveram três faltas consecutivas, conforme o regimento interno da Casa. São todos aliados do prefeito José Fortunati (PDT) e contrários à CPI da Saúde: Idenir Cecchim (PMDB), Sebastião Melo (PMDB), Mauro Zacher (PDT), Nilo Santos (PTB), Luiz Braz (PSDB), Paulinho Rubem Berta (PPS) e Waldir Canal (PRB).
"Com isso, vamos poder escolher o relator e o vice-presidente e começar a agendar os depoimentos", projetou Ruas. Para os governistas, os encontros que ocorreram até agora não tiveram validade pela falta de quórum. Eles também insistem na tese de que a assinatura da suplente Neuza Canabarro (PDT) - uma das doze parlamentares que apoiou o requerimento de instalação da CPI - não teria validade, e que o início do funcionamento da comissão deveria passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
"Está escrito no parecer da Procuradoria: a assinatura de um suplente vale quando ele assina o documento e este é protocolado durante o exercício do mandato do suplente. No caso da vereadora Neuza, ela assinou enquanto substituía o vereador Tarciso Flecha Negra (PDT), mas o ofício foi apresentado quando ela já não estava na Câmara", repetiu Dib.
Se um acordo para o caso não for obtido, a base aliada pretende acionar a Justiça na próxima semana para barrar a instalação da CPI. "A presidente Sofia Cavedon (PT) se precipitou. Havia dois recursos com efeito suspensivo e ela os ignorou. Vamos tentar solucionar aqui na Casa. Se não funcionar, vamos entrar com uma ação na Justiça", confirmou Dib.
A CPI da Saúde irá investigar o desvio de R$ 9,6 milhões apontado pela Polícia Federal durante a gestão do Instituto Sollus no Programa Saúde da Família (PSF).







Ação liberta trabalhadores de fazenda de sobrinho de deputado

"Alojamento" da Fazenda São Francisco
Duas fiscalizações no Mato Grosso libertaram 18 vítimas da escravidão contemporânea: 12 estavam na fazenda de funcionário do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que é sobrinho do deputado federal Carlos Bezerra (PMDB)

Por Bianca Pyl

Duas fiscalizações realizadas no Mato Grosso libertaram 18 vítimas da escravidão contemporânea. Um dos flagrantes ocorreu na Fazenda Aparecida, no município de Cláudia (MT), e o outro se deu na Fazenda São Francisco, em Primavera do Leste (MT). Esta última área pertence a Emanoel Gomes Bezerra Júnior, funcionário do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE/MT) e sobrinho do deputado federal Carlos Bezerra (PMDB).

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quinta-feira, 10 de março de 2011

Placa de acréscimo utilizada em GrêmioXCaxias


A placa indica o tempo de acréscimo
Queria ver se fosse um Flamengo X Grêmio e o Flamengo estivesse perdendo. O que diriam os imortais dirigentes?
Uma coisa tem que reconhecer,  a ideia da montagem é bem humorada
Tirei da @






