Mesmo quando a gente já espera a notícia da morte de alguém sempre nos abala. Sócrates foi uma figura rara no futebol brasileiro. Possuía talento e inteligência acima da média, engajamento político, capacidade de criticar as estruturas podres da cartolagem nacional.
Como meus seguidores já sabem, já to velhinho. Lembro do Sócrates jogando no Botafogo de Ribeirão Preto, antes de ir para o Corinthians (todo mundo tem os seus defeitos) e liderar a tal "Democracia Corinthiana. É difícil entender como ele conseguia ser jogador profissional e estudar medicina e, mais intrigante, ser um grande jogador. Não sei se era um grande médico, mas foi secretário de saúde de Ribeirão Preto na primeira gestão de Antônio Palocci.
Tenho duas lembranças marcantes do "Dr. Sócrates". Por ordem cronológica, a primeira é a lembrnaça da Copa de 82. A derrota daquele time fabuloso mudou os rumos do futebol mundial. Sócrates, com a camisa 8, além de usar o calcanhar, jogava com a cabeça. A segunda lembrança é do compromisso do Dr., se houvesse eleições diretas em 84, ele não sairia do Brasil. Coisa rara um jogador condicionar sua carreira a um interesse geral. O fato é que Sócrates não precisou ficar.
Nos últimos tempos, a imagem de Sócrates era uma expressão de decadência física. Seus comentários ainda eram inteligentes, mas pareciam menos articulados. Aquela bandana na cabeça ajudava a compor a imagem de alguém que está fora do ambiente.
O Sócrates da vida privada parece ter feito mal a si próprio, o Sócrates da vida pública ofereceu aos brasileiros e brasileiras momentos de arte e emoção. Nunca vi o Sócrates de perto, como a maioria dos brasileiros, portanto, cabe lamentar a perda do homem público.
Assim é a vida, uma hora acaba.
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