O cursinho da Luciana

A "Veja" atacou o Emancipa, curso de preparaçaõ ao vestibular e ao Enem de iniciativa da ex-deputada Luciana Genro. Se a "Veja" ataca, já é um motivo para eu ser a favor. Acho positiva a iniciativa da deputada, que é semelhante a uma iniciativa existente em São Paulo, porém, como bom chato, permito-me fazer algumas observações:
1) O Psol é dono de criticar apoio de empresas a políticos (e a ex-deputada é uma política, no momento, sem mandato), pois isso comprometeria a independência dos mandatos e dos governos. Porém, o curso de Luciana é bancado por grandes empresas. Sabemos que a ex-deputada deverá concorrer e ser eleita vereadora de Porto Alegre, em 2012. A futura vereadora terá independência para votar questões que envolvam os interesses do Zaffari e da Multiplan? Eu até acho que sim, mas o Psol sempre acha que não, ao menos para os outros;
2) Há muito tempo que a "Veja" virou saco de pancada de qualquer pessoa com juízo. Luciana também bate na "Veja", no que tem razão. Porém, para apoiar sua ideia, destaca que o apoio ao seu projeto "se expressou inclusive na imprensa gaúcha, que através de vários comunicadores e jornalistas ajudou a divulgar o projeto pela sua relevância social". Ou seja, a imprensa gaúcha, agora, virou referência positiva para o seu projeto. E na hora em que a "imprensa gaúcha" resolver contestar o Psol e suas propostas, vai virar, novamente, imprensa burguesa, mentirosa e manipuladora?
3) Por fim, os critérios de ingresso no Emancipa são: menor e renda e melhor desempenho escolar.Aí, minha observaçaõ é conceitual. Por que alunos com desempenho escolar melhor terão preferência? Não seria mais coerente que o acesso se desse de acordo com a renda, mas independente da avaliação? Como serão comparadas avaliações produzidas por instituições diferentes e com critérios diferentes? No caso de haver mais candidatos que vagas (e é o que está ocorrendo) o melhor seria fazer um sorteio para definir quem ocuparia a vaga.
Tenho horror à "Veja" e desejo sucesso ao Emancipa. Então por que escrevi esse post? Porque sou um chato, mas, ao menos, procuro manter a coerência.

Advogado da CBF compara futebol ao BBB

Repercutiu mal na mídia a defesa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no caso da "máfia do apito" de 2005, diante da 17ª Vara Cível de São Paulo. O diretor jurídico da entidade, Carlos Eugênio Lopes, alegou que o futebol não possui interesse social relevante.
"E não tem mesmo. O que está havendo é uma distorção de uma parcela da imprensa que tem má vontade com a CBF e não quer entender a argumentação", reclamou em entrevista concedida ao Terra Magazine.
Segundo Lopes, "interesse social relevante" teria um derramamento de óleo na Baía de Guanabara, afetando desde o trabalho dos pescadores à saúde dos banhistas.
"Como no futebol, milhões de pessoas torcem apaixonadamente no Big Brother Brasil, mas isso não
representa um interesse social", raciocinou. "Não se pode confundir o alcance de uma multidão com motivo técnico-jurídico", insistiu.
Mesmo com as cifras milionárias decorrentes do futebol que movimentam a economia nacional, a adesão de grande parte da população e os próprios discursos da CBF para pleitear a sede da Copa do Mundo de 2014, Lopes minimizou a significância dos "jogos de futebol, mera atividade de lazer e entretenimento".
Porém, o juiz José Paulo Camargo Magano rebateu esse argumento em sentença publicada no dia 28/2: "O futebol está entre as práticas de maior expressão na sociedade brasileira, sendo certo que principal campeonato anual disputado entre os grandes clubes do país tem grande repercussão econômica e cultural".
Ele condenou a CBF, o ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho e o empresário Nagib Fayad a pagarem, juntos, R$ 160 milhões pela manipulação de resultados de 11 partidas da Série A de 2005. Pelo mesmo crime no seu campeonato estadual, a Federação Paulista de Futebol recebeu, ao lado de seu ex-árbitro Paulo José Danelon e Fayad, multa de R$ 20 milhões. Os réus podem recorrer das penas.
Outra referência de Lopes foi apontar o povo como "mal aparelhado intelectualmente" o cálculo atribuído ao IBGE, de 70% de analfabetismo funcional da população.
A suposta correlação entre ignorância e predileção pelo esporte acabou confrontada pelo juiz, que recorreu à ligação dos europeus com o futebol e dos EUA com o futebol americano.
O magistrado também refutou as alegações de Lopes de que sua entidade não influencia a escolha dos árbitros na Série A: "É de conhecimento geral que a CBF participa na escolha dos árbitros que atuam nos campeonatos por ela organizados, portanto, há, sim, prestação de serviços. O Estatuto Social da demandada disciplina a existência de uma comissão de arbitragem cuja finalidade é a de fiscalização".

Entenda o caso

domingo, 6 de março de 2011

McDonalds condenado mais uma vez

Tribunal Superior do Trabalho decide pela ilegalidade da jornada móvel

De acordo com a decisão, cláusula contratual deve ser invalidada, porque a atividade nessa condição é prejudicial ao trabalhador. De: Brasil de Fato

Nesta quinta-feira (03) o Tribunal Superior do Trabalho divulgou decisão contrária à jornada móvel e variável praticada pela rede de restaurantes fast food McDonald´s. A Oitava Turma do TST entendeu que a submissão do trabalhador a essa condição é prejudicial, assim, a cláusula contratual estabelecida pela rede que prevê este tipo de jornada deve ser invalidada.
Trata-se de uma decisão referente a uma ação ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho em defesa dos direitos dos funcionários do McDonald´s. Em primeira instância, o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, no Paraná, havia dado parecer favorável à jornada móvel e variável. O MPT entrou com recurso, que foi acolhido pelo TST.
O contrato de trabalho do McDonald´s estabelece que empresa decidirá o quanto o funcionário irá trabalhar. A cláusula determina que a jornada semanal não deve ser inferior ao mínimo de 8 horas nem ultrapassar o limite de 44 horas. Além disso, a remuneração será feita de acordo com as horas trabalhadas.
Com a decisão do TST, o McDonald´s fica obrigado a não utilizar mais este tipo de contrato, devendo substituir a jornada móvel por “jornada fixa, em todas as suas lojas, obedecendo-se as previsões constitucionais e infraconstitucionais”. Também fica estabelecida a garantia ao trabalhador do “pagamento do salário mínimo da categoria profissional, de acordo com a Convenção Coletiva de Trabalho, independentemente do número de horas trabalhadas”.
De acordo com o recurso apresentado pelo MPT, a jornada móvel e variável prejudica o trabalhador, porque o deixa à mercê da vontade do empregador, impedindo a organização de sua vida profissional, familiar e social, pela incerteza quanto ao horário que irá trabalhar e o valor que receberá de salário mensal.
A ministra Dora Maria da Costa, relatora do recurso do MPT na Oitava Turma do TST disse que ao convocar o trabalhador para os períodos de maior movimento e dispensá-lo em baixa temporada, quando o fluxo de clientes é menor, a empresa obriga o trabalhador a assumir os riscos do negócio que, na verdade, são de responsabilidade dela.
Segundo a ministra, “é bom para ambas as partes que a jornada de trabalho estabelecida em contrato seja certa e determinada, uma vez que o contrário atende apenas a necessidades empresariais e assim afronta o princípio de proteção do trabalhador, assegurado no artigo 9º da CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas](sic)”.

Cuba, online com o mundo?

O cabo de fibra ótica, que permitirá a conexão plena de Cuba ao sistema mundial de telecomunicações, começou seu caminho pelo leito do Mar do Caribe. Do litoral da Venezuela até uma praia a sudeste da ilha, o cabo deverá se estender por 1.600 quilômetros, em um projeto avaliado em mais de US$ 63 milhões.

Os benefícios práticos da operação, porém, estão garantidos: uma vez conectada através do cabo, Cuba deixará de depender da mais cara e lenta comunicação por satélite e terá velocidade de transmissão de 320 gigabytes em cada um dos pares de fibra ótica, o que aumentará em três mil vezes sua capacidade de transmissão de dados, voz e imagem. Além disso, o país poderá receber sinais de telefone e televisão.

Este projeto, sustentado pelos governos de Cuba, Venezuela e Jamaica, faz parte do Sistema Internacional de Telecomunicações Alba I e é um dos diversos programas de colaboração entre os países da região filiados ao bloco Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba). A conclusão deste empenho está prevista para os primeiros meses do segundo semestre e, então, se produzirá a faísca que colocará as telecomunicações do país no nível que hoje existe em quase todo o planeta. Ou “online com o mundo”, segundo o lema da Empresa Cubana de Telecomunicações.

Com relação a estes fatos e dados concretos, começam a surgir as mais diversas dúvidas sobre como essa capacidade de conectividade será administrada pelas autoridades da ilha, considerando a problemática relação que existe entre a sociedade cubana, a computação e a conexão ao ciberespaço.

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O primeiro paradoxo é a quantidade de equipamentos de computação de uso privado existente em Cuba, possivelmente uma das menores taxas do mundo em relação ao alto nível educacional e de informatização que tem o país. Até uns três anos atrás, a compra de computadores e outros componentes oferecidos por varejistas era proibida aos cidadãos cubanos, embora já se permitisse sua importação, também limitada por muito tempo (como também aconteceu com o telefone celular).

Esta barreira – vencida sucessivamente por alternativas como a de comprar o aparelho de um estrangeiro residente na ilha, ou de uma instituição cubana com licença de acesso a eles, ou, ainda, por meio de alguma empresa de capital misto – tinha (e tem) como segundo inconveniente o fato de um computador chegar a ser vendido a preços (mais de 500 CUC, os pesos conversíveis cubanos, cerca de 600 dólares) que são inalcançáveis para a maioria dos cidadãos que dependem de um salário estatal, em média de 25 CUC mensais.

Mais complexa ainda é a relação dos cubanos com as comunicações digitais. Até o momento em que ocorrer a conexão pelo cabo de fibra ótica, o país continuará dependendo unicamente da conexão via satélite, mais cara e lenta, pois a chegada da fibra ótica também foi embargada pelos Estados Unidos (apenas a 30 quilômetros do litoral cubano passa o cabo que une Miami a Cancún). Esta realidade prática e tecnológica é o que impede, até hoje, maior acesso dos cubanos aos benefícios da internet e à comunicação por correio eletrônico, ao qual o governo deu um “uso social” em instituições e centros de trabalho, acima do individual e privado.

É por essa razão que somente por meio de uma conta e um servidor vinculado a uma instituição do Estado ou do governo ou, ainda, a uma instituição reconhecida, os cubanos podem ter acesso a distintas formas de comunicação, como correio eletrônico sem saída internacional, ou do ingresso em uma rede interna (intranet) com entrada na rede internacional – somente no caso de pessoas (entre as quais me encontro) às quais foi concedido por razões de trabalho.

A nova conjuntura, que se abrirá quando acontecer a conexão de Cuba ao cabo de fibra ótica, mudará radicalmente (pelo menos por três mil vezes) a situação atual e, potencialmente, poderá permitir o acesso à rede a todos os interessados (e com possibilidades materiais de fazê-lo), uma vez vencida a dificuldade tecnológica que o impedia. Assim, em breve a relação dos cubanos com a comunicação digital dependerá apenas da vontade política com que o governo assumir estas realidades e os consequentes desafios que implicam para um país como Cuba um acesso mais aberto à informação e às comunicações.

Para uma sociedade moderna e contemporânea, o pleno ingresso nos canais informativos da rede é, mais do que uma realidade, uma necessidade na qual se empenha seu desenvolvimento. O mundo de hoje transcende a era industrial para entrar em uma nova fase histórica, a era digital, na qual muitos códigos econômicos, sociais e até políticos estão sendo transformados, revisados, deixados de lado, e o uso das comunicações cibernéticas desempenha um papel decisivo nesse processo de caráter global.

Em meio à política de reordenamento econômico desatado em Cuba, com as consequentes modificações que a economia (menos centralizada, mais aberta aos investimentos estrangeiros, com participação notável de capital privado) provocará na esfera social, a entrada plena dos cidadãos cubanos na rede das comunicações digitais representa (e representou sempre) um degrau de acesso para o presente e o futuro econômicos do país. O cabo aproxima-se da ilha e, com ele, fatos incontestáveis e perguntas a serem respondidas.

(*) Leonardo Padura é escritor e jornalista cubano.

Artigo publicado originalmente na Envolverde